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Eddie Van Halen: Brown Sound, Apenas Um Mito

Eddie Van Halen: Brown Sound, Apenas Um Mito

Nero
Kevin Baldes

A partir da década de 80, passou a designar-se assim o som de Eddie Van Halen e o “Brown Sound” tornou-se uma obsessão perseguida por muitos. O guitarrista desmistificou a questão na sua última grande entrevista.

Muito além do explosivo virtuosismo, Eddie Van Halen tornou-se um dos nomes mais importantes na história da guitarra eléctrica. Numa busca incessante por um som único, o guitarrista quebrou os paradigmas do instrumento. Com os picos de desenvolvimento da Stratocaster e da Les Paul atingidos na década de 60, o universo da guitarra eléctrica estava algo estagnado.

Então, no final da década de 70 e depois de progressivas experiências e modificações em modelos tipo Stratocaster, Eddie criou a sua própria guitarra misturando conceitos Fender e Gibson. Criou uma “Super Strat”. Criou a “Frankenstrat”. Na década de 80, salvo raras excepções, não havia guitarrista no hard rock e no heavy metal que não procurasse clonar esse som de Srat em esteróides, amplificadas por Plexis. O som de Eddie Van Halen. Aquilo a que se chamou “Brown Sound”.

Algo que, em retrospectiva, o guitarrista afirma ser um mito. O “brown sound” era uma expressão usava para descrever o som de tarola do seu irmão, Alex Van Halen. É o próprio Eddie que desmistifica a questão, num preâmbulo à entrevista exclusiva que deu à Arte Sonora e a outros meios europeus em 2016, a sua última grande entrevista.

«Não sei há já quantos anos as pessoas insistem em falar no “brown sound” de Eddie Van Halen, e insisto sempre em dizer ‘não, não e não, não significa nada disso’. Referia-me à tarola do Alex, porque ele é, provavelmente, um dos poucos bateristas no planeta que sabe realmente afinar uma tarola. Ao ponto de conseguires reconhecer que estás a ouvir um álbum de Van Halen. Consegues identificar Van Halen pela voz, pela guitarra ou pela tarola do Alex. Era o que procurava descrever, quando me perguntaram.

Para mim o castanho (brown) é uma cor bastante quente e por isso usei essa designação, porque a pergunta foi feita dessa forma, se fosse uma cor, como a descreveria? E disse o castanho porque é muito terroso, muito lenhoso, tem muito som de madeira. Se pensarmos num violoncelo ou num violino, não precisam de ser amplificados porque o som é produzido pela madeira. E o Alex afina a sua tarola de uma forma que não sei como o faz, já tentei fazê-lo e não consigo extrair o som da forma que ele o faz. Tem também a ver com a forma como ele bate. Muita gente pensa que ele bate com muita força, mas tem a ver com a acção do pulso, o jeito com que ele toca».

O guitarrista explicou mais sobre características sonoras do que entende como “brown sound” e do significado que sempre lhe deu. Dissociando o conceito do seu som de guitarra e do seu equipamento.

«Brown sound aplica-se a tudo. Para mim é simplesmente um som quente, que podes tocar em níveis elevadíssimos de decibéis sem te ferir os ouvidos. É mais como algo que faz vibrar os pêlos do braço, que te toca. O que, na verdade, é mais importante que o próprio volume. Se tiveres o som adequado podes tocar muito mais alto do que se tiveres um som feio e toques baixo. Portanto, para resumir, brown sound é simplesmente um som cheio de madeira e caloroso».

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