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Esquema do BOSS Metal Zone Apresentado Como Fórmula da Vacina Covid-19 Por Teorias da Conspiração 5G

Esquema do BOSS Metal Zone Apresentado Como Fórmula da Vacina Covid-19 Por Teorias da Conspiração 5G

Redacção

Os teóricos da conspiração partilharam o esquema do chip 5G que afirmam estar implantado nas vacinas da Covid-19, só que na realidade é o esquema para o pedal Boss Metal Zone. Vivemos tempos estranhos…

A noção de que as vacinas para a covid-19 serão utilizadas pelos governos de todo o mundo para seguir cada movimento da raça humana tem sido há muito um tema de discussão entre os aficionadas das teorias da conspiração. Mas agora surgiram novas ‘provas’ dos proponentes italianos da ideia, isto é, seriam provas, se não fosse um esquema do pedal da Boss Metal Zone.

Os teóricos da conspiração partilharam o esquema online, afirmando que representava o diagrama para o suposto chip 5G. O esquema apresenta uma secção rotulada “frequência 5G” – claramente a fonte do momento eureka de muitos teóricos – assim como os termos que os guitarristas entenderão por familiares: MT-2 Gain e Footswitch entre os mais reconhecíveis.

Mario Fusco, um engenheiro de software sénior da Redhat, detectou a desinformação e levou-a para o Twitter para a sinalizar.

«Aqui, em Itália, as pessoas começaram a partilhar esta figura alegando que este é o diagrama do chip 5G que foi inserido na vacina da covid», escreveu Fusco. «Na realidade, é o circuito eléctrico de um pedal de guitarra». Naturalmente, a imagem obteve algumas respostas bem humoradas, como a de um utilizador que escreveu: «Excelente. É bom saber que 5G depende de op-amps e cerca de 1n4148 díodos. A velha escola. Nada desse disparate digital e de microprocessador. Levarei uma em cada braço».

«Este é um Boss MT-2 Metal Zone e, confie em mim, não está a curar ninguém de nada, excepto talvez um bom timbre», escreveu outro utilizador daquela rede social. Portanto, se a teoria estivesse correcta, assim que fosse a tua vez, terias op-amps e díodos 1n4148 injectados directamente na corrente sanguínea. Isso não seria necessariamente mau, afinal…

BREVE HISTÓRIA DO BOSS METAL ZONE

Antes do MT-2, o HM-2 Heavy Metal foi lançado em 1983. Foi o primeiro pedal da BOSS a mandar-se para o selvático mundo da distorção high-gain, há quem diga que foi mesmo o primeiro verdadeiro pedal high-gain de sempre. O pedal foi aproveitado pelos Metallica no seu álbum de estreia, “Kill’Em All”, logo nesse abno de ’83. Todavia, apesar de ter ajudado a criar um dos maiores bastiões do thrash metal, o HM-2 sofreu com o contexto histórico. Os mega concertos de rock, o hair metal e a NWOBHM eram quem ditava a lei.

No entanto, longe do mega circuito norte-americano e do glam da Sunset Boulevard, estava a crescer um imenso negrume no underground do norte da Europa, o death metal sueco e, particularmente os Entombed. Formados em ’87, os Entombed desenvolveram a sua sonoridade em torno do HM-2, criando um som aclamado e copiado. Como? Além dos níveis demenciais de distorção do pedal, a secação de mistura apresentava dois potenciómetros, o “L” (para fazer sobressair ou abafar as frequências graves) e o “H” (que actuava da mesma forma para as frequências médias). Precisamente quando os médios eram cortados criava-se uma equalização “escavada”, com boost nos extremos graves e agudos das frequências, mas com os graves algo sufocados. Bom, para ilustrar a ideia nada como pegarem nos três primeiros álbuns dos Entombed, “Lef Hand Path” (’90), “Clandestine” (’91) e “Wolverine Blues” (’93).

Apesar de estar na origem de dois dos mais intensos estilos de música extrema, o pedal manteve-se longe do mainstream musical e do sucesso comercial. A sua produção foi interrompida em 1991. Acontece que, nesse ano o thrash metal atingiu o seu zénite, ou melhor os Metallica sentaram-se de vez no trono do hard rock e do heavy metal, através do seu álbum homónimo (aka Black Album). Também os Anthrax, outros dos Big Four, atingiram aclamação mainstream na colaboração com os Public Enemy.

Foi sol de pouca dura e o rock virou para o reinado dos Nirvana, com os ducados dos Pearl Jam, Soundgarden, Smashing Pumpkins, etc. Mas a produção de uma linha de pedais não se muda de um dia para o outro e a BOSS viu-se com o seu novo pedal em mãos, o MT-2.

É uma adaptação (a marca chama-lhe evolução) do circuito do HM-2, oferecendo os mesmos controlos de volume e gain. Bom, sejamos honestos, com ainda muito gain (de sobra), mas sem a mesma quantidade dos modelos originais da década de 80. Os controlos “L” e “H” deram lugar aos EQs “High,” “Mid” e “Low” com +/-15dB boost ou atenuamento. A sua grande arma é potenciómetro mid-frequency, que permite definir (entre os 200hZ e os 5khZ) qual o espectro de frequências mais afectado pelos ajustes do boost/cut. O que ser perdeu em selvajaria, ganhou-se em subtileza e personalização.

O MT-2 tem sobrevivido até aos nossos dias, teve reedição Waza Craft em 2018.