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RIP Waldemar Bastos

RIP Waldemar Bastos

Redacção
Reuters

O músico angolano Waldemar Bastos morreu, vítima de cancro, aos 66 anos, disse fonte do gabinete de comunicação do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola.

Nascido na província de M’Banza Kongo, ex-S. Salvador do Congo, na província do Zaire, no Noroeste de Angola, o cantor, galardoado com o prémio de New Artist of the Year nos World Music Awards em 1999, estava em tratamentos oncológicos há já um ano. Em 2018, o músico foi distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, a mais importante distinção do Estado angolano nesta área.

Apresentando-se com uma sonoridade que o próprio definia como “afro-luso-atlântica”, Waldemar Bastos foi também o único não fadista a cantar na cerimónia de transladação, no Panteão Nacional, em Lisboa, do corpo de Amália Rodrigues, de quem era amigo.

O seu último álbum, “Classics of my Soul” (2010) apresentou-o, em 2013, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com a Orquestra da Gulbenkian, num concerto que descreveu como um “encontro da música ocidental erudita com a música contemporânea de África“. Este trabalho discográfico, gravado com a Orquestra Sinfónica de Londres, sob a direção do maestro Nick Ingman, foi apontado como um dos álbuns do ano na categoria de world music pelo jornal francês Libération.

Quanto à sua vida, no período colonial, o músico foi preso pela PIDE, a polícia política do Estado Novo. Aos 28 anos mudou-se para Portugal onde editou o seu primeiro disco, “Estamos Juntos” (1983), ao qual se seguiu “Angola Minha Namorada” (1989) e “Pitanga Madura” (1992). Em 1997 publicou, pela etiqueta Luaka Bop, de David Byrne, “Pretaluz [blacklight]”, e dois anos depois foi distinguido, em Monte Carlo, no Mónaco, com o prémio de New Artist of the Year nos World Music Awards.

Discograficamente, editou, em 2004, “Renascence”, pela etiqueta holandesa World Connection. Sobre este álbum, a BBC referiu a “grande maturidade e até suavidade em muitas das faixas“. Em 2008, editou o álbum “Love Is Blindness”, em que gravou em inglês. Em 2018, o músico foi distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, a mais importante distinção do Estado angolano nesta área.

Waldemar Bastos vivia em Angola desde 1990, com a família, sendo pai de três filhas.