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AS10, Os Shots Obrigatórios no JUR 2015

AS10, Os Shots Obrigatórios no JUR 2015

Nero

O Jameson Urban Routes está de volta ao Musicbox. Num cartaz com uma vincada (e saudada) aposta em nomes emergentes na cena nacional, estes são os 10 motivos que o tornam obrigatório para a AS.

O cartaz de 2015 tem, desde logo, uma aposta ainda mais vincada na música nacional – sem qualquer tipo de banalidade nacionalista – e também num sentido mais alternativo que a edição do ano passado, por exemplo. A edição deste ano do Jameson Urban Routes conta com mais de 20 entidades de expressão musical. Uma aposta de sucesso, como ilustra o facto dos passes gerais terem esgotado, tal como o dia La Femme. Se são um dos muitos que suspiraram por já não conseguirem lugar no concerto dos franceses, há mais razões para passarem no Cais do Sodré. Estes são os 10 motivos que o tornam mais especial para a AS.

MUSICBOX | O Musicbox tem vindo, progressivamente, a tornar-se em mais que uma sala muito bem localizada onde há concertos e a tornar-se, cada vez mais, num espaço que, se não possui algumas condições ideais de raiz, tem sido aproveitado ao milímetro para se tornar num dos mais respeitáveis locais para ver “nova música” ao vivo em Lisboa. A sério, já não nos lembramos de um concerto com mau som no Musicbox. Boa visibilidade para o palco em toda a sala, boa projecção acústica arquitectónica, PA adequado ao espaço, etc.

A estreia de La Femme em Portugal, no dia 30 de Outubro, esgotou os bilhetes disponíveis.

A estreia de La Femme em Portugal, no dia 30 de Outubro, esgotou os bilhetes disponíveis.

ESTREIAS | Não há volta a dar, se ainda não têm bilhete, vão perder a estreia de La Femme em Portugal. Mas o JUR está cheio de outras estreias. Desde logo, Telepathe também estão de visita pela primeira vez. Holy Nothing tem “álbum de estreia para estrear”, tal como Ricardo Remédio. Pega Monstro tem álbum novo. Galgo tem EP novo. Sunns & Jerusalem In My Heart estreiam-se cá em colaboração, com álbum recente. Paus e El Guincho vão, muito provavelmente, mostrar músicas novas. Podia ser o moto do festival: Estreias.

PRIMEIRO DIA GRATUITO | Um tipo de warm-up que nos apresenta gente com a cabeça a ferver. Cave Story, Pega Monstro e Galgo não são apenas bandas portuguesas, mas uma biopsia entusiasmante que evidencia um espírito eléctrico bem vivo entre a nova vaga de músicos portugueses. Putos capazes de suar “ginga” punk para cima dos instrumentos, “bastardagem” de Cobain em revolta marginal contra a institucionalização do indie. Há poucas coisas mais entusiasmantes na música que o underground e visitá-lo vai ser gratuito!

EL GUINCHO | O espanhol está de regresso, depois da presença em 2010. Uma pena que se apresente sem banda, embora seja possível que o reflexo disso acabe por ser apenas visual. Afinal, o afrobeat de Pablo Días-Reixa é, por estes dias, bem possível de fazer um álbum de Panda Bear parecer um dia de Inverno. Tocando sozinho, é sempre imprevisível, no entanto esperamos ouvir muitos sons do álbum que aí vem para quebrar o interregno de 5 anos, após “Pop Negro”.

Os Paus vão captar imagens do concerto no JUR para o primeiro vídeo do novo álbum.

Os Paus vão captar imagens do concerto no JUR para o primeiro vídeo do novo álbum.

PAUS | A banda está a preparar já o sucessor de “Clarão”. Na verdade, os preparativos estão, praticamente, no final e há mês previsto para edição: Fevereiro de 2016. Provavelmente não serão ouvidos muitos dos novos temas de “Mitra”, mas um será ouvido certamente, afinal a banda anunciou que irá aproveitar o concerto no Jameson Urban Routes para filmar o primeiro vídeo promocional para o novo trabalho. Portanto, além de poderem ouvir a castanhada gémea de Albergaria e Morais, ainda podem iniciar uma carreira cinematográfica.

CONFIRMA A PROGRAMAÇÃO DO JAMESON URBAN ROUTES 2015

INGA COPELAND | Parece claro, agora que fazem música separados, quem era a mente experimental em Hype Williams. Dean Blunt usa o seu barítono poderoso como um paliativo aos destroços emocionais que consegue criar. Copeland aprofunda uma certa esquizofrenia neurótica. “Because I’m Worth It” é um álbum imperfeito, cru e frio. Inga é ainda indomada, primitiva e selvagem, e vai provocar-vos desconforto ao mesmo tempo que vos fará sentir algo precioso na indústria musical: realismo.

RICARDO REMÉDIO | Os bordões de guitarra em afinações graves, cadenciadas por batidas com o poder de um drumkit acústico, podem ser coisa do passado. Mas Ricardo Remédio não deixou totalmente de lado a pele de Löbo. Tal como sucedia em RA, os ambientes industriais no novo álbum em nome próprio, “Natureza Morta”, continuam carregados de uma tensão escura, rasgada por cintilações em crescendo harmónico, agora capaz de revelar um maior domínio dinâmico. O álbum, com a assinatura de Daniel O’Sullivan (Ulver) e James Plotkin (Khanate), na produção e masterização respectivamente, chega no início de 2016. A estreia é no JUR.

SUNNS & JERUSALEM IN MY HEART | Basicamente, há três coisas que podem acontecer em álbuns de colaborações: uma das bandas ter demasiado ascendente sobre a outra, anulando o propósito do álbum; o disco ser um caos de produção e sentido musical; o disco ser bom., como sucede neste caso. Uma auspiciosa fusão entre o ocidente e o médio oriente, sonoridades recentes e outras velhas repetentes num encontro de teclados e guitarras, por máquinas transfiguradas numa produção vasta e multi-facetada. Ambientes grandes em estruturas de repetição. Camadas e exploração. Dead Can Dance em união sacrílega com Kraftwerk

HHY & THE MACUMBAS | Se como nós, aqui na AS, não ouvem ao vivo a banda portuense desde o Outfest 2013, então não os podem perder. Pois esse concerto ainda está bem presente em quem o viu. «Viagens rítmicas de tambores, bombos e chocalhos, acompanhadas por um trompete e camadas misteriosas e selváticas, inspiradas em Sun Ra, na profundidade sónica do dub e na música etnográfica de regiões recônditas de África, América do Sul e Pacífico. O sagrado e o profano juntos num ritual sonoro, esgrimidos por três secções de percussão, uma bateria, um trompete e samples, e mais uma secção de maquinaria, o que faz dos HHY & The Macumbas uma verdadeira orquestra de voodoo musical».

RP BOO | Uma das lendas da dança de rua e pioneiro do footwork, na Chicago dos anos 80. Drum machines arcaicas e samples marados. Surgida na capital do género, a house music na sua forma mais crua e marginal. A verdade é que não sabemos, exactamente, o que esperar. Mas temos a certeza: mais que um concerto, vai ser uma experiência!