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Record Store Day 2018

Record Store Day 2018

António Maurício

O evento internacional celebra as lojas de discos independentes com edições exclusivas, produtos promocionais e actividades. Vão haver novas edições de The National, Daughter, Mac Demarco, Sevdaliza, entre outros.

O Record Store Day (RSD) foi criado em 2007, depois de um encontro entre proprietários e funcionários de lojas de discos independentes. O objectivo era celebrar e divulgar estes estabelecimentos musicais, tal como a cultura que incorporam, e oficialmente o primeiro evento aconteceu no dia 19 de Abril de 2008. Actualmente, desenvolve-se no dia 21 de Abril e continua a ser uma celebração anual em todos os continentes (com excepção da Antárctida). Nesta comemoração são editados discos exclusivos (principalmente no formato vinil), vários produtos promocionais, e ainda são desenvolvidas actividades como concertos, conversas com artistas, desfiles, etc. Assim surgiram os embaixadores do RSD.

Os Metallica não ficaram indiferentes à iniciativa. Ficaram horas e horas na primeira edição (2008) a conhecer fãs na loja Rasputin Music, San Francisco. Esta atitude foi fortemente louvada, sendo agora adoptada anualmente por centenas de artistas em todo o mundo para concertos, autógrafos ou simplesmente conversas. Em 2009, Jesse Hughes (Eagles of Death MetalThem Crooked Vultures, Queens of the Stone Age) declarou-se o Embaixador do Record Store Day, como forma de divulgação e afirmação do prestígio do evento. Desde então, Joshua HommeOzzy OsbourneIggy Pop, Jack White, Chuck D, Dave GrohlMetallica e St. Vincent já vestiram a faixa cerimonial.

Este ano, o título é entregue a não um, mas dois artistas: El-PKiller Mike. A dupla intitulada como Run The Jewels já é veterana no campo musical, e cada artista desenvolveu vários projectos individuais anteriormente. Combinaram forças em 2013, depois de uma parceria que nunca mais se separou, e produzem um hip-hop agressivo que ataca tudo e todos ao mesmo tempo que reflecte sobre problemas sociais e políticos.


Edições e Lançamentos Exclusivos 2018

Para cumprir a tradição, vão ser editados discos exclusivos de inúmeros artistas. Podes ver a lista norte-americana aqui e a lista britânica aqui. Destacamos o lançamento de “Back In Black” dos AC/DC em cassete, “Mannish Boy b/w Trash Men” de Jimi Hendrix em vinil, “Juicy” do Notorious B.I.G em vinil ou “1991” de Prince em LP. Existem ainda lançamentos inéditos marcados para esta data como “The Calling EP” de Sevdaliza, “Monologue” dos Phoenix, “Boxer (Live in Brussels)” dos The National, “Old Dog Demos” de Mac DeMarco, “Music from Before The Storm” dos Daughter, “City Looks Pretty / Sunday Roast” de Courtney Barnett, e “Sky Full of Song” de Florence and the Machine. Os Led Zeppelin vão celebrar pela primeira vez o RSD (já demos conta do que a banda tem preparado para este ano).

Em Portugal, as edições exclusivas também não escapam. Os Mão Morta e os Lulu Blind vão reeditar discos que marcaram ambas as carreiras. “Mão Morta” foi originalmente editado pela Ama Romanta em 1998, e vai ser especialmente reeditado pela Rastilho Records neste dia 21 de Abril. Está limitado a 500 unidades, com edição numerada e vem em formato vinil colorido. Foi ainda restaurado graficamente, com supervisão do próprio vocalista Adolfo Luxúria Canibal. É também através da Rastilho que os Lulu Blind reeditam um dos seus grandes clássicos da década de 90, “Dread”. O disco cru, inocente e visceral que retrata os primeiros anos da banda foi produzido por Zé Pedro, a quem dedicaram uma mensagem especial em Janeiro:

«Estávamos em 1993, o Rock’n’Roll de garagem invadia Lisboa e o Jonhny Guitar. A atitude NevermindDirt e Goo era uma realidade sempre presente nas guitarras, nas calças rasgadas, nas camisas aos quadrados, penduradas à cintura de uma juventude sónica à procura do nirvana. Por cá, inspiravam-nos a Dizer Não de Vez com a Chuva Dissolvente. O Zé Pedro passa a Rita Hot Pussy no Vira o Vídeo da RTP e convidamo-lo para produzir o Dread. No primeiro dia em estúdio, o Zé olha para nós e diz: “Vou trazer a minha Tele americana para as guitarras soarem bem no vosso disco”. No final da maratona louca de produção do disco, aprendemos que não eramos só nós que tínhamos ficado amigos do Zé Pedro. Também ele, na sua enorme genuinidade, ficara nosso amigo, para sempre…»

Não existem dúvidas que as lojas independentes são tão importantes como necessárias. São locais onde podemos apoiar os artistas e desenvolver a comunidade musical. Num período onde os “gigantes” aproveitam-se de toda e qualquer cultura para encher os bolsos, faz todo o sentido apoiar negócios locais e legítimos. Vê abaixo as lojas de disco portuguesas que já confirmaram (segundo apurámos) participação no Record Store Day 2018, dia 21 de Abril:

Porto Calling | WahWah | X & Records | LOUIE LOUIE | Lucky Lux | CARBONO | Glam-O-Rama | Ouvir Devagar | Symbiose | Trem Azul Jazz Store | Vinil Experience | Vinyl Gourmet | Flur | Discoteca Rotação | CDGO | CDV-TUBITEK | Embaixada Porto | Piranha

As major labels, naturalmente, adoptaram também esta iniciativa como sua. Faz subir um pouco os preços, mas há edições que merecem destaque, como por exemplo, as reedições da discografia de Rodigo Leão, num trabalho conjunto da Universal e da Sony. No ano em que se comemora o 25.º aniversário do início da carreira a solo de Rodrigo Leão, a discografia integral de álbuns de estúdio do músico será editada em vinil, pela Sony Music Portugal, os primeiros discos de Rodrigo Leão (em duplo LP), todos eles inéditos neste formato com excepção de “Ave Mundi Luminar”. O disco de estreia “Ave Mundi Luminar” surge agora incluindo todos os temas do CD (que havia sido “amputado” para a edição em LP de 1993) e incluindo ainda como extra os temas do EP “Mysterium” gravados na mesma época. Os restantes três álbuns, “Theatrum”, “Alma Mater” e “Cinema” são editados em vinil pela primeira vez. Simultaneamente, três dos seus mais recentes álbuns, “A Mãe”, “A Montanha Mágica” e “A Vida Secreta das Máquinas” são editados pela primeira vez em vinil, pela Universal Music Portugal, dois deles em edição de duplo vinil.

E no ano em que Portugal recebe, pela primeira vez, o Festival Eurovisão, são reeditados pela Universal três singles com temas emblemáticos da História do Festival RTP da Canção, e lançados dois títulos com grafismo inédito, no total de cinco discos de sete polegadas com cinco dos intérpretes mais icónicos do Festival da Canção. No caso, “Da Li Dou” / “Gente Lá Da Minha Rua” (Gemini), “Bem Bom” / “Perfumada” (Doce), “Penso Em Ti, Eu Sei” / “Vem No Meu Sonho” (Adelaide Ferreira), “Uma Flor De Verde Pinho” / “No Teu Poema” (Carlos Do Carmo) e “E Depois Do Adeus” / “Flor Sem Tempo” (Paulo De Carvalho).