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Bob Dylan: Há Livros que se Escrevem Sozinhos

Bob Dylan: Há Livros que se Escrevem Sozinhos

Pedro Miranda

É complicado conceber qualquer outro motivo pelo qual, face a um concerto como o dado na Altice Arena na semana passada, alguém se possa sentir traído por Dylan.

Nota: Não foi dada autorização para captar imagens do concerto.

Uma boa quantidade de fábulas (grande parte delas menos positivas) têm vindo a ser criadas em torno das performances ao vivo da figura incontornável que é Bob Dylan. Abundam na rede as descrições dos deploráveis espetáculos de Dylan do lado de cá da viragem do século, os depoimentos da sua voz para lá de irremediável e do modo como é incapaz de fazer jus ao material que o imortalizou na história da música – de tal forma que alguém que nunca tenha tido o privilégio de o testemunhar ao vivo, não resistiria a reduzir drasticamente as expectativas: uma coisa, e já vale por muito, é ver Bob Dylan em concerto, outra bem diferente é esperar de lá sair em êxtase.

Tratando-se de quem se trata, é um ponto de partida contra-intuitivo, antitético à carreira que o cantautor vem construindo há mais de meio século e cuja perseverança só pode ser explicada, presumimos, pela cada vez maior dificuldade em apanhá-lo em espetáculo. É complicado conceber qualquer outro motivo pelo qual, face a um concerto como o dado na Altice Arena na semana passada, alguém se possa sentir traído por Dylan. E não se trata apenas do argumento de que “a idade chega a todos” – ainda que esse seja um factor a ter manifestamente em conta – até porque, face a alguma pesquisa, não havia nenhum motivo para se esperar algo de diferente daquilo que se testemunhou no Parque das Nações: uma pequena retrospectiva dos mais memoráveis momentos da discografia secundária de Dylan, o inevitável apelo à sua época de ouro que se fez voz de uma geração, e uma “para-lá-de-saudável” fixação por Sinatra, a era do big band e o cancioneiro do Great American Songbook, o mesmo enamoramento que se tem feito sentir nas últimas léguas do seu percurso musical.

 

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