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Jimi Hendrix, Strats & Plexis

Jimi Hendrix, Strats & Plexis

Nero

James Marshall “Jimi” Hendrix (27 de Novembro de 1942 – 18 de Setembro de 1970) foi um músico americano, compositor, vocalista e, quiçá, o mais significativo guitarrista de sempre – se pensarmos na guitarra eléctrica apenas. O seu som é um dos mais distintos de sempre na história do rock.

No início da sua carreira, Hendrix começou por usar uma escavacada Epiphone Wilshire e uma Supro Ozark. Usaria também, mais tardiamente, modelos Gibson Les Paul e, especialmente, Flying V. Na sua colecção há também modelos bem exóticos, como a doubleneck Mosrite Joe Maphis. Mas foi a Stratocaster que marcou para sempre a sua imagem e vice-versa.

Foi a meio dos anos 60 que Jimi começou a usar guitarras Fender, a primeira foi uma Duo-Sonic. O modelo Stratocaster que acabou por se tornar o seu favorito era, em preto, de 1968. Como se pode ler em vários artigos, na AS e por todo o universo media musical, o guitarrista usava essencialmente modelos destros, apesar de ser canhoto, e isso tornou-se decisivo no seu som.

Invertendo a disposição das cordas, ao trocar as mais graves com as mais agudas, sem alterar o esquema da ponte e dos pickups, as cordas mais graves tinham um som extremamente brilhante e com muito ataque e as cordas mais agudas ficavam com o som, relativamente, meloso – o contrário da intencionalidade original dos designs. Mas os truques com o som das cordas não se ficavam por aqui.

.015

Há pouca gente que saiba mais sobre o som de Hendrix que Roger Mayer. O construtor já havia trabalhado com Jimmy Page ou Jeff Beck, construindo vários pedais de fuzz, quando, impressionado pela actuação demolidora de Hendrix no Bag Of Nails, bar da cena londrina onde o guitarrista de Seattle emergiu, lhe apresentou uma peça que carrega um mito também totalmente seu – o Octavia. Esta unidade acrescentava a famosa oitava à nota original, quando puxada à sua expressão máxima, e está especialmente celebrizada nos leads de “Purple Haze”.

É em conversa com a GuitarWorld que Mayer fala a fundo sobre o som do Mago. Afirmando que, após a oferta do Octavia ambos se tornaram amigos íntimos. Nessa conversa, Roger Mayer afirma que, tendo acompanhado Hendrix em estúdio e concerto, uma parte importante do seu som provinha do rigorosa escalonamento das cordas: «Não usávamos uma escala lisa, mas uma normal, o raio não era muito acentuado mas era, de facto, curvo. E as cordas não eram o que as pessoas possam pensar. A espessura seria algo como .010, .013, .015, .026, .032 e .038».

A distinção está na terceira corda, em .015, em vez de .017, que tornava o Sol menos proeminente no som. Já nos pickups Mayer nunca mexeu, os que vinham de fábrica nessa altura eram fiáveis. Diz o técnico de guitarra que, após várias experiências, chegaram à conclusão que «provavelmente, o Leo (Fender) acertou na mouche». Prova disso mesmo e algo peculiar no guitarrista, é a maioria, quase totalidade mesmo, das suas guitarras serem simples modelos de produção em série. Destacamos os mais célebres…

Esta Strat de ’68 era a guitarra favorita de Hendrix, segundo Monika Danneman, namorada à altura da sua morte, e foi a última com que terá tocado. Monika afirmou várias vezes que o músico tocou com este modelo na noite antes de morrer. Não se sabe muito sobre a guitarra. Isto é, que eventuais modificações poderia ter. Hendrix alcunhou-a de “Black Beauty”. Em ’68 a Fender já era propriedade da CBS e, como se sabe, os modelos dessa era não são, normalmente (e veja-se a ironia), alvo de muitos louvores.

Roger Mayer refere que o guitarrista era fã de braços em maple mas, apesar dos fretboards Strat desta altura serem em maple, há a dúvida se o fretboard seria colado ou uma peça única com o braço. O braço, em si, é delgado e o fretboard tem um raio de 7”, um padrão da Fender nessa época. O número de série da “Black Beauty” é conhecido: 222625. Actualmente, o paradeiro da guitarra não é certo.

A última vez que foi vista em público foi em 1995. Monika Danneman manteve a guitarra guardada, com enorme zelo, até ter falecido, em 1996, e nunca manifestou vontade em separar-se dela. A guitarra favorita de Hendrix estará guardada pela família de Danneman ou, especula-se, na posse de Uli Jon Roth (Scorpions) que era amigo íntimo (e até “colorido”, diz-se) e de longa data de Monika.

Também de ’68 e, tal como acontecia na altura, igual a tantas outras Strats: salvo raras excepções, as diferenças entre os modelos resumiam-se ao acabamento. A Olympic White que dinamitou o “Star Spangled Banner”, em Woodstock, no ano de 1969, possui o número de série #240981. Hendrix comprou-a em Nova Iorque.

Actualmente, é propriedade de Paul G. Allen, o homem que fundou a Microsoft com Bill Gates. O milionário mantém-na disponível ao público no EMP, museu de música e cultura pop, em Seattle. A guitarra possui corpo em alder e o braço/freatboard em maple, como referido, uma preferência do guitarrista que, ainda assim, chegou a usar modelos com fretboard em rosewood. Se não são um dos gigantes do software, mas mesmo assim têm uns trocos para gastar, há uma recente réplica desta guitarra.

Foi, precisamente, um modelo com escala em rosewood que o guitarrista incendiou e assim imortalizou, na actuação no Monterey Pop Festival, em 1967. Nesse ano foram construídas muito poucas Strats, devido ao paupérrimo número de vendas. Seria a guitarra desse ano? A pintura, com os motivos florais, fora feita pelo próprio guitarrista. Devido à cabeça de dimensões mais reduzidas (ao contrário das de ’68, por exemplo) e o reduzido espaçamento dos marcadores no 12º traste, estima-se que fosse um modelo de ’64 ou de ’65. Há um recente modelo de assinatura também.

Entre as acústicas na sua colecção, são conhecidos os modelos Martin&Co D-45 e a Epiphone FT79. A mais marcante é a raríssima, provavelmente única mesmo, Zemaitis. O luthier Tony Zemaitis, cuja assinatura era a flor-de-lis no headstock, terá construído a guitarra de 12 cordas em 1960. Zemaitis não tinha qualquer tipo de produção fabril, as suas guitarras eram completamente artesanais, sem designação de modelo, padrão de design, etc. Algo deveras particular nesta guitarra é o seu design de tensão: as cordas de harmonização (as oitavas) estão fixas na ponte e as cordas “normais” estão fixas no tailpiece.

AMPS

Até começar a construir uma parede titânica de volume, Hendrix usou um Silvertone Twin Twelve, um Supro S6420 Thunderbolt (na época em que tocou com Little Richard & The Isley Brothers). Nos seus primeiros passos a solo, Jimi passou a recorrer aos Fender Twin Reverb até que, em 1967, assinou um contrato de 5 anos com a Sunn e passou a usar o megalítico Coliseum (o modelo de 100 watts) e as colunas 100-F, com altifalantes JBL D-130 e o driver JBL L-E 100-S.

Quando a Experience entrou, “à séria”, em digressões o guitarrista juntou aos Sunn o Fender Dual Snowman, e recorria ainda a amps Marshall. Aliás, Hendrix usava recorrentemente modelos JTM45/100, como se pode ver na famosa e já referida actuação no Monterrey Pop Festival. E, quando se incompatibilizou com a Sunn, no final de ’68, os Marshall ’59 Super Lead tornaram-se essenciais no seu som. Habitualmente, Jimi usava três plexis de 100 watts, em simultâneo, ligados a seis colunas. Os lendários amps da Marshall ficaram também imortalizados pelo guitarrista, que os usou no auge da sua carreira – a marca haveria mesmo de criar o modelo de assinatura Super 100JH, um hand-wired baseado nos amps que Hendrix possuía.

Voltamos ao ano de ’69 e a Woodstock, porventura, o concerto mais memorável de Jimi Hendrix. Esta foi a sua configuração sonora…

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