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Pantera, Cowboys From Hell, Chris Cornell e o Vinho do Porto

Pantera, Cowboys From Hell, Chris Cornell e o Vinho do Porto

Redacção

Nas gravações do extraordinário “Cowboys From Hell”, dos Pantera, Phil Anselmo recorda como uma dica de Chris Cornell e um copinho de Vinho do Porto o ajudaram a acertar a dinâmica vocal nas sessões de estúdio.

O quinto álbum dos Pantera, “Cowboys From Hell” (1990), foi um ponto de viragem para a banda. Muitos fãs acérrimos dos irmãos Abbott (Dimebag Darrell e Vinnie Paul) só ciontam a sua discografia a partir do álbum anterior, “Power Metal”, quando Phil Anselmo ocupou o lugar de Terry Glaze.

Mas mesmo esse disco, com o trio sempre acompanhado pela solidez dos baixos de Rex Brown, embora tenha deixado para trás o som glam e heavy metal da banda, também está longe do groove que a banda fez nascer em “Cowboys…”, tornando o seu som verdadeiramente único e passando a expressar vincadamente a exuberância de Dimebag. Os texanos, com o vocalista de Nova Orleães, tornaram-se o poder dominante do metal norte-americano.

Neste disco, o primeiro numa major label, Anselmo recorda que «a mensagem era ‘Estamos aqui’. Mesmo que na altura que o tenhamos feito não soubéssemos que iríamos assinar com qualquer label ou tocar para gente em todo o mundo». A banda deu o que tinha e esforçou-se por ir buscar o que não tinha. Há muitas histórias insólitas em torno das gravações do disco, histórias que Anselmo e Brown, os músicos sobreviventes da banda, relembram em conversa com a Revolver.

No entanto há uma curiosidade intimamente ligada a Chris Cornell e a Portugal. Para criar a dinâmica vocal do tema “Cemetery Gates”, Phil Anselmo socorreu-se de uma dica do frontman dos Soundgarden que incluiu Vinho do Porto.

A canção mencionada é um dos melhores exemplos do espectro vocal de Anselmo, mas gravar o tema foi uma tarefa árdua. Apesar de sóbrio (ou tão sóbrio quanto possível nesses tempos loucos dos Pantera), Anselmo estava com dificuldades em atingir algumas das notas mais exigentes da canção. Descarregou inclusivamente a sua frustração numa cadeira. Escapando aos destroços do objecto, o produtor Terry Date decidiu intervir e partilhar uma dica que fazia parte do livro de regras de Chris Cornell nos discos de Soundgarden.

É Anselmo que recorda: «Disse que o vinho do Porto ajuda a dar carácter à voz, aquele timbre roufenho. Na verdade, ajudou até com as coisas mais agudas e com as limpas. Era uma truque que o Terry Date e o Chris Cornell haviam descoberto e o Terry partilhou essa sabedoria comigo. Aceitei a sugestão de bom grado. Afinal, quantos há por aí melhores que o Chris? Não são muitos».