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Álvaro Covões, A Sustentabilidade do Alive

Álvaro Covões, A Sustentabilidade do Alive

Nero

Em entrevista com a AS, Álvaro Covões, fundador da Everything Is New, faz a retrospectiva a mais de uma década do Alive.

Em 2007, os White Stripes actuaram pela primeira vez em Portugal. Em retrospectiva, foi a última oportunidade que havia para o nosso país receber a banda de Jack e Meg White. Resumindo uma longa história, após 10 anos de carreira, a relação entre a dupla de músicos começava a revelar sinais de deterioração, muito para lá daqueles provocados pelo divórcio entre ambos (desde 2000). Assim a digressão de apoio a “Icky Thump”, que se tornaria o último álbum da banda, tornar-se-ia também na última digressão.

No mesmo ano, os Beastie Boys actuaram também pela primeira vez em Portugal na última oportunidade que houve para o fazerem, durante a digressão “Mix-Up”, um curto périplo dedicado a presenças em festivais de Verão. Poucos anos depois, Adam Yauch morreria vítima de cancro e, sem um dos seus fundadores, os Beastie Boys apenas gravariam mais um álbum.

O denominador comum destes históricos concertos no nosso país é o Alive, antes Optimus agora NOS. Um sonho de Álvaro Covões que começou quando, em 1991, decidiu fazer profissão na indústria musical. Nessa altura, havia um concerto internacional de dois em dois meses e quando chegava o Verão aconteciam dois ou três concertos de grande envergadura, em estádio. Em 2007, já havia um par de festivais bem firmados no mapa dos megalómanos, mas arrancou um, criado pela Everything Is New, que rapidamente se estabeleceu como um dos mais credenciados festivais na capital portuguesa, do país e até a nível europeu.

Um festival que logo na sua segunda edição conseguiu juntar no mesmo cartaz Bob Dylan e Neil Young (ainda se recordam do extraordinário concerto do canadiano, da longuíssima e carregada de feedbacks interpretação de “Cortez The Killer”?) e na terceira edição já acolhia três palcos.

A primeira paixão é o evento. Não podes sacrificar o evento e a sua sustentabilidade por causa de nomes. Não pode mandar o coração. Se não houver dinheiro para os Beatles, não vêm os Beatles.

Ecléctico e sempre em expansão, o rock destaca-se normalmente com grandes nomes no cartaz. Bastará lembrar a programação de 2018 e verificar nomes como Pearl Jam (uma das bandas fétiche do Alive), Queens Of The Stone Age, Jack White, Nine Inch Nails, Alice In Chains ou Arctic Monkeys. Afinal, Covões considera que «Portugal é um país de rock». Talvez por isso, 2018 foi o terceiro ano seguido com bilheteira completamente esgotada.

Não são cometidas loucuras para trazer bandas de sonho, afinal o festival é a grande paixão e a sua continuidade e sustentabilidade devem ser sempre garantidas. Um dos segredos para isso está também no facto de todas as empresas que trabalham na produção (som, luz, backline, etc) serem portuguesas, após um primeiro ano em que a aposta foi diferente. «Serviu bem de lição», refere o nosso interlocutor para acrescentar a excelência das equipas que trabalham nesta indústria no nosso país.

Em entrevista com a AS, Álvaro Covões faz um balanço a mais de uma década do Alive e recorda que a ideia foi sempre criar um evento capaz de entrar no circuito dos maiores festivais europeus, promover a capital portuguesa e criar momentos marcantes para uma audiência que «vai ao Alive, principalmente, pela música».