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Nick Cave Revela a Inspiração Para o Álbum “Carnage”

Nick Cave Revela a Inspiração Para o Álbum “Carnage”

Redacção

Com a criatividade bloqueada devido ao medo e dúvidas, consequência do isolamento imposto pela pandemia, Nick Cave confessa que “Carnage” partiu do esforço para ajudar um amigo, a quem é dedicada “White Elephant”, a canção que despoletou todo o álbum.

Nick Cave revelou que um desafio lançado por um amigo desempenhou um papel crucial na direcção criativa do seu álbum mais recente, ao lado de Warren Ellis, “Carnage”. O disco foi escrito durante o lockdown imposto globalmente na sequência da pandemia do coronavírus.

Reflectindo sobre este tempo numa edição recente do seu fórum Red Hand Files, Cave explicou que não tinha «nada na minha cabeça a não ser muito pavor e incerteza» e debateu-se com problemas na criatividade. Então, Cave acabou por reflectri sobre a inspiração para o álbum surpresa, revelando que o artista britânico Thomas Houseago teve uma enorme influência em todo o processo.

«A canção ‘White Elephant’ é dedicada ao escultor e pintor britânico, Thomas Houseago», revelou Cave. «Conheci Thomas em Los Angeles na altura do lançamento de ‘Ghosteen’ – um disco que Thomas adorava – e tornámo-nos amigos íntimos. Visitava o seu enorme estúdio em Frogtown, onde trabalhava nas suas esculturas gigantes e pinturas traumáticas, amplificações violentas da sua bela, mas perturbada alma».

Cave aprofunda a questão: «No início deste ano, pouco antes da pandemia, Thomas desapareceu do mapa. Nessa altura, já estava de volta a Brighton, e o seu súbito desaparecimento foi muito preocupante. Ele acabou por entrar em contacto alguns meses mais tarde – disse-me que tinha tido um colapso, mas com a ajuda de várias pessoas em Los Angeles, tinha começado o processo de se recompor. Disse que estava actualmente em Malibu a recuperar. Parecia subjugado, disse que estava a sair-se bem, mas que já não conseguia encontrar em si mesmo a arte».

«Foi numa altura em que estava a ter dificuldade em escrever as letras para o registo que se tornaria ‘Carnage’. Estava a passar o tempo sentado na minha varanda em Brighton, com o mundo a mergulhar no caos, com nada na minha cabeça a não ser muito pavor e incerteza. E assim, por telefone, fiz um acordo com Thomas – se ele me pintasse um quadro, eu escreveria-lhe uma canção. Senti que este desafio poderia dar-lhe o impulso para criar algo – descobri que, por vezes, pode ser útil afastares-te do processo criativo e fazer algo em prol dos outros. Pessoalmente, senti que poderia escrever uma canção para o meu amigo Thomas, mesmo que não conseguisse escrever uma para mim próprio. Nessa noite escrevi ‘White Elephant’ e enviei-lha».

Podem ler a publicação completa, aqui.

Depois disso, a criatividade disparou. Gravado durante o confinamento com o parceiro de longa data Warren Ellis, “Carnage”, o novo disco de Nick Cave, chegou no dia 25 de Fevereiro, depois do aviso prévio feito pelo compositor australiano no início do ano. Para já está disponível em streaming nas plataformas digitais, mas irá receber honras de edição física (CD e vinil) a 28 de Maio, através da Goliath Records.

Nick Cave descreveu anteriormente o álbum como «um disco brutal, mas muito bonito, apoiado numa catástrofe comunitária», com Warren Ellis a dizer que «fazer “Carnage” foi um processo acelerado de intensa criatividade», já que as oito canções «estavam presentes de uma forma ou de outra nos primeiros dois dias e meio».

Recorde-se que o disco anterior de Nick Cave and the Bad Seeds, “Ghosteen“, foi lançado em 2019, sendo que no ano passado, em pleno confinamento global, Cave realizou e partilhou o belíssimo e memorável concerto ao piano “Idiot Prayer: Nick Cave Alone at Alexandra Palace“.

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