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50 Anos de Orange

50 Anos de Orange

António Maurício

O ano de 2018 marca os 50 anos da Orange. Conhece a história da icónica marca inglesa.

Ainda antes de construir amps que ganharam uma reputação que fala por si, a Orange já existia. A marca já está presente no mercado de equipamento musical desde 1968. Após uma origem que tem um episódio nunca totalmente esclarecido, entre os inúmeros lançamentos de colunas, amplificadores ou pedais já lá vão 50 anos de laranja. Uma meta alcançada por poucos: «Agarramos numa pequena ideia e trabalhámos para que se tornasse numa marca de referência mundial. Sempre actuais e relevantes, conservámos o nosso toque pessoal e continuámos iguais à nossa identidade», confessa Cliff Cooper, CEO e fundador da marca. Já em 2018, a icónica marca apresentou, por exemplo, o pedal Orange OMEC Teleport e dois novos modelos Terror. De uma forma sucinta, estas são as principais fases da evolução da Orange e o percurso percorrido até aos dias de hoje.

ESTÚDIO ORANGE (1968)

Antes de popularizarem a cor laranja nos seus produtos, antes de possuírem músicos embaixadores e antes de serem um força mundial na venda de equipamento, a Orange era um pequeno estúdio numa garagem em New Compton Street, em Londres. Cliff Cooper trabalhou com Brian Hatt na construção da infraestrutura durante os meses do Verão de 1968, e nesse mesmo Verão, o estúdio abriu portas. Possuía uma mesa de mistura ex-IBC 24-canais e posteriormente investiram num gravador profissional AG440 Ampex de 4-faixas. Pouco tempo depois atraíram nomes famosos como Brian Wilson, Stevie Wonder, Robin Gibb, Mickie Most, John Miles, Paul Anka e imensas bandas de heavy metal.

Da esquerda para a direita: Brian Hatt, Roger Jeffrey, Cliff Cooper. Haydn Bendal.

LOJA ORANGE (1968)

No dia 2 de Setembro de 1968, o estúdio tornou-se também numa loja. Os custos começaram a tornar-se elevados, por isso Cliff começou por vender o material da sua própria banda para pagar as contas. Na altura, era difícil importar stock, desse modo, a nova loja Orange funcionava exclusivamente com equipamento em segunda mão. Felizmente, a procura por material utilizado era bastante elevada, porque muitos músicos, na altura, consideravam o som com melhor qualidade e mais carácter em comparação com modelos novos (parece ter sido sempre assim…). Foi a primeira loja deste género em Londres. Mas as dificuldades em acumular stock continuaram e foi o principal motivo que desencadeou a produção dos primeiros amplificadores Orange, no final de 1968. Tinham como principais características a maior durabilidade e melhor som em comparação com os restantes amplificadores e o logótipo da Orange foi projectado para ser claramente visível em palco. Um sucesso de vendas.

A loja original, em 1968.

O talento, a atitude profissional e a qualidade musical era uma constante, mas muitos músicos não conseguiam adquirir um contracto musical.

ORANGE RECORDS (1969)

A loja começou a ganhar cada vez mais reconhecimento e o estúdio a ser palco de inúmeras gravações de demos. O talento, a atitude profissional e a qualidade musical era uma constante, mas muitos músicos não conseguiam adquirir um contracto musical (uma vez mais, sounds familiar right?). Face à realidade, Cliff decidiu abrir a sua própria editora musical e investir em novos talentos, assim nasceu a Orange Records. Primeiro adquiriu publicação e distribuição com a Pye Records para o Reino Unido e em seguida expandiu a editora para território mundial. Apesar dos custos elevados do lado da promoção, os lançamentos alcançaram bons números de vendas e receberam boas reviews na imprensa.

O primeiro design da editora Orange, em disco dos The Influence (banda de John Miles).

AGÊNCIA ORANGE (1969)

O próximo passo de expansão foi criar uma agência, de modo a agrupar todas as outras actividades musicais em desenvolvimento. A Orange Agency começou a agendar concertos em todo o país e depois do sucesso seguiram-se as digressões. Tornou-se a agência exclusiva do The Pheasantry, Speakeasy, The Marquee Club e outros clubs famosos em Londres. Também comunicaram com artistas americanos, com quem organizaram espectáculos por toda a Europa.

Concerto de Joe Cocker, organizado pela Orange em Londres.

PRODUTOS ORANGE (1970 – 1976)

As vendas em loja continuaram a expandir em 1970, quando a marca começou a associar-se a outros produtos relacionados com música. Consolas de DJ, cordas de guitarra e baixo, microfones, baterias e até uma guitarra! Construída por Randy Curlee, o modelo de guitarra da Orange só vendeu seis unidade, e até à data, só se conseguiu localizar uma, que continua a ser utilizada pelo John Miles. Em 2015, a Orange juntou-se à Mason Guitar Works para criar um novo modelo. A cor laranja estava presente em todos os produtos e rapidamente se tornou a imagem de marca.

Uma das seis guitarras Orange produzidas.

Em 1975 ergueu-se o amplificador de estúdio Custom Reverb Twin, que competia directamente com o Twin Reverb da Fender

A marca continuou a desenvolver produtos, mas focou-se em amplificadores e deixou os instrumentos de lado. Em 1974, foi projectado o Pics & Text com circuito DC- coupling concertina phase splitter, que melhorava significativamente o som. Em 1975 ergueu-se o amplificador de estúdio Custom Reverb Twin com 50 watts, que competia directamente com o Twin Reverb da Fender. Possuía dois canais: o canal Normal (um) que incluía duas entrada de gain, tal como EQS bass treble e controlos de volume, e o canal Brilliant (dois) que também incluía entrada dupla de gain, mas os EQs eram treble middle e controlos de volume. A intensidade do reverb era ajustada por um controlo de profundidade. O tremolo tinha controlos de velocidade de profundidade separados. O volume master e o controlo de presence operava em ambos os canais. Em 1976 apareceu o primeiro Overdrive da Orange, com circuito do Pics & Text e foi apresentado na Frankfurt Music Trade Fair.

1975 Orange Reverb Twin 50 watts.

O FECHO DA LOJA ORANGE (1978)

Sem nenhum tipo de aviso prévio, durante uma tarde em 1978, inúmeros empreiteiros apareceram na rua da loja Orange e preparam-se para demolir todas as lojas nessa localidade. Os clientes e os distribuidores não conseguiam entrar na rua e as lojas não podiam funcionar. Nigel Benjamin, um amigo de Cliff, aconselhou o requerimento de uma medida inibitória, para que as as obras parassem temporariamente. O pedido foi bem sucedido e como tempo é dinheiro, esta paragem significava uma enorme perda de dinheiro por partes dos investidores, por isso Cliff recebeu um telefonema pouco tempo depois. Os investidores pediam uma reunião nos seu escritórios em Pall Mall, Londres. Já em sala de reunião, quatro homens de fato perguntaram qual era a quantia que Cliff aceitaria para que a medida inibitória fosse retirada: «100,000 libras», respondeu. A quantia foi aceite sem discussão, mas o fundador da Orange confessou posteriormente: «Fiquei contente com o resultado – mas não consegui deixar de pensar que poderia ter exigido muito mais». O dinheiro financiou o movimento para os novos escritórios em Mason’s Yard e a continuação da gestão das restantes lojas Orange, que já estavam estabelecidas em vários pontos de Inglaterra.

O SEGUNDO NASCIMENTO (1997 – 1997)

Depois de um período menos fértil em termos de vendas e após ter estado entre 1993 e 1997 nas mãos da Gibson, a Orange voltou ao comando total de Cliff Cooper em 1997. Adrian Emsley, guitarrista e especialista em válvulas de amplificação, foi chamado para ocupar o lugar de director técnico, com as funções de actualizar e refrescar a linha de produtos. A série AD, lançada em 1998 atingiu sucesso internacional, com aclamação comercial e atraiu artistas como o guitarra Jimmy Page e o ex-guitarrista dos Fleetwood Mac, Jeremy Spender.

AD30.

NOVO MILÉNIO (2018)

No século XXI a Orange expandiu-se ainda mais, com novos escritórios nos Estados Unidos, em Atlanta, Geórgia, e uma fábrica de produtos na China. Em 2018 celebra 50 anos de trabalho, equipamentos e inovações musicais. As séries AD e Rockerverb, tal como os amplificadores Terror, Crush e Crush Pro são alguns dos melhores exemplos de produtividade e a razão pela qual a marca se tornou numa referência mundial. Jimmy PagePrinceStevie WonderJames BrownOasisMastodonMadonnaJim RootBilly GibbonsGeddy Lee ou Glenn Hughes fazem parte do grupo de artistas que já deram a cara ou trabalharam com a marca, directa ou indirectamente, e agora Grateful DeadTyler Bryant and The Shakedown Marcus King Band assumem-se como embaixadores da marca. Juntam-se a Steve Harris (Iron Maiden), Geddy Lee (Rush), Jim Root (Slipknot), Mastodon, In Flames, entre muitos outros.

Parabéns Orange, feliz aniversário!