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Joan As Police Woman fala de “The Classic”

Joan As Police Woman fala de “The Classic”

Nero

Joan Wasser tem ganho cada vez mais autoridade desde que vestiu a farda de Police Woman. “The Classic” é um dos grandes discos do início de 2014 e, findo o ano, irá figurar entre os melhores.

O álbum “The Classic” parece ser um disco em que convergem todas as experiências de Joan Wasser, quer as suas parcerias (Lou Reed, John Cale, Sheryl Crow, Dave Gahan, Elton John), quer os seus próprios discos. Todo esse percurso é redimensionado no experimentalismo do no álbum. Aqui ficam alguns temas da nossa conversa com a multi-instrumentista que podem ler, na totalidade, na edição online da Arte Sonora #34.

Considerando todos os diferentes locais onde gravaste, quão complicado foi o processo de mistura e masterização para que tudo soasse como “o mesmo álbum”?
O disco acabou por ser misturado muito rapidamente. Já havíamos feito uma mistura com outro engenheiro, mas não nos parecia totalmente certa. O Tyler [Wood] havia feito algumas pré-misturas bastante cruas e nada se aproximava disso. Como estávamos apertados de tempo acabámos por retocar essas ao longo de 4 dias no seu estúdio, em Bed-Stuy, e daí seguiu para masterização.

Ainda que tenhamos gravado em vários estúdios, todos com salas de acústica diferente, microfones, alguns em digital outros em fita, o tratamento dos instrumentos e a forma como o Tyler abordou a captação permaneceu sempre muito similar. Uma vez que tudo foi gravado com muito propósito e com atenção aos sons que iam “ficar”, o trabalho de manter o som do álbum coeso esteve mais no campo das escolhas estéticas. Estava já adquirido um paladar sonoro consistente, graças à instrumentação, arranjos e sons. Portanto, o objectivo básico na mistura (além de obedecer ao prazo bastante apertado!) era honrar as canções individualmente, principalmente a voz, e mantê-las tão dinâmicas quanto possível. O Fred Kevorkian fez um excelente trabalho a colar tudo isto na masterização.

Estava já adquirido um paladar sonoro consistente, graças à instrumentação, arranjos e sons

Que microfone usaste, essencialmente, para gravar a tua voz?
Na maior parte do tempo usei um Bock 251, usei em algumas partes um Aea de fita.

Divertido e inventivo. Cheio de balanço, propósito, elegância e virtuosismo. “The Classic” é um álbum para figurar nas listas de melhores de 2014.

Divertido e inventivo. Cheio de balanço, propósito, elegância e virtuosismo. “The Classic” é um álbum para figurar nas listas de melhores de 2014.

Já referiste o Tyler Wood. Com que outros músicos trabalhaste no álbum, com a tua “equipa” habitual ou com algum “sangue novo”?
Neste álbum trabalhei com muitas pessoas com as quais trabalhei no passado e um novo convidado especial. A secção rítmica é a que tem estado há algum tempo em digressão comigo. O Parker Kindred [bateria] tem estado na banda desde o meu segundo disco, “To Survive”, e o Tyler juntou-se pouco depois. Também fizemos o disco anterior, “The Deep Field”, juntos.

Os sopros têm sido os mesmos desde o primeiro álbum, “Real Life”: Steven Bernstein [trompete], Briggan Krauss [saxofone] e Doug Wiesleman [saxofone], com os arranjos a cargo do Steven e do Doug. Estes tipos são de elite.  Os coros femininos também são os mesmo do álbum anterior, a Toshi Reagon, a Stephanie Mckay e a Michele Zayla, todas elas cantoras extraordinárias. Também tive o Joseph Arthur a cantar e/ou tocar em todos os meus discos. Ele é muito bom a fazer acontecer o “momento”. Nunca fiz música com outra pessoa capaz de ser tão livre. É extremamente inspirador. O Nathan Larson também cantou no disco anterior. Ele acumula vozes como ninguém. Podia ouvi-los solar eternamente.

E o convidado especial?
É o Reggie Watts. Tem uns riffs no final de “Holy City” e faz beatbox em “The Classic”. Este cavalheiro é a 8ª maravilha do mundo. Nem quero tentar explicar. Vejam apenas algum do seu material, quer as suas palavras quer a sua música, no YouTube e a vossa vida mudará para sempre.
Agradeço tremendamente a todos pela contribuição. Este álbum não aconteceria sem todos eles.