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ENTREVISTA | Luiz Caracol: «Neste Disco, fui Técnico de Som, Engenheiro de Áudio e Músico»

ENTREVISTA | Luiz Caracol: «Neste Disco, fui Técnico de Som, Engenheiro de Áudio e Músico»

Nuno Sarafa

Multi-instrumentista, multifacetado, assim é Luiz Caracol, que recentemente editou um EP totalmente idealizado, concebido e finalizado pelo próprio no “só.tão” da sua casa.

«Português e filho da pátria-língua portuguesa». Luiz Caracol é um multi-instrumentista que faz música com traços da MBP brasileira e influências luso-africanas combinadas. O seu mais recente trabalho, o EP “só.tão”, representa todas essas características, embora num tom mais intimista, ou não tivesse sido criado e gravado unicamente por Luiz Caracol em pleno confinamento, no sótão lá de casa.

Desenhando paisagens sonoras com travo a crioulo português, as três canções de “só.tão” – “Olha a Onda”, “Vai Lá” e “Likes por Amor” – são o espelho dos dias que correm na vida de um artista que, em entrevista à AS, fala, com natural orgulho, da sua primeira banda, Luiz e a Lata, dos seus oito anos enquanto músico convidado de Sara Tavares, do seu grito do Ipiranga em 2017 ou das suas muitas guitarras fruto de um endorsement da Yamaha. A participação no Festival da Canção em 2020, as colaborações com o projecto Rua das Pretas e a sua recém-criada Rádio Meio Minuto são outros tópicos de uma conversa que fluiu… como quem come cerejas.

Depois de ter sido obrigado a cancelar a tour de apresentação do EP, prevista para Fevereiro, Março e Abril, Luiz Caracol vai juntar-se ainda este mês de Maio a Gus Liberdade (contrabaixo) e Ivo Costa ou Gonçalo Santos (bateria) – «ainda não sei qual vai ser o baterista pois vai depender da disponibilidade de cada um» – para passarem em revista a discografia do artista, que inclui ainda os discos “Devagar” e “Metade e Meia”. Tomem nota: 14 de Maio no Teatro Municipal da Guarda, 29 de Maio no “Som no Coreto”, em Lisboa, e 18 (a solo) e 19 Junho (com banda), naquela que será a apresentação do disco no Auditório Fernando Lopes Graça, em Cascais.

Iniciaste a tua carreira de autor há 20 anos. Já tinhas feito essas contas?
Comecei a minha caminhada como músico nessa altura, sim, mas, para mim, a minha carreira começa quando gravo o meu primeiro disco com Luiz e a Lata, em 2005 [“Andei…”]. Por isso, ainda são apenas 16 anos de carreira como profissional. Já fazia umas coisas antes, mas foram projectos que nunca chegaram a sair do laboratório.

Suponho que Luiz e a Lata tenha sido um projecto muito importante para ti e para a música que virias a fazer no futuro.
As etapas de qualquer percurso são sempre importantes. Esse foi o meu primeiro projecto de originais mais a sério e com pessoas que acabaram por ser muito importantes no meu trajecto, ao ponto de passados todos estes anos alguns deles ainda trabalharem comigo, como é o caso do Ivo Costa [baterista], por exemplo. Faz este ano 20 anos que começámos a tocar juntos e a tentar idealizar aquilo que poderia ser um projecto de originais! Obviamente que Luiz e a Lata, cuja formação remonta a 2003, sendo o primeiro desses projectos de originais, acabou por abrir o caminho para tudo o resto que veio a seguir. Portanto, sim, teve muita importância na minha carreira.

Nunca quis ser um freelancer no mercado, nunca quis muito tocar com outros artistas

Além de que esse projecto abriu-te portas para tocar com outros artistas, como a Sara Tavares.
A Sara já me conhecia, eu já tocava com o Ivo há algum tempo e entrámos os dois na mesma altura para a banda da Sara. Ela estava a desmembrar a banda com a qual trabalhou até 2008 e, ao formar uma banda nova, quis pessoas com as quais já tivesse alguma cumplicidade musical. Ainda assim, fui um freelancer privilegiado, porque tinha várias funções, desde tocar guitarra a cantar. Em alguns concertos da Sara fiz a primeira parte com as minhas canções, ela apresentava-me sempre como autor, era uma espécie de artista convidado, mais do que músico freelancer que fazia parte da sua banda. A Sara valoriza muito o facto de ter autores a trabalhar com ela e não apenas músicos convidados. Foi uma experiência mais longa do que imaginei, foram praticamente oito anos na estrada com a Sara Tavares, mas nunca deixei de fazer a minha música nem de gravar as minhas coisas. Comecei a tocar com a Sara ainda existia Luiz e a Lata. Depois, esse projecto acabou, mas continuámos a tocar juntos. Entretanto, gravei o meu primeiro disco a solo [“Devagar”, 2013] e continuámos a tocar juntos. Só no meu segundo disco a solo [“Metade e Meia”, 2017] é que já estava a sair do projecto da Sara, porque queria mesmo dedicar-me mais a fundo à minha música e àquilo que poderia ser a minha caminhada a solo.

Era vital fazeres o teu próprio caminho e evitares ser visto apenas como músico convidado?
Uma vez mais, as coisas aconteceram de forma bastante natural. Nunca tive uma natureza que me chamasse para ser um freelancer no mercado, nunca quis muito tocar com outros artistas e o que aconteceu no caso da Sara, que foi praticamente a única artista com quem andei na estrada a sério, foi que as coisas aconteceram igualmente de uma forma muito natural.

Puxando a fita até aos dias de hoje, o teu disco mais recente, “só.tão”, é filho da pandemia. Como foi isto de fazer tudo sozinho em casa?
Nós, portugueses, temos a capacidade de nos adaptarmos a diferentes universos e o que fiz foi não deixar que a pandemia me travasse nem o processo criativo, nem o facto de ter vontade de fazer música nova. Obviamente que foi uma experiência muito diferente das outras, porque sempre gostei muito de trabalhar em equipa e todos os meus discos têm várias colaborações, desde músicos a autores ou cantores convidados. Este disco é mais virado para mim, é mais introspectivo, acabei por ter que ganhar coragem para gravar alguns instrumentos com os quais já tinha alguma afinidade, mas que nunca tive coragem de me assumir tocando para gravar.

Tais como?
Sempre tive uma espécie de percussionista dentro de mim, mas nunca tinha assumido isso, e desta vez tive que o fazer. Também tenho um baixista numa das costelas e um teclista noutro sítio qualquer [risos]. Portanto, gravei guitarras, cavaquinhos, baixos, teclas, percussões, valeu tudo. Acabou por ser uma viagem muito engraçada, ainda que mais limitada do que se estivesse a trabalhar com outros músicos, mas foi muito importante e enriquecedor para mim.

Que equipamento utilizaste para compor, gravar e produzir este EP?
Não tenho todos os instrumentos que gostaria de ter, mas ainda tenho alguns de percussão, desde cabasas, cajóns, shakers, tarolas, pratos, paus-de-chuva, várias guitarras, baixos, um cavaquinho de Cabo Verde e um do Brasil, dois teclados, enfim… usei tudo o que tinha cá em casa.

Se tivesses de eleger um truque, efeito, pedal ou técnica que defina a plástica deste disco, qual seria?
Houve duas coisas muito importantes neste disco: uma é a minha parceria com a Yamaha, até porque me chegaram alguns novos instrumentos um pouco antes do isolamento, nomeadamente as guitarras Red Label. De resto, não sou músico de pós-produção, gosto de gravar já muito perto daquilo que vai ser o resultado final. Essas guitarras Red Label, juntamente com a Revstar e uma Pacífica de uma série limitada, uma guitarra com pickups P-90, foram muito importantes neste EP. Ao nível dos efeitos, o facto de ter adquirido, muito pouco tempo antes de começar a gravar, uma Line 6 HX Effects… eh pá, aquilo abriu-me todo um mundo de sonoridades. Até teclados passei pela Line 6, utilizando muitos daqueles efeitos que deram alguma profundidade a este “só.tão”. E consegui uma mistura de orgânico com caseiro, com alguns sons mais modernizados, mais estilizados, que foram fruto dessa pedaleira que me ajudou bastante neste processo de escolha de sons e na maneira como acabei por pintar o EP.

Já não consigo dar um concerto sem as minhas guitarras Yamaha Red Label

Como é que surgiu esta tua ligação com a Yamaha?
Já tocava há algum tempo com instrumentos da Yamaha e um dos responsáveis da marca em Portugal, o Ricardo Benevides, já gostava da minha música e às vezes aparecia em alguns concertos. Um dia, ficámos à conversa. Eu já sentia uma grande empatia com a marca e com o Ricardo e daí até ao endorsement se concretizar foi um processo bastante fácil. Obviamente que me orgulha muito estar associado a uma marca com a dimensão da Yamaha, que me tem permitido adquirir alguns instrumentos que de outra forma não seria tão fácil. Melhorei o meu espólio de instrumentos nos últimos anos e melhorei a minha estética musical, porque faz tudo parte de um processo evolutivo. Tenho crescido como músico na aprendizagem através do material que me tem chegado nos últimos anos.

De todo o equipamento que tens, qual é o que já não consegues dispensar?
Já não consigo dar um concerto sem as minhas guitarras Red Label, que é uma série pouco vista em Portugal, é uma série vintage, a homenagear os modelos de 1966. Quando me chegou, foi amor à primeira vista! Essa é mesmo a que elejo como a minha alma gémea e sem a qual não saio de casa quando tenho concerto.

Como funciona o teu endorsement com a Yamaha?
A Yamaha tem uma política de não oferta, ao contrário de outras marcas. Julgo que os orientais são um bocadinho diferentes dos ocidentais em questões de marketing e na forma como encaram o endorsement. Tenho um desconto de à volta de 50% na aquisição dos instrumentos, o que é excelente. A Yamaha cimenta muito as suas parcerias na questão de os músicos valorizarem os instrumentos, valorizarem a marca e daí estarem dispostos a investir. É um dar e receber, eles abdicam de uma parte e nós abdicamos de outra.

Mas tens algum contrato de exclusividade ou podes usar outras marcas?
Na verdade, nunca assinei nenhum contrato com a Yamaha, mas tenho sido bastante leal com a marca. Se for para um palco e levar um cavaquinho de Cabo Verde, não há qualquer problema, pois a marca não faz desses instrumentos, mas há abertura. No entanto, todas as guitarras que tenho usado nos últimos cinco anos são da Yamaha, sejam acústicas ou eléctricas, sejam baixos, teclados, o que for. Sou bastante leal à marca, porque tem acreditado muito em mim e no meu trabalho.

A participação no festival da Canção teve um sabor agridoce

Voltando um pouco atrás, participaste no Festival da Canção de 2020. Como foi essa experiência?
Tenho alguma dificuldade em falar sobre esse tema, mas falo. Esta questão do festival tem tido, para mim, um sabor agridoce. Se por um lado é muito bom para um autor poder participar num certame com a importância do festival, por outro, a questão da competição tira-me a vontade de participar. Tenho sempre uma resistência grande a esta questão do que é que é melhor ou pior na música. O que é que faz uma canção ser melhor do que outra? O que é que faz um autor ter direito a estar no segundo lugar, no quinto ou no décimo? No entanto, o convite era irrecusável. Quem fez a letra desse tema [“Dói-me o País”] foi uma espécie de dinossauro da música portuguesa, o António Avelar de Pinho, que esteve ligado à produção de dezenas de artistas em Portugal, esteve ligado a projectos como as Doce ou António Variações, e o facto de ele acreditar em mim e me convidar para compor um tema para uma letra dele e interpretar esse tema acabou por ter peso na minha decisão, claro. Mas depois o festival em si… deparo-me sempre com algumas questões que me incomodam e com as quais tenho dificuldade em conseguir lidar.

Entretanto, além do teu novo EP, criaste igualmente uma coisa chamada Rádio Meio Minuto. Do que é que se trata?
Começou por ser uma brincadeira. Como toco muitas vezes sozinho vários instrumentos e gravo por cima de mim próprio, então alguns amigos lançaram-me esse desafio, de eu fazer uns pequenos vídeos. Não sou editor de vídeo e isto de hoje em dia se exigir que os artistas tenham sempre muito conteúdo… bom, a verdade é que tenho sempre alguma dificuldade em ter esses conteúdos, é tanta informação e tanta gente a ter tanta coisa… Mas então acabei por arranjar uma forma de fazer esses conteúdos de uma forma caseira e prática, sem ter de pedir nada a ninguém. Saquei uma aplicação que me permite gravar em multi-pistas durante 30 segundos e a Rádio Meio Minuto é isso, é uma homenagem que faço a alguns autores de referência para mim e junto algumas canções originais. Numas semanas lanço temas de outros artistas, noutras semanas lanço temas meus, mas vou mostrando o processo de multi-instrumentismo que tem andado sempre à volta do meu processo criativo. Não só para as pessoas poderem ouvir, mas também para poderem ver os instrumentos a serem tocados em tempo real.

Sempre com África e Brasil a viajarem na tua música…
Esta questão da africanidade e brasilianidade é uma coisa que existe dentro da minha casa desde que me lembro de ser gente, portanto, acabo por não conseguir distinguir onde é que isso começa e onde acaba. Nem sequer sei qual é a influência que tem em mim, quer como músico, quer como pessoa, porque tive essa sorte de ser filho de duas pessoas que até praticamente eu nascer viviam em Angola. Isso fez com que, não só culturalmente houvesse uma influência grande dentro de casa, como também a nível de hábitos sociais e quotidianos, como receber amigos ao fim de semana. Sempre houve muitas festas e muita música e isso cresceu dentro de mim e, no momento em que decido ser músico e decido ir à procura do meu interior, acabei por encontrar todas essas coisas. Como nunca quis ter um alter-ego musical, ou seja, sempre quis que a minha música fosse o reflexo das minhas vivências, acabei por assumir todas essas coisas e rebuscar tudo o que estava guardado dentro de mim e que acabou por ter uma influência grande em mim e na minha música.

A tua participação na Rua das Pretas [espaço que reúne artistas de língua portuguesa para homenagear a música lusófona] vem igualmente daí?
Obviamente que, tendo todas essas influências, ao longo do caminho fui-me cruzando com pessoas que também gostam e entendem essas influências e fui sendo convidado para participar, também pela linguagem que tenho enquanto músico, a respiração, etc. No caso da Sara, e apesar de nessa altura ela já me conhecer, um dia entrou num bar e eu estava a tocar baixo num projecto de reggae e ela viu-me e disse: «Então, também tocas baixo?». Depois percebeu que eu tinha uma linguagem africana e convidou-me para trabalhar com ela. No caso da Rua das Pretas e de outros projectos acabou por ser um pouco a mesma coisa, sendo que o Rua das Pretas, que saiu da cabeça do Pierre Aderne, ele conhece a minha música há muitos anos e achou que me iria enquadrar bem naquele universo. Já me tinha convidado em 2011 para participar no primeiro documentário que fez e agora convidou-me para participar neste novo programa da RTP 1 [n.d.r. :vai para o ar no dia 17 de Maio às 23h45 e conta com a participação especial de nomes como Paulo de Carvalho, Tito Paris, Maria João, Rita Redshoes ou Tiago Nacarato].

A cultura gera muito dinheiro, mas (…) ficamos sempre meio que esquecidos

Voltando ao teu sótão, qual é a principal mensagem deste EP?
Mais do que querer dizer algo, senti alguma necessidade de me mostrar de uma maneira mais crua e mais despida às pessoas que já me conheciam. Os três temas têm letras distintas, não há uma temática comum em termos líricos. Apesar de os temas terem letras e música da minha autoria, há sempre uma homogeneidade, claro, que aliás procuro ter sempre nos meus trabalhos. Mas, mais do que isso, a minha vontade foi passar por esta espécie de tubo de ensaio que é: como seria se fosse eu a fazer tudo, a compor, a produzir, a tocar, a gravar, a captar? Basicamente, tive de ser técnico de som, engenheiro de áudio, músico e por aí fora.

Já tinhas alguma experiência nessa componente mais técnica?
Sim, fui ganhando ao longo dos meus discos, mas nunca fui eu a fazer. Sempre fui vendo como é que se fazia, depois, como gosto muito de alimentar a curiosidade, fui tentar perceber onde é que os microfones funcionavam melhor, acabou por ser uma busca nesse sentido. Depois, este sótão não foi construído para ser um estúdio de gravação, foi mais para eu ter um local de trabalho, de composição. E isso acabou por ser um desafio. Transformar isto numa sala de captação onde me pudesse orgulhar de lançar para o mercado um disco que as pessoas ouvissem e não percebessem de todo que tinha sido gravado com muitas limitações. E, nesse aspecto, sinto-me bastante feliz com o resultado, porque todas as pessoas têm elogiado muito a qualidade do som, portanto, nunca diriam que foi gravado em casa. Isso estimula-me a continuar a trabalhar neste tipo de condições, com este processo. Consegui transformar essa experiência em algo que resultou.

Achas que acabaste de criar um estúdio?
Não [risos]. Continuo a ter muita vontade de trabalhar com outras pessoas. Isto foi apenas um reflexo da pandemia, do isolamento, mas no próximo disco não vou querer produzir ou tocar sozinho. Mas a verdade é que se voltar a ser necessário, já sei que sou capaz de o fazer.

Para terminar, como vês, hoje em dia, a actividade artística em Portugal?
Vejo com muita preocupação. Apesar de não ser um músico de intervenção, estou sempre de antenas no ar. O papel dos nossos governantes preocupa-me imenso em relação à maneira como olham para a cultura. Somos um dos países da UE onde os músicos são mais maltratados, onde a classe artística é pouco apoiada e valorizada e isso tem um peso. Por um lado, é muito bonito que o fado ou o cante alentejano sejam património imaterial, mas, por outro lado, sinto que há quase um desprezo em relação a uma data de coisas que envolvem o sector cultural. Preocupa-me muito o facto de terem de surgir por exemplo, iniciativas como a União Audiovisual, que tem feito um trabalho extraordinário no apoio a muita gente do sector que quase não tem o que comer. Preocupa-me muito essas pessoas e gostaria muito que pudéssemos ter um estatuto em que fôssemos reconhecidos, para não termos de andar sempre aqui como se fôssemos o parente mais pobre da economia portuguesa, sendo que geramos muitíssimo dinheiro. A cultura gera muito dinheiro, mas quando chega o momento dos Orçamentos de Estado, ficamos sempre meio que esquecidos. Isso entristece-me muitíssimo.

“só.tão” pode ser adquirido através do Bandcamp de Luiz Caracol ou por encomenda via e-mail para: management.luizcaracol@gmail.com.

O GEAR DE LUIZ CARACOL

Guitarra electroacústica Yamaha FSX5 Red Label
Guitarra electroacústica Yamaha CSF3M
Guitarra acústica Yamaha FS820
Guitarra clássica Yamaha CG182SF
Guitarra eléctrica Yamaha SA-2200
Guitarra eléctrica Yamaha REVSTAR RS620
Guitarra eléctrica Yamaha Pacifica 502V
Pedaleira de efeitos Line 6 HX Effects
Amplificador Yamaha THR-30ll Wireless
Colunas amplificadas Yamaha DXR-8
Sistema de gravação Yamaha NUAGE