Quantcast
A Trilogia de Grinderman

A Trilogia de Grinderman

Nero

Nick Cave confirmou que Grinderman 1 e 2 fazem parte de uma trilogia incompleta. O músico falou da sua paixão pelos King Crimson e confirmou a ideia de um terceiro disco. Mas ainda vai demorar.

Passeio Marítimo de Algés, 08 de Julho de 2011: Há muita gente que lamenta o afastamento de Blixa Bargeld dos projectos de Nick Cave, da perda da sua precisão emocional e da conquista da “porqueira” que Warren Ellis promove. Quem prefere Ellis só conseguiu sorrir no concerto no Alive. Munido duma Jaguar, do violino ou das suas famosas mini-guitarras, o músico obriga Nick Cave a suar sempre o palco para não ser ofuscado. Um concerto que chegou a roçar caminhos do submundo do rock, com momentos pesadíssimos e exploração de noise rock.

Ouvimos temas como “Heathen Child”, ai mãe… que groove, que baterias de Jim Sclavunos, juntas à solidez do baixo de Martyn Casey, que quando ligava fuzz nas suas linhas nos transportava simplesmente para o universo do sludge! Nick Cave afirma com um encanto chauvinista “I must above all things love myself” e ouvimos “No Pussy Blues”, mais vale só que mal acompanhado! O público pede encore e tem direito à versão de “Grinder Man Blues”, um original de Memphis Slim, que inspirou o nome da banda e à qual Cave acrescenta uma exortação interessante para considerar: “Two thousand years of christian history… baby, you got to learn to forget!”

Foi a última vez que ouvimos os Grinderman. Aliás, nessa digressão Nick Cave referiu, a certa altura, ser a despedida do projecto. Algo que o baterista Jim Sclavunos esclareceria, afirmando ser uma despedida não peremptória: «Quem sabe o que poderá acontecer daqui a cinco ou dez anos». Pois bem, nove anos depois do disco “Grinderman 2” e oito anos após terem passado no nosso país, foi o próprio Nick Cave a confirmar um terceiro álbum dos Grinderman.

Foi no seu blog que Cave referiu o primeiro e o segundo disco dos Grinderman são «parte de uma trilogia ainda por completar», avançou o NME. Cave fez essa afirmação em resposta a um fã que lhe perguntou quando havia sido a última vez que o músico havia sentido um tremendo orgulho em si próprio. Cave versou sobre a sua paixão por prog rock, particularmente pela complexidade do som dos King Crimson, e referiu que tem a esperança que a sua música tenha o mesmo efeito. Afinal os Grinderman são, segundo refere, extremamente influenciados pelos Kin Crimson e pela fase mais electrónica da discografia de Miles Davis.

Então referiu que a canção “Heathen Child”, dos Grinderman, que conta com a participação de Robert Fripp na sua versão extensa, o enche de orgulho, por espelhar essas intrincacias dos Crimson. O líder dos Bad Seeds, acrescentou esse importante detalhe sobre a trilogia de álbuns dos Grinderman na resposta, que podes ler em baixo:

«In 2010, Grinderman recorded a song called ‘Heathen Child’ for the Grinderman 2album (part of a yet to be completed trilogy, you might be happy to know) and we invited Robert Fripp to play on the extended version. This version, called ‘Super Heathen Child’, is Grinderman at their very best. I felt as though Grinderman was laying claim to their roots. Many music critics thought that Grinderman was a return to the sound of The Birthday Party, but I never understood that. From my own perspective within the band, Grinderman was much more influenced by the British progressive rock of my youth than anything else (except Miles Davis’ late electronic period, perhaps).»

É impossível prever quando chegará o suposto Grinderman 3, até porque Cave e os Bad Seeds se encontram a trabalhar no sucessor de “The Skeleton Tree”. Além de outros projectos orquestrais com Warren Ellis e a digressão “Conversations”, que terá lugar no Outono.