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O Feiticeiro do Pinball

O Feiticeiro do Pinball

Redacção

A história de “Pinball Wizard”, o maior single de “Tommy”, a estrondosa ópera rock dos The Who. Elton John celebrizou a canção, mas Pete Townshend preferia que o papel tivesse entregue a Stevie Wonder.

Estávamos em 1969, o ano que se convencionou como o da origem do hard rock, quando os The Who editaram o seu imponente quarto álbum, a ópera rock “Tommy”. Composto maioritariamente pelo irascível guitarrista Pete Townshend,  o disco conta-nos a história de Tommy Walker, um jovem que, após um trauma emocional, entra num estado catatónico ficando surdo, cego e mudo.

Aclamado como o disco que fez explodir a fama dos The Who e como um dos trabalhos mais importantes na história da música rock, talvez tenha sido em 1975 que chegado o verdadeiro reconhecimento das massas, quando o álbum foi transformado em filme. Realizado por Ken Russell, o filme foi protagonizado por Roger Daltrey no papel de Tommy e conta com cameos dos outros elementos dos The Who. Além do impressionante rol de convidados como Elton John, Tina Turner, Eric Clapton, Arthur Brown e Jack Nicholson. O mais notório acabou por ser Elton John. O músico britânico foi eleito para representar o Pinball Wizard.

Townshend pretendia que esse papel fosse entregue a Stevie Wonder (algo que também seria digno de ser visto) e ficou desiludido quando o realizador insistiu e escolheu Elton John. Todavia, a sua desilusão terá dado lugar a regozijo. Afinal, a versão de “Pinball Wizard” do filme tornou-se um sucesso comercial estrondoso. Nessa sequência, Elton John (acompanhado pelos The Who) assume as vozes do tema numa versão inesquecível, uma fantasia de glitter, de circuitos electrónicos e glam, com a máquina de Elton John a possuir um teclado de piano em vez dos tradicionais “flippers”. Tommy, sem as distracções sensoriais, consegue vencer o duelo contra o feiticeiro do pinball.

Possuir uma máquina de pinball, para nem falar no modelo personalizado que Elton John usa no filme, pode ser algo caro. E jogar contra um adversário que não se distrai pode ser uma tarefa ingrata. Portanto, em vez de pinball, podem experimentar slots online, nunca se sabe.

No filme, Elton John está acompanhado pelos The Who, como referido, mas na banda sonora do filme esta versão é interpretada por si e pela sua banda de digressão da época. Aliás, toda a banda sonora foi regravada e é distinta do álbum original. O álbum original é mais cru.

Para o filme, por exemplo, Townshend optou por acrescentar os arranjos orquestrais que ficaram de fora do disco em ’69. Mas ao invés de orquestra foi usada sintetização de modo exaustivo. Além das vozes dos actores presentes no filmes, mais músicos convidados participaram nas novas sessões, incluindo Caleb Quaye, Ronnie Wood, Nicky Hopkins, Chris Stainton e John “Rabbit” Bundrick. Curiosamente, nessas sessões, Keith Moon estava comprometido com as filmagens de “Stardust”, portanto e apesar de ser ele a figurar nas cenas de “Tommy”, quase todas as baterias foram gravadas por Kenney Jones, que se tornaria no baterista dos The Who após a morte de Moon, em 1978.

Quanto a “Pinball Wizard”, Townshend chegou a referir-se-lhe como uma das coisas mais desajeitadas que escreveu. Os fãs nunca se importaram muito com isto e a canção, com o seu balanço pop e as cativantes melodias de piano, tornou-se numa das mais reconhecidas da histórica banda britânica, obrigatória em qualquer um dos seus concertos. A motivação para Townshend a escrever foi a lisonja.

Ainda na altura do álbum original, os The Who enviaram uma primeira versão do disco ao crítico musical Nik Cohn, que reagiu apreciativamente ao álbum. Townshend conversou com Cohn sobre o disco e concluiu que o sentido espiritual da ópera devia ser aligeirado, talvez tornando o seu protagonista bom em algum jogo. Sabendo que Cohn era um fanático jogador de pinball, Townshend criou a “Pinball Wizard” e Cohn acabou por declarar “Tommy” uma obra-prima.