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Évora Anuncia Novo Festival Dedicado Ao Património Imaterial

Évora Anuncia Novo Festival Dedicado Ao Património Imaterial

Redacção

Já tem nome – IMATERIAL – já tem uma personalidade definida, já tem uma e identidade visual e tem estreia – em pleno – prevista para 2022, com palcos nos vários municípios envolvidos; mas já este ano avança uma edição especial, a acontecer em Évora, e há alguns aspetos sobre os quais se pode levantar o véu!

Imaterial trata-se de um novo festival em que a música assume um papel central, catalisador, mas cuja estrutura, dinâmica e linguagem coloca sob os holofotes o património imaterial nas suas diferentes manifestações. Um festival que celebra e pensa a música como expressão popular identitária de povos de todo o mundo e a coloca em diálogo com o património edificado do Alentejo Central.

Ao longo de 10 dias, na presença de músicos, especialistas, estudiosos, entusiastas, jornalistas e programadores, o IMATERIAL é o lugar privilegiado para as trocas entre diferentes culturas, entre passado e presente, entre património edificado e património que só existe nos saberes acumulados dos seus intérpretes, num apelo a que nos pensemos como povos irmãos, como coabitantes de um mesmo mundo vivo e em transformação. Em que as tradições nos ajudam a perceber quem somos, mas também quem poderíamos ter sido se tivéssemos nascido numa outra condição.

A edição especial de estreia do IMATERIAL acontece já este ano, de 18 a 27 de Junho, com centro nevrálgico em Évora (cujo centro histórico integra a lista de Património da Humanidade desde 1986). Mas nas futuras edições estende-se por uma série de outros concelhos do coração alentejano, com os quais as negociações já estão em curso. A par do envolvimento destes municípios alentejanos, o IMATERIAL conta ainda com a parceria da Fundação INATEL e, no seu horizonte a longo prazo, integra-se no desenho da candidatura de Évora 2027 – Capital Europeia da Cultura.

Como se lê num dos textos de apresentação, «o IMATERIAL parte da união entre o património tangível e o intangível para povoar a paisagem com encontros culturais que nos reconduzirão ao desígnio fundamental de escutarmos o outro e valorizarmos as diferenças enquanto motivo de fascínio e aproximação – nunca de afastamento. Na terra de uma expressão musical e social tão enraizada quanto o cante alentejano, o encontro com o fado e com outros géneros musicais de outras partes do mundo que sejam objecto de preservação e de valorização pela sua História, ocupará os diferentes palcos do Imaterial. Um pouco por toda a programação, dos concertos e da realização de uma conferência internacional às residências artísticas e ao estabelecimento de uma plataforma ibérica para contactos profissionais, a celebração dos costumes locais far-se-á sempre com esta convicção de que a música faz parte da paisagem, alimenta-se dela e devolve-lhe uma beleza inigualável.»

Os grandes impulsionadores do IMATERIAL – que assumem também a sua direção e a curadoria de algumas das iniciativas – são dois dos principais rostos da dinâmica cultural do país: Carlos Seixas (diretor artístico do Festival Músicas do Mundo, de Sines) e Luís Garcia (programador do Município de Évora, ligado a festivais como o ViváRua e o Artes à Rua).

Carlos Seixas destaca «um programa que mostra a diversidade criativa dos povos, as influências mútuas originadas pelo caudal secular das migrações, os artistas do presente que enriquecem e reinventam as memórias do passado. Uma oportunidade e um privilégio para mais um encontro profissional, com produção de conhecimento, troca de experiências e agendamento de futuras colaborações. Um festival que apresenta um cartaz paritário, colocando-se assim na frente de combate à desigualdade de género. Um espaço intercultural favorável a uma melhor compreensão das tradições e uma aproximação ao que será o verdadeiro som do mundo.»

Para Luís Garcia, «deste cais IMATERIAL de chegada e de partida, lugar de confluência dialógica entre arte, tradição, património e pensamento crítico, avistaremos a “Cidade Sem muros nem ameias (…) Cidade do homem Não do lobo, mas irmão Capital da alegria. IMATERIAL: sucessão de episódios, de encontros, que envolvem criação artística, músicas dos povos do mundo, diálogos interculturais e fruição do património, numa espécie de centrifugadora de emoções, sentires individuais e coletivos, tensão entre saberes transmitidos, memórias sedimentadas num passado cristalizado, e criação artística contemporânea, reescrevendo novas narrativas identitárias, despertando novas inquietações.»