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Andy Mooney, CEO da Fender: «Vendas Durante Confinamento Salvaram Empresa Do Abismo»

Andy Mooney, CEO da Fender: «Vendas Durante Confinamento Salvaram Empresa Do Abismo»

Redacção

Ficar em casa durante meses fez com que muita gente comprasse instrumentos musicais. E isso, defende o CEO Andy Mooney, foi uma excelente notícia para a Fender numa altura em que a marca já estava a fechar fábricas e a fazer cortes salariais.

Numa entrevista ao site norte-americano de notícias de Economia Business Insider, o CEO da Fender Andy Mooney falou da incrível reviravolta no que à contabilidade da marca diz respeito, tendo a empresa sobrevivido a um grave susto financeiro depois de, durante a pandemia, ter vendido mais guitarras do que nunca. Depois de meses que resultaram em vendas-recorde de instrumentos, Mooney admite que a Fender passou algum tempo «a olhar para além do abismo» enquanto a pandemia da covid-19 fechava as suas fábricas no México e nos EUA.

Houve pessoal despedido e foram aplicadas ainda reduções salariais em todos os sectores, num processo que Mooney descreveu como sendo um «novo cometa» que atinge as operações da empresa todas as semanas: «Fizemos tudo para garantir que tínhamos dinheiro suficiente».

«Estávamos a olhar para além da beira de um abismo. Mas à medida que a cadeia de fornecimento foi sendo atingida, a procura de instrumentos aumentou à medida que as pessoas foram querendo passar o tempo ou trabalhar durante o encerramento. Beneficiámos mais do que a maioria. As encomendas começaram a chegar. Os concessionários começaram a relatar que o negócio era realmente bom», acrescentou.

Mooney sublinha que a empresa espera chegar aos 700 milhões de dólares em vendas em 2020, mais 100 milhões de dólares do que em 2019, o que só pode ser uma boa notícia se atendermos a que a pandemia devastou a indústria musical tal como a conhecemos.

NOVOS SERVIÇOS PARA MANTER PRINCIPIANTES

O próximo teste é ver quantos guitarristas novos se mantêm com o seu instrumento, pois, tal como Mooney revelou à MusicRadar, no ano passado, apenas um em cada 10 guitarristas principiantes se mantém com o instrumento para além do primeiro ano. «Como indústria, não temos problemas em atrair novos participantes. Temos é um problema de retenção de membros», frisou.

Num esforço para melhorar as suas hipóteses de persistir com o instrumento, a Fender lançou serviços tais como Fender Songs e a Fender Play. O segundo oferece um ambiente de aprendizagem online divertido para guitarristas de diferentes níveis, mas com um forte enfoque nas competências nucleares. Existem agora 980.000 assinantes do Fender Play. Um quinto dos guitarristas que aderiram à Fender Play tinha menos de 24 anos de idade, 70% tinham menos de 45 anos. Destes novos assinantes, 45% são do sexo feminino, acima dos 30% anteriores ao ataque pandémico de Março de 2020. O serviço não está ainda disponível em Portugal, mas há formas de contornar isso.

Justin Norvell, vice-presidente executivo da Fender Products, diz que a empresa está a tentar criar um sentido de comunidade para os músicos, permitindo que estes encontrassem o seu próprio caminho e levassem o seu instrumento a sério. «O caminho para se tornar um guitarrista é um caminho realmente difícil, se pensarmos bem. Sentimos apenas que era a nós próprios que competia inventar o caminho, criar o caminho. É preciso decidir que se quer tocar guitarra. Tens de decidir entre uma boa guitarra e uma má guitarra, diferentes especificações e opções, descobrir tudo isso, e depois trazes a guitarra para casa e não há realmente uma maneira de aprender».

Norvell lembra que «alguns aprendem de ouvido, alguns aprendem a ler música, alguns tocam as suas canções favoritas e descobrem-na, alguns aprendem com um amigo», rematando: «É tão difícil. Muitas pessoas desistem porque tocar guitarra é tão desafiante inicialmente, mas é recompensador em última análise. Sentimos apenas que nos competia inventar o caminho, criar o caminho».