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Wolfheart, Irreligious & Extinct em Guimarães

Wolfheart, Irreligious & Extinct em Guimarães

Nero

Pedro Paixão e Ricardo Amorim antecipam os concertos de Moonspell que celebram 20 anos de “Irreligious” na Cidade Berço e na capital.

Os concertos de Moonspell dia 02 de Dezembro, em Guimarães, no Multiusos, e 04 de Fevereiro, em Lisboa, no Campo Pequeno, dos vinte anos de “Irreligious” celebram o impacto de um álbum que, na ressaca de “Wolfheart”, catapultou ainda mais a banda a nível internacional. Já com a reedição do álbum em vinil e o alargamento das celebrações à capital, no dia em que a banda celebra o seu 25º aniversário, como certezas, a Arte Sonora os estúdios da banda para conversar com o teclista Pedro Paixão e com o guitarrista Ricardo Amorim, cujo primeiro álbum gravado com a banda foi, precisamente, “Irreligious, disco que só na Alemanha vendeu 80.000 cópias e foi disco de prata em Portugal, na altura, atribuído por vendas acima das dez mil unidades.

Numa longa conversa [a publicar em breve] sobre as mudanças da banda, na época, os mitos e a preparação para um álbum que definiria, em grande parte, a carreira dos Moonspell, Pedro Paixão e Ricardo Amorim levantaram um pouco o véu sobre o que esperar dos concertos na “Cidade Berço” e na capital.

Há algum tipo de obsessão em reproduzir fielmente a interpretação e som o disco?
Ricardo Amorim: Não. Em termos de som não. Quanto melhor for o equipamento e quanto melhor som tirar do equipamento prefiro que seja assim, até porque se é para soar ao disco, mais vale ouvir o disco!

Pedro Paixão: Não somos as mesmas pessoas. Quero dizer, somos as mesmas pessoas, mas não estamos naquela época e, portanto, as coisas não tem de ser exactamente iguais, especialmente em termos sonoros. Em termos de arranjos, como fã de algumas bandas, quando vou ver um concerto e quero ouvir o clássico daquela banda… Estou agora a lembrar-me dos The Cure, que tocam as músicas antigas como elas são, agradeço isso, porque quero estar a sentir aquilo no meio de uma multidão a ouvir o som com aquela potência tocada ao vivo. Portanto, sou um bocado avesso a mudar as estruturas ou até o arranjo principal. Já o fizemos e isso, às vezes, deu bons resultados – lembro-me que na “Magdalane” fazíamos isso – mas no “Irreligious” nunca. Porque teria que ser uma diferença… Um espectáculo como o “Sombra”, algo com uma roupagem completamente diferente. E mesmo em termos de sons de teclado, que são muito distintos, e alguns delays, estou-me a lembrar da “Herr Spiegelman”, são muito distintos e acho importante essas coisas existirem e estarem lá, porque fazem parte do álbum, fazem parte da canção…

Nesse sentido, vão procurar usar VST’s? Ou ainda possuem as unidades dessa altura?
Pedro Paixão: Samplo para dentro do MainStage [Logic], no fundo é VST, mas, tentei recolher sempre as fontes originais do som. Mas isso até é mais no “Wolfheart”, no “Irreligious” não é muito difícil já que os sons nem são muito distintos. Digamos que “carrego” um pouco quando utilizo umas strings, tal como o Ricardo utiliza uma distorção melhor, mais corpulenta, porque de facto o som não tem corpo quase nenhum.

Ricardo Amorim: Não é um disco que viva do som da guitarra, decididamente. Vives a soma de um todo. Mas isolas os instrumentos e…

Aquilo que me entusiasma é que vamos e podemos contratualmente, passados tantos anos, gravar o “Irreligious” e o “Wolfheart”! – Pedro Paixão

O que esperar, em traços gerais, dos concertos, especificamente o de Guimarães?
Pedro Paixão: Vamos ter cenários diferentes para cada parte do concerto. Vamos tocar o “Wolfheart” e o “Irreligious” na íntegra e ou faremos um best of ou o “Extinct”. Será um concerto compartimentado, em que tentaremos recriar ao máximo os álbuns antigos. Vamos ter pirotecnia e vai ser um espectáculo que aposta muito no ambiente, no cenário. Mais tarde iremos gravar mesmo um DVD, portanto, mesmo para nós é muito importante.

No DVD vão montar imagens dos dois concertos ou escolher o que “correr” melhor?
Pedro Paixão: Ainda não está decidido por incrível que pareça, mas poderá, pelo menos, cada set ser num sítio específico. Aquilo que me entusiasma, sobretudo, é que vamos e podemos contratualmente, passados tantos anos, gravar o “Irreligious” e o “Wolfheart”! Sendo que ao vivo, claro, não é álbum. Como disse não era algo que gostasse de fazer e na banda torcemos o nariz a refazer regravações. Já o fizemos, aí sim, estava mal gravado…

Ricardo Amorim: Tinha um mau som.

Pedro Paixão: Agora podemos regravar ao vivo, com estas pessoas que somos agora, com o que conhecemos e com o que sabemos e como somos. Vão ser, seguramente, bons espectáculos, porque gostamos muito de tocar e, temos vindo a praticar isso ao vivo, vintage sets e às vezes álbuns completos. Acho que somos das poucas bandas que tem mesmo prazer em tocar as músicas antigas, sempre o fizemos.

Na verdade estamos a falar de dois álbuns que, normalmente, fazem quase metade de um set de Moonspell…
Pedro Paixão: É um bocado isso. Adoro a “Full Moon Madness”, a “Alma Mater” adoro tocar e é extremamente primitiva a nível de teclados… Não me interessa! Adoro o vibe que tem, tal como a “Full Moon…”, amo aquela música ao vivo! Já gostava em guitarra, adoro em teclados. É, digamos, a nossa bandeira. Moonspell nunca virou as costas ao passado, assume-o com o que era, o que já pode ser até um bocado obsoleto, mas as músicas são assim, os álbuns são assim. Assumimos isso completamente e acho que tem sempre um efeito maravilhoso nos espectáculos.