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Mahavishnu Orchestra

Birds Of Fire

Columbia Records, 1973-01-03

EM LOOP
  • Birds Of Fire
  • Thousand Island Park
  • One Word
Nero

Ao segundo disco da Mahavishnu Orchestra, John McLaughlin criou um álbum perfeito, liderando uma banda perfeita.

Não raras vezes pomo-nos a imaginar line-ups perfeitos. Houve ocasiões na história da música em que eles aconteceram, ainda que momentaneamente. Em 1971 a Mahavishnu Orchestra formou-se liderada por John McLaughlin nas guitarras. A acompanhá-lo surgiam Jan Hammer [teclados], Jerry Goodman [violino], Rick Laird [baixo] e, principalmente, Billy Cobham [bateria].

“The Inner Mounting Flame” foi a estreia da banda, uma espécie de lua-de-mel em que tudo foi enamoramento pelas composições de McLaughlin. Mas depressa a excitante fusão jazz/rock da “Orquestra” começou a cativar a atenção de toda a gente, do jazz ao psicadelismo.

Com os olhos do mundo sobre a banda, “Birds of Fire” tornou-se num daqueles álbuns raros. Num canto do cisne. Todos os músicos estão a lidar com os focos do estrelato e a procurar mostrar, a cada momento, a sua tremenda valia. O que “Birds of Fire” tem a mais que qualquer álbum de virtuosismo instrumental é a coesão das composições exclusivas de McLaughlin, o que permite aos instrumentistas, por mais que se exibam, nunca perder visceralidade, nunca perder direcção. A excepção ao decorrer frenético do disco será, apenas, “Miles Beyond”, tema dedicado a Miles Davis que incitou McLaughlin a criar o projecto.

Essa agressividade advinha não só da competitividade entre os músicos, mas também decorria da maior sonoridade rock pela qual a Mahavishnu Orchestra optou. Após um primeiro álbum que foi como que um exercício de exploração no universo crítico do jazz, foi o mundo dos amplificadores a rebentar de gain que mais calorosamente acolheu a banda – que o diga Jeff Beck, que se apaixonou pelo estilo de Mclaughlin nesta altura.

Era como se os Deep Purple ou os Yardbirds fossem ainda mais “cromos”. A coerência e velocidade de solos harmonizados ou à vez de McLaughlin, Hammer e Goodman, isto quando Laird não dobra também as linhas melódicas, são de facto “pássaros de fogo” a percorrer um imaginário céu multi-colorido – sempre com a firmeza geológica das baterias de Cobham. O tema “One Word”… Ai, mãe!

Brevemente após “Birds of Fire”, a banda desintegrou-se e, tal como como em grande parte dos seus motivos líricos ou conceptuais, passou a “reencarnar” noutros line-ups.

Sempre sob o comando do genial McLaughlin, mas, ainda que mantendo pertinência, com o fogo a extinguir-se lentamente até ao final algo paupérrimo com “Mahavishnu” [1984] e “Adventures in Radioland” [1986], que não foram muito mais que um exercício de excentricidade e experimentação do seu mentor com as tecnologias do alvor do mundo digital, como o Synclavier ou Synth Guitar.