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Van Halen, “5150” (A Glória sem David Lee Roth)

Van Halen, “5150” (A Glória sem David Lee Roth)

Nero

Na ressaca do estrondoso sucesso de “1984” e da saída de David Lee Roth, Eddie e Alex Van Halen, Michael Anthony e um vocalista recomendado pelo mecânico do guitarrista, criaram “5150” – o primeiro disco da banda a tornar-se #1 na Billboard.

Sammy Hagar entrou para os Van Halen e trouxe uma nova vertente emocional à banda, em detrimento dos innuendos provocantes nas letras de David Lee passou a haver um sentido mais romântico – a banda foi alvo uma vez mais de algumas críticas devido a isso, contudo Hagar cedo mostrou que não seria por si que os Van Halen deixariam de ocupar o lugar que haviam conquistado.

Na mesma altura, David Lee Roth juntou-se a nomes como Billy Sheehan e Steve Vai e gravou “Eat’em And Smile”. Há um mito de que o título seria uma provocação a Michael Anthony e aos irmãos Eddie e Alex, que teria resposta no álbum seguinte de Van Halen com o peculiar título “OU812” [Oh, you eight one two].

Mantendo sempre um bom ritmo de trabalho e com a voz de Sammy Hagar, a banda ainda editou mais dois álbuns, “F.U.C.K.” e “Balance” [cuja digressão fez a banda passar pela única vez no nosso país]. Não é consensual, mas talvez com menos agressividade, a técnica de Eddie no instrumento estaria mais abrangente e mais desenvolvida que nunca. Aliás, nesta altura o guitarrista juntou-se à Peavey para desenvolver as suas guitarras e amps próprios [Dez anos depois criaria a sua marca, a EVH Gear].

Mas voltemos aos primeiros tempos de Sammy. O primeiro disco foi “5150”, cujo título presta homenagem ao estúdio de Eddie, que por sua vez se refere ao código das forças de segurança para referir alguém com distúrbios mentais.

Comercialmente, se “1984” foi um sucesso estrondoso (nunca foi #1 nas tabelas da Billboard, pois essa posição foi ocupada por “Thriller”, de Michael Jackson) e permanece como o álbum de Van Halen mais reconhecido pelas massas, “5150” atingiu mesmo a primeira posição nas tabelas comerciais dos EUA, sendo o primeiro álbum da banda a conseguir tal feito, só repetido em ’95 por “Balance”. A capa escolhida é fenomenalmente elucidativa. A fama mundial da banda era colossal e a segurá-la estava o trabalho feito em estúdio, não nos fogos de artíficio mediáticos.

Neste disco não há “Jump”, “Panama” ou “Hot For Teacher”, mas “Why Can’t This Be Love”, “Dreams” ou a balada “Love Walks In” também entraram, via rádio, em muitas casas. Depois, para os fãs da ferocidade com que a guitarra de Eddie se propunha a dissecar a corrente eléctrica, o álbum arranca com a fenomenal “Good Enough”, que deixa imediatamente claro que, apesar da saída de Roth, a banda se mantinha no auge das suas capacidades. Depois, se alguém se recorda de uma malha mais rápida que “Get Up”, que nos atire a primeira pedra.

Aquela doçura de dedilhados ritmados tão idiossincrática de Eddie em “Summer Nights”… Verdadeiramente “Best Of Both Of Worlds”, aproveitando o título deste magnífico boogie. E o tema título que é, somente, um dos melhores de sempre na discografia dos Van Halen. A terminar, há “Inside”, tema bastante singular nessa mesma discografia.

A AS, vale a pena recordar, trata-se da única publicação portuguesa a ter realmente entrevistado Edward Van Halen.

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