Quantcast
Uso de Máscaras Aumentou Patologias da Voz dos Artistas

Uso de Máscaras Aumentou Patologias da Voz dos Artistas

Redacção

Rastreio gratuito para artistas e população em geral nos próximos dias 14 e 15 de Abril, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa.

O uso de máscaras imposto pela pandemia da Covid-19 aumentou o número de patologias da voz, sobretudo nos aparelhos vocais dos artistas. Este é o diagnóstico da otorrinolaringologista Clara Capucho, especializada na voz artística, que nos últimos meses tem atendido cada vez mais cantores e actores com problemas de disfonia – dificuldade para emitir a voz, rouquidão, falta de volume e projecção, etc. A ansiedade provocada pelo confinamento e a postura corporal em frente ao computador são outros dos factores que contribuíram para o agravamento da saúde vocal.

Dado que a voz é o principal instrumento de trabalho dos artistas, a Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz, que esta médica coordena, e a Fundação GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas irão lançar um inquérito para avaliar o impacto da Covid-19 no desempenho da voz de actores e cantores e ainda um rastreio gratuito aberto a toda a população.

A iniciativa irá assinalar o Dia Mundial da Voz 2021 – 16 de Abril – este ano sob o lema “Um mundo, muitas vozes”. A informação recolhida será utilizada num estudo científico sobre o impacto da Covid-19 nos desempenhos vocais dos artistas. A GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas é a entidade que em Portugal gere os direitos de propriedade intelectual de músicos, actores e bailarinos. A Fundação GDA é o seu meio de acção para valorizar o trabalho dos artistas e promover o seu desenvolvimento humano e cultural e a sua protecção social.

«O número de pacientes diagnosticados com disfonia por tensão muscular tem aumentado desde Março de 2020, quando as autoridades de saúde recomendaram o uso de máscaras como medida essencial para reduzir os riscos de contágio por Covid-19. Ainda que importantes para travar a propagação do vírus, a utilização de máscaras tem agravado as patologias associadas à voz», afirma Clara Capucho, conhecida na comunidade artística como “Dra. Voz”. «O aumento do esforço para a emissão vocal – provocado pelas máscaras, pela ansiedade e pela postura em frente ao computador – conduz a uma tensão muscular na zona cervical, dos ombros e do próprio aparelho vocal, resultando muitas vezes numa disfonia por tensão muscular. Essa tensão é tão intensa que, em certos casos, acarreta graves prejuízos vocais».

Segundo Luís Sampaio, vice-presidente da GDA, «os artistas estão a ser severamente fustigados com os efeitos causados pela pandemia da Covid-19, tais como a limitação das actividades culturais e o cancelamento de espectáculos. Mas, apesar desta paragem, não podem descurar aquele que para muitos é o principal instrumento de trabalho: a voz!», afirma. Para Luís Sampaio, «é fundamental que os artistas tenham cuidados preventivos de saúde que identifiquem e tratem patologias do aparelho vocal, mantendo-o apto para as exigências que o regresso do seu uso profissional no pós-pandemia irá colocar».

A Fundação GDA irá enviar a todos os seus cooperadores um inquérito online para avaliar os níveis do desconforto vocal dos cantores e actores. Após recolhidos, os dados serão remetidos à Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz, que pertence ao Centro Hospital de Lisboa Ocidental – CHLO, em Lisboa, que irá avaliar os sintomas e, posteriormente, reencaminhar os casos graves para consultas ou rastreios. A equipa de Clara Capucho irá depois utilizar os resultados do questionário na elaboração de um estudo científico sobre os efeitos das máscaras anti-Covid-19 na voz dos artistas em Portugal.

Rastreio da voz no Hospital Egas Moniz

A Fundação GDA e o CHLO irão promover, nos dias 14 e 15 de Abril, os rastreios da voz dirigidos à comunidade artística, mas também abertos a toda a população de forma gratuita. A iniciativa irá decorrer na Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, entre as 9h00 e as 16h00.

«Os rastreios servem precisamente para perceber se existe algum desconforto vocal e ajudar preservar a voz», afirma a coordenadora da unidade, Clara Capucho. «Estes atendimentos serão também ocasião para dar conselhos sobre os cuidados que os artistas deverão manter para preservarem uma boa saúde vocal, principalmente enquanto durar a obrigatoriedade de uso de máscara e houver confinamentos».

Este ano, devido à pandemia da Covid-19, os artistas interessados devem inscrever-se previamente, preenchendo um formulário no site da Fundação GDA. A restante população deverá contactar a Unidade da Voz do CHLO. Todos os participantes no rastreio serão previamente convocados pelo Hospital Egas Moniz para realizarem o teste à Covid-19.