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Viriatada Novembro #3: Club Makumba, Carlão, Cörte Real, April Ivy, Entre Outros

Viriatada Novembro #3: Club Makumba, Carlão, Cörte Real, April Ivy, Entre Outros

Redacção

Mais uma semana, mais uma ronda de Viriatada, o espaço que a AS dedica aos lançamentos da música portuguesa.

A música nacional merece ser partilhada. Existem novos lançamentos todos os dias, todas as semanas, todos os meses, e qualidade é coisa que não falta! A nossa rubrica Viriatada reúne alguns dos destaques da música portuguesa todas as semanas. Poupamos-te o trabalho, só tens de visitar a Arte Sonora, conhecer, ouvir e partilhar.

CLUB MAKUMBA – “Migratória”// Club Makumba é um dos mais recentes projectos musicais da cena cultural actual. Teve origem na parceria criada entre as guitarras de Tó Trips (Dead Combo, Lulu Blind, entre outros) e a bateria e percussões de João Doce (Wraygunn), a que se juntam agora o saxofone de Gonçalo Prazeres e o contrabaixo e baixo de Gonçalo Leonardo. Club Makumba é um exercício livre, espontâneo, experimental e tribalista. Abre a janela para uma viagem pelas sonoridades do Mediterrâneo e pela África imaginada, para uma música sem preconceitos e sem fronteiras. O primeiro disco de Club Makumba teve os seus planos de saída atrapalhados pela pandemia, mas tem agora a data de lançamento marcada 21 de Janeiro de 2022, com concerto de apresentação já agendado para 27 de Janeiro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. «“Migratória” éum tema de resistência de dança com raiz mediterrânica. Um hino dedicado a todos os que tentam uma vida melhor nestas margens ocidentais, negligenciados por uma Europa cada vez mais fechada em si própria. Este é o nosso som, dançar como acto de resistir!»

CARLÃO – “1986”// Carlão divulgou o seu mais recente single e respectivo vídeo. «Em 1986 apaixonei-me pela primeira vez. Essa paixão cresceu, prosperou e multiplicou-se num sem número de rebentos orgulhosamente diferentes entre si. O nosso namoro está hoje mais robusto do que nunca e acredito que nos nutriremos um ao outro até ao fim dos dias. A canção que agora por aqui partilho, feita a meias com o homem que nos apresentou, é uma espécie de carta aberta onde revisito alguns momentos da nossa imensa história.»

STORM FACTORY – “Corporeal”// Storm Factory dá o nome à colaboração entre a italiana Giulia Gallina e Rui Maia. A dupla apresenta agora o single de estreia “Corporeal”. Este projecto e a sua sonoridade traduz-se numa simbiose singular entre o experimentalismo e as texturas ambientais e sintéticas de Rui Maia com o piano de Giulia Gallina. A música de Storm Factory resulta nesta aglutinação, entrelaça o estilo neoclássico e minimalista com a eletrónica contemporânea e abstrata.,As composições da dupla evocam viagens a terras distantes por mares desconhecidos, abrindo as janelas da imaginação para um mundo de mitos e linguagens diversas.mEm “Corporeal”, a primeira faixa que o duo revela e que serve assim de cartão de visita, percebemos que o carácter contemplativo e introspetivo é o fio condutor de todo este projeto, apelando a um imaginário onirico e cinematográfico. Este imaginário que não só é idealizado ao ouvir “Corporeal” como se concretiza em forma de vídeo no teledisco oficial deste primeiro single de Storm Factory e que foi editado pelo próprio Rui Maia. O video acompanha a dança de uma bailarina por paisagens domésticas e citadinas, mas com a delicadeza de movimentos e da montagem a nos transportar para universos que escapam à azáfama normal das grandes cidades. Este primeiro single de avanço editado ainda em 2021 antevê um futuro próximo profícuo para Storm Factory, já que é a antecipação do álbum de estreia que será editado em 2022.

CÖRTE REAL – Perto Do Fim // Cörte-Real levou 25 anos para se estrear a solo mas agora que o fez, as edições vão continuar a acontecer. Depois de ter lançado o single “Tiro Os Olhos do Chão”, Cörte-Real apresenta-nos agora a canção “Perto Do Fim”. De que nos fala a canção? Que os fins podem ser eles recomeços? Cörte-Real explica-nos que «sim e mais. Somos músicos, estivemos fechados em casa sem palcos para tocar. Quando poderíamos voltar? Quando é que isto acaba e a vida recomeça? Era o que nos ia na alma quando gravámos Perto Do Fim.» Este é o segundo single do álbum de estreia que sai em Dezembro. Para Cörte-Real «é o disco que sempre quis fazer. Sem pressões de lado nenhum. Fizemos o que queríamos. O disco tem dez canções e é essencialmente um disco de rock. A banda base é formada por Nico Guedes na bateria, Nuno Correia no baixo e Bruno Celta na voz. Temos algumas participações de malta amiga como a Helena Andrade das Anarchicks, o Ulisses e o Filipe dos Viralata e o Ivan Cristiano que é meu companheiro nos UHF há vinte e quatro anos anos». Já que falamos do disco de estreia, podemos desvendar que o mesmo sairá a 17 de  Dezembro em vários formatos vinil, cd e digital e já se encontra em pré-venda nas lojas da Fnac, da Rastilho e nas redes sociais de Cörte-Real.

IT WAS THE ELF – “Ancestors”// Os nossos antepassados integram-nos desde a nascença e vão crescendo dentro de nós à medida que vamos percorrendo este caminho que é a vida. A eles devemos quase toda a essência que nos compõe e a homenagem a um tempo em que se lutava para sobreviver. Um tempo em que a dependência e a união com natureza eram o mais importante e essencial para poder lidar com as contraposições entre o medo e a esperança, o trabalho árduo e a empatia. “Ancestors” junta cada partícula que compõe os bosques reflectindo sons da natureza que nos levam a dançar em perfeita comunhão, elevando-nos suavemente pelo ar para voarmos ao lado das águias. Instrumentalmente, “Ancestors” é uma ode densa e hipnotizante cuja descoberta se faz por um caminho sensorial com vários estágios de harmonia, melodias e intensidade. As cordas abraçam os barulhos do bosque e a voz comanda o ritual. A bateria, por sua vez, consegue fazer-nos abraçar os tambores dos xamãs e com eles seguir viagem. No bosque, encontramos um caleidoscópio em tons quentes que nos remete a travessias mentais cobertas de desconforto e prazer. Depois de longos minutos de um ritual mágico, acordamos ao lado da serpente que nos guiou até à fogueira onde os índios invocam os seus antepassados. “Ancestors” foi editado com o selo da Raging Planet e será apresentado no dia 04 de Dezembro na DRAC, na Figueira da Foz e dia 07 no Side B, em Alenquer, e em mais locais a anunciar em breve. Os It Was The Elf são o Edgar Ferrão na bateria, Vasco Bicker na guitarra, Emanuel Mareco no baixo e Diogo Ferreira na voz e teclado.

PALMERS – “Seasonal Affective Disorder”// Palmers, banda oriunda das Caldas da Rainha, lançou o vídeo que acompanha o seu primeiro single “Play Act” do álbum de estreia intitulado “Seasonal Affective Disorder”. Realizado por Baby Brown em Londres e protagonizado pelx artista Zoe Lewdwig de Berlim. “Play Act” é uma canção que marca o ponto de viragem da banda, não só no seu estilo, mas também na sonoridade. Ela retrata o facto da sociedade reprimir o que as pessoas realmente são. A sonoridade revela uma maior leveza por parte da banda sem deixar de parte a sua essência sonora. Isso reflete-se também neste vídeo, pautado pelo desespero desgarrado repleto de tentativas e incertezas. Com uma estética ruidosa, é um vídeo descomprometido de cânones visuais. Em 2022, esperam-nos mais novidades dos Palmers, com o aguardado álbum de estreia, “Seasonal Affective Disorder”.

SOGRANORA – “Qualquer impasse”// O novo single dos Sogranora, “Qualquer impasse”, uma canção de amor que fala sobre largar o orgulho em função do bem-estar mútuo, continua a explorar as sonoridades que têm vindo a pautar o percurso da banda. Fundindo a sensibilidade pop com uma arquitectura musical trabalhada, o tema é dotado de uma leveza contagiante e, simultaneamente, de uma ambição artística atenta aos detalhes. A melodia principal tem por guia uma linha de baixo serpenteante e criativa, num pequeno universo habitado por recheadas harmonizações vocais, teclas coloridas, guitarras dialogantes, variações rítmicas inspiradas e pelo dengoso saxofone que protagoniza o emotivo desenlace. A relaxada atmosfera de “Qualquer impasse” reúne um compêndio fervilhante de ideias, à boa moda dos Sogranora, aqui envoltas numa acessível e terna doçura que parece prolongar o calor do fim do Verão. No vídeo de “Qualquer impasse”, somos transportados para um pequeno universo fictício, que se situa no início do século XX, passado dentro da mente de um escritor que conta uma história acerca de um jovem operário que se apaixona à primeira vista por uma mística figura feminina. Este acaba por ser rejeitado, mas é consolado por um amigo improvável. Por trás desta história, existe uma protagonista discreta, que está presente no vídeo de início ao fim: a flor Amarílis, também conhecida popularmente como Sogra e Nora, que representa a imagem da banda.

KOMET – “Different Kinda Project”// O último ano foi bastante intenso para KOMET. Depois de em Outubro do ano passado ter lançado “Palm Trees”, o ano de 2021 foi recheado de novos singles. Agora, sai o primeiro trabalho do artista com “Different Kinda Project” que já está disponível em todas as plataformas de streaming. Diferente de tudo o que tem feito até agora, KOMET apresenta o seu novo projeto intitulado de “Different Kinda Project”. Num estilo musical irreverente, e seguindo a temática do seu mais recente single “Different”, o artista tenta abraçar e celebrar a diferença e a excentricidade de cada um. O EP conta com 4 temas e é maioritariamente produzido pelo próprio. À exceção do single do projeto “Different”, todas as faixas foram produzidas por KOMET. Depois de entrar no álbum do artista Português, sediado na Rússia, Porchy, desta vez KOMET convida-o a colaborar numa faixa do projeto. O design da capa foi criado em tela com pincel e spray e só depois passado para digital, contrariando os processos tradicionais e seguindo o conceito “different”. O trabalho foi desenvolvido por Elisa Rodrigues uma artista plástica luso-brasileira que representa, como é o seu estilo, sem pudor nem tabus, tudo o que é diferente de forma inclusiva.

APRIL IVY – “Broken Apologies”// April Ivy está de regresso com o single “Broken Apologies”. Este é o tema de avanço do próximo projeto da artista, “Broken Apologies” tem uma «energia muito especial, visto ser um tema que relata um lado mais íntimo e pessoal da artista. É uma música carregada de verdade e emoção, onde a artista abre o seu coração e pretende passar a mensagem de que, na realidade, apenas e só é exposto aquilo que cada um realmente quer.»

EXPRESSO TRANSATLÂNTICO – “Expresso Transatlântico”// “Alfama, Texas” é o mais recente single retirado do EP da banda de Lisboa que pretende espalhar a sua sonoridade única por cada canto onde passam. Dia 7 Dezembro há encontro marcado com o Expresso Transatlântico, no Teatro Maria Matos, para um concerto que promete ser memorável. Os Expresso Transatlântico juntam a guitarra portuguesa de Gaspar Varela, à guitarra elétrica de Sebastião Varela e à bateria de Rafael Matos.

KLIN KLOP – “Lua Nova”// Depois do lançamento do single “Lua Nova”, é a vez do EP com o mesmo nome ver a luz do dia. Klin Klop toma as rédeas do violino, teclas e do computador, juntamente com os músicos João Lima na guitarra, Gonçalo Palmas nas teclas, Miguel Pinto no baixo, Manu Idhra nas percussões, onde os instrumentos analógicos se fundem com a música eletrónica. Uma fusão que ganha ainda mais força ao vivo. O alter-ego Klin Klop nasce de mãos dadas com as suas influências africanas. «A palavra Klink significa som, e Klop significa batida em afrikaans», e juntas emergem pelo mundo de Inês onde o jazz mais groovy, o funky e o afro-music se fundem com o etno-beats, onde o disco, o house e o techno se encontram muitas vezes com o som do violino e das teclas. O violino de Klin Klop nunca esteve parado a apanhar pó. Recentemente participou no novo álbum de Moullinex “Requiem For Empathy”, na residência ESPALDAR em conjunto com artistas como Moullinex, GPU Panic ou Yanagui, e ainda no seu mais recente projecto em nome próprio Klin Klop Live – Alt-Shift, um concerto-filme de composições originais inspirado em géneros musicais como o pop, o jazz, o groove, o funk, o rock progressivo e a música eletrónica. O EP “Lua Nova” tem selo Discotexas e fica disponível para escuta nas plataformas digitais habituais. A artista que navega entre a música clássica, a produção musical, o sound design e o djing, apresenta o seu novo trabalho a 11 de dezembro, no Indústria (Porto) e a 18 de dezembro, no Lux Frágil (Lisboa).

TIAGO MENDES RODRIGUES – Winter’s Pale Light // Este é o quarto trabalho editado desde 2020, depois de um conjunto de três trabalhos, todos editados em 2020 “Lighthouse”, ” Why are you still holding that Gun?” e “All Is Well”. O lançamento destes quatro álbuns num período tão atípico como o de 2020/2021, que levou a um processo pessoal de recentrar e refocar, materializou-se numa forte vontade de apresentar e partilhar a música que tem produzido nos últimos anos. “Winter’s Pale Light”, Tiago revela que o álbum possui também um carácter autobiográfico, e que quis lançar um olhar sobre momentos específicos da sua vida, momentos a quem o tempo fez a justiça de revelar o quão determinantes foram no seu no caminho. Musicalmente, o objetivo passou por incorporar as influências presentes nos álbuns anteriores, e daí partir para outras perspetivas.  “Winter ‘s Pale Light” faz assim parte de um ciclo de três álbuns, juntamente com os seus dois álbuns anteriores, “Why Are You Still Holding That Gun?”, “All Is Well”. Estes três álbuns, embora possuam universos distintos, partilham entre si bastantes elementos em comum, tanto a nível dos arranjos como de estética musical, da temática abordada nas letras, representando em conjunto como que um processo de catarse. Outro elemento chave foi o leque alargado de músicos que participou na gravação do álbum, João Clemente (“Slow Is Possible”, “Shapeless Man”, “Profound Whatever”), Diogo Martinho (“Stone Dead”), Duarte Fonseca (“Slow Is Possible”, “Cat in a Bag”, “Sideways”) João Lucas (“Cat In a Bag”) e Nuno Santos Dias (“Slow Is Possible”), tiveram uma influência determinante no resultado final de “Winter’s Pale Light”. Na sua música destaca-se o abrangente universo musical: “Lighthouse” é composto por uma seleção de peças compostas para performances maioritariamente de dança, que foram realizadas nos últimos anos e que foram apresentadas em diferentes festivais pelo país. Em “Why Are You Still Holding That Gun?” emergem as influências do rock alternativo, enquanto que em “All Is Well”, somos transportados para um universo mais pessoal e intimista, composto por canções e pequenas peças de piano com uma forte influência da música clássica minimalista.

FRANSCISCO COSTA – “Fado Popular”// Francisco Costa lançou o single “Fado Popular”, uma homenagem à cidade de Coimbra e à Rainha Santa Isabel. Já está disponível nas lojas digitais. Francisco Costa é um dos talentos emergentes da nova geração de intérpretes do Fado e Canção de Coimbra. Integra a equipa de músicos residentes do Fado ao Centro, com a qual teve já a oportunidade de se apresentar em concertos nas mais variadas e prestigiadas salas de espectáculo em Portugal (Casa da Música, CCB, Convento São Francisco, entre outras).

CALMNESS – “don’t ask if i’m okay”// Cantor, Compositor, e Produtor de Lisboa, Calmness editou o seu novo álbum, “don’t ask if i’m okay”. Gui Galão, conhecido por Calmness, tem construído música introspectivas e com alguma sensibilidade que tocam no amor, desgostos, e amor não correspondido. Feitas inteiramente no seu quarto em Lisboa, a sua voz distinta dá um toque familiar e reconfortante às suas faixas. Tocando em 3 diferentes experiências passadas e explora a falta de comunicação, expectativas diferentes em relações, e aceitar o que nos é dado por alguém que amamos, Calmness toca em assuntos difíceis de lidar e fáceis de nos identificarmos com em “don’t ask if i’m okay”. “back to you” foi feita com o seu melhor amigo, antematterz, com quem o álbum não existiria sem. Calmness criou um espaço para ele no mundo da música, com amizades como Jordana e Declan Mckenna, a colaborar com Fox Academy no seu album “Angel Hair”, com o favor devolvido no próximo disco de Calmness. Tirando inspiração de Phoebe Bridgers, Hovvdy e Modern Baseball, Calmness quer criar o sentimento de uma viagem de carro de volta a casa num por do sol durante uma tarde melancólica num dia de Outono com a sua música.

TIROLIRO & VLADIMIR – “Onde Foste Tu?”// “Onde Foste Tu?” é o primeiro single do álbum “Os Imparáveis Tiroliro & Vladimir” – uma viagem ao reportório inédito e esquecido desta dupla formada em 1977 por Gimba e Jorge Galvão, que viriam – por volta de 1985, quando se lhes junta o baixista Nuno Faria – a transformar-se no trio Os Afonsinhos do Condado. “Onde Foste Tu?” é uma composição de 1978 que reflete alguma inocência adolescente, numa atitude contestatária em relação ao que estava (e continua a estar!) instaurado. Um manifesto ainda com reminiscências hippies, mas também na corrente em voga na altura: o punk. Não será por acaso que, antes do seu nome “oficial”, a dupla Tiroliro & Vladimir era designada pelos amigos por “Country Punk“. Se a consciência ecológica da canção – e a própria ecologia em si – ainda não era coisa madura em finais de 70 – o tema chega a 2021 tresandando a actualidade, e apontando o dedo – se não as armas – aos senhores do mundo e, no final de contas, à nossa própria consciência, em nome de um futuro melhor. Vamos – todos –  continuar a insistir nos mesmos erros? O tema foi escrito pelo Jorge Galvão durante a separação da dupla, devida ao “exílio” americano do Gimba (que foi viver uns tempos para o Texas). Após uma intro que engana o ouvinte, levando-o a pensar que se trata de uma canção “celta”, logo o instrumental explode para um rock de barba dura, num compasso não binário, ele próprio “desalinhado” com os padrões estabelecidos. Este disco resulta de um curioso trabalho de arqueologia cerebral, pois não existia nenhum registo destas canções. Todas as cassetes gravadas na altura, entre as quais a do seu primeiro concerto (o “Full Moon Concert”, a 20 de Julho de 1978, em Lagos, abrindo para a Go Graal Blues Band, de Paulo Gonzo) desapareceram com o tempo, bem como quaisquer blocos ou cadernos com letras escritas. A (boa) memória dos dois conseguiu recuperar vinte e duas dessas canções, dezoito das quais integram o CD. Trata-se de um acervo memorável, nascido ainda na década de 70, na pré história do “Rock Português”, anterior ao “Chico Fininho”!…MSe do lado da composição musical se nota já uma certa maturidade, resultante de várias influências da época (da canção de intervenção ao rock progressivo ou ao punk), é óbvia, do ponto de vista lírico, alguma ingenuidade típica da idade (os rapazes eram ainda teenagers…), com referências a amores de liceu ou a um mundo idílico da paz e amor. Curiosamente, algumas ideias aguentaram bem o hiato temporal, resultando em temáticas super actuais, como a visão de uma ciclovia em pleno Cais do Sodré (Domingo em Bicicleta), o incontornável stress da vida moderna (As Pessoas da Vila), ou este “Onde Foste Tu?”, que acaba sendo uma reflexão ecológica e uma chamada de atenção para a destruição do planeta. “Os Imparáveis” conta com a participação de alguns amigos – desde logo o próprio Nuno Faria, no contrabaixo – Gui (Xutos e Pontapés), nos saxofones, ou Paulo Mariño (Sétima Legião/Gaiteiros de Lisboa), que toca as inconfundíveis gaitas de foles no início deste single, cujo videoclip foi realizado por Jorge Galvão. Fausto Ferreira (piano eléctrico), Luís Gaspar (Bateria), Nuno Reis (Trompete), Franciso Silva (contrabaixo), Pedro Lopes, Inês Santos e Violeta Galvão (vozes adicionais) completam o naipe de artistas convidados. Produzido, gravado e misturado pelos dois autores, “Os Imparáveis Tiroliro & Vladimir” estará disponível a partir de 21 de Janeiro de 2022. Ugh! E o primeiro concerto de apresentação está confirmado para 28 de Janeiro no Titanic Sur Mer em Lisboa.

DULLMEA e RICARDO PINTO – “Orduak”// Dullmea é o projeto de música de Sofia Faria Fernandes que faz uso da voz e de um circuito electrónico de pedais, improvisando sobre estruturas previamente compostas. “Orduak” é o novo álbum, lançado a 25 de Novembro, e que conta com a colaboração do músico Ricardo Pinto. “Orduak” é uma vertiginosa descida às profundezas de um não-lugar feito de abandono e desolação: «a meditação de um bêbedo, o enigma da vida inefável, o sono infinito. Atravessámos um poema estilhaçado e espalhado por brechas ruidosas, resgatámos uma memória de voz humana, de língua.» Dullmea convidou Ricardo Pinto a colaborar na composição deste álbum por ambos partilharem uma certa obsessão por harmonia. «Começámos a trabalhar a partir das palavras “Ao fundo mais fundo / Nem fogo, nem vento, nem sopro / Sempre este sono, esta sombra de giz”, uma pequena frase sem grande significado, mas com sons interessantes e bastante característicos da língua portuguesa. A ideia era criar quase que uma pintura com estes sons, o que deu origem a uma peça de três andamentos a várias vozes. Depois, desintegrámos esta peça e fundimos os seus estilhaços com ambientes mais sombrios, com electrónica e noise. O resultado é um mundo ficcional, o não-lugar mais profundo que se possa imaginar, onde se pode até ouvir a meditação de um monge bêbado ou entrar em contacto com o reino Archaea.»

TOUBKAL – “The Great Round”// Toubkal – do berbere, a terra que fala ou aquele que acredita na terra – é o pseudónimo de Bruno Barreira, jovem portuense de raízes transmontanas e médico de profissão. Através de canções de indie-folk lentas e contemplativas, toubkal procura guardar e partilhar momentos pessoais de calma, paz e gratidão. Para tal, o artista recorre a guitarras acústicas e harmonias de vozes sussurradas, criando um imaginário de serenidade e intimidade com o mundo e as pessoas que o rodeiam. A paisagem sonora é ainda pautada por pianos intimistas, melodias de ambient-guitar e teclados analógicos. “the great round” é o trabalho inaugural de toubkal e é composto por 4 temas originais e um tema original exclusivo para formato físico. «Gosto de pensar que momentos e pessoas que nos marcaram no passado, continuam a existir através da nossa maneira de ver o mundo e da nossa interação com os outros. O great round é isso mesmo: são quatro músicas, quatro fotografias de períodos da minha vida que quero guardar e manter vivos na minha forma de estar enquanto pessoa e enquanto artista.» Este primeiro disco de curta duração, conta com a colaboração inestimável de Alcino Canas (bateria), Ana Rita Melo Alves (voz no tema nocturne), João Figueiredo (baixo) e Tiago Lopes (backing vocals e uma contribuição preciosa no arranjo dos temas), tendo sido gravado, misturado e masterizado por João Figueiredo (senhor engenheiro recordings). A primeira apresentação ao vivo deste EP, será no Convento São Francisco, em Coimbra, no dia 30 de Novembro, às 19 horas, no âmbito do ciclo de programação “Café Curto”, com a curadoria da produtora Blue House.

TÓ MAUZÃO – “O Grande Tó Mauzão”// A 13ª edição da Fungo intitula-se “O Grande Tó Mauzão”, e é assinada por… Tó Mauzão. Ninguém sabe muito bem quem ou o que é, consta que se trata de um ser que habita os mares e que gosta de alimentar-se de barcos. Ao que parece, já engoliu pelo menos 10, o mesmo número de faixas deste álbum. A tónica musical d’”O Grande Tó Mauzão” tem um pé bem assente no electro e o outro numa salada composta por pedaços de tropicalismos, inspirações árabes, trance e outras explorações sónicas. Humor, nonsense, melancolia, tensão e ingenuidade são algumas das sensações desencadeadas pela sua audição. O álbum tem duas versões: a digital é diferente da da cassete, e nesta última fica-se a perceber quem é, afinal, o (Grande) Tó Mauzão. Para o mistério ser desvendado, é preciso recorrer à cassete e ouvi-la. A música é de Marco Guerra e a ilustração de Miguel Resende Guerra. O artwork é do Nuno Patrício. A faixa “Hilda”, a primeira do álbum, terá honras de videoclip, da autoria de Robert Sommerlad.

SILLY – “Viver Sensivelmente”// O EP conta com a produção de Pedro da Linha, com a parceria de EU.CLIDES no single “Vida a Mil”, onde canta sobre a efemeridade das coisas, e ainda uma colaboração com a dupla de produtores brasileiros DEEKAPZ no tema “Sem Tudo”. Ainda sobre estas colaborações, Silly conta-nos: «Há muito tempo que gostava de concretizar algo mais sólido e a ideia do EP foi-se arrastando naturalmente pelo tempo, mas tornando-se cada vez mais especial com as pessoas que me foram cruzando como o Pedro da Linha, o EU.CLIDES, os DEEKAPZ e o Charlie Beats.» O EP conta ainda com a direcção artística de Rita Matos e com a edição a cargo da XXIII, um coletivo de produtores e comunicadores de música assente na quebra de barreiras entre géneros musicais. A editora e agência do Porto é também promotora de algumas das festas mais emblemáticas da cidade. Ao vivo, Silly está encarregue das guitarras e ainda toca piano e vai acompanhada por Eduardo Cardinho nas teclas e Diogo Alexandre na bateria onde, juntos, levam até aos palcos o mundo da artista, num concerto místico e intimista. O EP já está disponível para escuta nas plataformas digitais habituais  e os bilhete para os concertos de apresentação a 6 de janeiro no Maus Hábitos, no Porto, e a 8 de janeiro no Musicbox, Lisboa, ficam disponíveis em cada uma das plataformas de venda dos locais dos espectáculos.

ALDA – “Demência”// Alda, é o projeto a solo de Carolina Costa, um dos elementos da banda portuguesa Rope Walkers. Nas palavra de Carolina Costa, esta decisão por Alda foi «… por ser simples, curto, lido em várias línguas, sem grandes confusões com questões de acentos ou letras que possam não existir, e sobretudo pela simples forma de homenagear a minha avó paterna que se chamava Alda». Demência, é assim o single de estreia de Alda também ele uma referência a um familiar de Carolina Costa «esta música foi-se compondo nos dois últimos anos e é fruto de um ano vivido com uma pessoa vítima desta condição que é minha tia em segundo grau». Facto curioso é o modo como Alda foi criando a letra que podemos escutar em Demência «ao longo de vários meses, fui anotando algumas frases que ouvia e mesmo quando elas pareciam não fazer sentido, eu achei que algures no tempo, em conjunto, poderiam vir a formar uma música. Assim nasceu a Demência e escolhi-a para ser o meu single na tentativa de conseguir levar este tema em forma de música, a mais ouvidos.» Alda pretende editar um EP em 2022.