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Steve Vai: Tapping, Frank Zappa & Eddie Van Halen

Steve Vai: Tapping, Frank Zappa & Eddie Van Halen

Redacção

Numa conversa sobre a evolução da guitarra eléctrica, Steve Vai recorda a importância de Frank Zappa no instrumento e na sua carreira, afinal foi ele quem lhe mostrou a, na altura vanguardista, técnica de tapping, antes de Eddie Van Halen ter surgido com «uma épica transmutação da guitarra eléctrica».

Steve Vai foi recentemente convidado de Evan Ball no podcast Striking A Chord! (da Ernie Ball), onde falou sobre a sua carreira na música, desde os seus primeiros dias de formação como um entusiasta da teoria da musical do liceu, até à tutela de Joe Satriani que lhe mudou a vida. Depois construiu a sua reputação como integrante da banda de Frank Zappa então e chegaria Eddie Van Halen para virar do avesso a guitarra eléctrica.

Falando sobre as origens contestadas do tapping – uma técnica exemplificada e oficialmente canonizada em “Eruption”, o explosivo instrumental do primeiro álbum de Van Halen – Vai refere que foi em “Inca Roads”, malhão clássico de Zappa, que ouviu pela primeira vez alguém experimentá-la em registo discográfico.

«Dependendo de quem estiver a falar, ouvirás diferentes histórias sobre como surgiu o tapping», disse Vai. «Vais ouvir as pessoas dizerem: ‘Oh não, começou há décadas!’ Portanto, só posso contar-vos a minha recordação, a minha história. A primeira vez que ouvi pessoalmente o tapping foi numa canção de Frank Zappa. Foi na “Inca” Roads e ele usava a palheta e, de certa forma, batia o braço com a palheta, e esse era um dos meus solos preferidos. Era um solo longo e belo, de enorme entrega, gravado ao vivo em Helsínquia. Quando ouvi o tapping, fiquei: ‘Isto é fixe’. E comecei a fazê-lo, mas não era refinado e foi mais baseado na novidade. E depois, de repente, surge o Edward».

A visão musical de Zappa em breve teria uma profunda influência sobre Steve Vai. Aos 18 anos, Vai foi convidado a fazer uma audição para Zappa, que o considerou algo cru. Um par de anos mais tarde, acabou mesmo por entrar na banda, mas não sem forte diligência de Zappa, com uma sucessão de audições agendadas para ver se Vai estava pronto para o material e para a estrada.

«Foi duro», recorda Vai. «Ele era duro. Tive de passar por muitas mini-audições. Penso que a preocupação do Frank comigo era levar um miúdo de 20 anos em digressão. ‘Será que ele vai conseguir actuar? Será ele capaz de aprender toda esta música e tocá-la correctamente?’ Fui submetido a muitas pequenas audições diferentes. Lembro-me que havia esta passagem realmente difícil numa canção chamada “Wild Love”, uma peça composta com muitos polirritmos, e tive de lhe tocar isso ao telefone».

Steve Vai teve de aprender uma setlist de canções enquanto Zappa estava a juntar a sua banda para uma digressão de 1980, nos Estados Unidos. Quando chegou à audição, nenhuma delas foi pedida para ser tocada. «Ele tinha de ver se eu sabia como lidar com o meu som». Outras provas incluíram a aprendizagem do primeiro movimento de “Sinister Footwear” – «É impossível!… Puro terror!» – e a transcrição dos solos de guitarra de Zappa. «Ele passou-me um solo de guitarra para transcrever. E os solos de Frank tinham entre cinco e 10 minutos de duração. Transcrevi-o e disse: ‘Sabes, podia duplicar isso’. E ele disse: ‘Força’. Aprendi-o e fiquei realmente entusiasmado com todas estas coisas impossíveis que estava a conseguir fazer».

Finalmente, Vai conseguiu, juntou-se a Zappa no palco. Mas, explica, tocar com Zappa era mais do que uma questão de virtuosismo. Ensinou-lhe a apreciar nuances e a ser capaz de escolher a direcção a seguir. «O Frank construiu música sem olhar a meios. Aparecia com coisas escritas e dizia: ‘Toca isto! Ou pegava na guitarra e tocava crípticamente através de algo… Ele cantava algo para si. Qualquer meio necessário apenas para fazer passar a ideia e tu tinhas de estar preparado».

Podes ouvir a conversa completa aqui. “Zappa” é o nome do documentário sobre um dos maiores nomes da história do rock, realizado por Alex Winter, lançado a 27 de Novembro pela Magnolia Films, e que mostra a vida e obra do incrível guitarrista e compositor que foi Frank Zappa (1940-1993). Podes ver uma lista de coisas que aprendemos com o documentário, neste artigo.

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