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A História de Layla

A História de Layla

Nero

A mistura explosiva das guitarras de Eric Clapton e Duane Allman foi inspirada num épico romântico do antigo Império Persa.

O que fazer quando estás sozinho, sem ninguém ao teu lado? Aquilo que Eric Clapton fez foi escrever um dos melhores riffs de sempre. Escrita com duas partes contrastantes, a primeira por Clapton e a coda, conduzida a piano por Jim Gordon, “Layla” tornou lendário o álbum “Layla And Other Assorted Love Songs”, dos Derek And The Dominos, em 1970. Muito mais por culpa da metade mais “eléctrica” em que Clapton e Duane Allman dobram e harmonizam aquela guitarrada inigualável.

A história de “Layla” começa há muito, muito tempo atrás. Na transbordante riqueza do Império Persa do século XII nasceu Nizami Ganjavi, que viria a tornar-se no mais celebrado poeta de romances épicos na literatura persa, até aos dias de hoje. Um dos poemas mais famosos de Nizami é o conto de “Layli o Majnun”, que por sua vez foi adaptado de um conto árabe ainda mais antigo.

No conto, o jovem Majnun apaixona-se perdidamente por Layli, mas o pai da jovem impede-os de se encontrarem. Majnun passará todos os seus dias a escrever poemas para Layli e a cantá-los em público, mas nada demove o pai da jovem que a força a casar-se com outro homem. Majnun enlouquece e passa a habitar o deserto, caminhando nu, como mais uma fera selvagem. Layli preserva a sua virgindade, resistindo aos avanços do esposo até que este morre. Os jovens podem estar juntos, mas Layli descobre sobre a demência de Majnun e morre de desgosto. Eventualmente, Majnun procura a sua amada e descobre o túmulo. Majnun deixa-se morrer aí e os jovens são enterrados juntos…

Há uma outra pista em que estão gravados os solos duplicados de Allman e Clapton, com ambos os guitarristas a usarem simultaneamente um amp Fender Champ.

Em 1970, o amor não correspondido de Clapton por Pattie Boyd, a esposa do seu amigo George Harrison [Beatles], tornou-se a forma blues do conto de Layli e Majnun. Para a gravar, Clapton convidou um guitarrista que admirava profundamente, Duane Allman, e que conduzira os The Allman Brothers Band ao estatuto que, ainda hoje, possuem. A química entre ambos os guitarristas é evidente ao longo do tema e, se Allman não tivesse morrido em 1971, num acidente de mota, talvez a história de Clapton fosse bem diferente nos dias de hoje.

“Layla” possui uma pista de guitarra ritmo tocada por Clapton, três pistas harmonizadas (em que Clapton toca o riff principal em stereo e faz duas harmonizações em cada um dos lados da mistura) e ainda os solos tocados por Duane Allman. Além disso, há uma outra pista em que estão gravados os solos duplicados de Allman e Clapton, com ambos os guitarristas a usar, simultaneamente, um amp Fender Champ. Uma extravagância de som!

A canção teve pouco sucesso na altura em que foi editada, mas foi crescendo junto do público e crítica especializada até se tornar, em 1972, um sucesso nas tabelas do Reino Unido e Estados Unidos, embora nunca tenha atingido o número 1. Em 1992, a canção ganhou uma nova vida, já sem a coda, tocada a piano, quando foi re-arranjada para o “MTV Unplugged” de Clapton. É considerada uma das melhores músicas da história do rock.

O João Luzio, transcreveu-a, no riff eléctrico e no unplugged. Amps no prego!

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