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NOS Primavera Sound’17: 12 Concertos a não perder

NOS Primavera Sound’17: 12 Concertos a não perder

António Maurício

Não sabes o que priorizar no Primavera? A arte sonora dá-te uma ajuda.

O Primavera Sound é um festival que não podes, nem consegues resumir a um género musical ou estilo, a diversidade está sempre presente como imagem de marca e este ano não é excepção. Com um cartaz com mais de 40 artistas, vai ser difícil decidires o que não podes perder. Mas não te preocupes, vamos tratar disso.

Vamos começar pela electrónica, e neste caso é bastante simples, Aphex Twin é simplesmente uma performance à qual não podes falhar. Aphex Twin ou Richard David James é inquestionavelmente uma figura tão enigmática como criativa e influente. Quem mais comprou um mini-tank, um submarino, viveu dentro de um banco e produziu faixas tão diferentes que ninguém diria serem do mesmo artista? Desde músicas como a “Avril 14th“, liderada por um piano, “Flim“, ou até a mais recente “aisatsana [102]“, James tem indubitavelmente talento para criar melodias calmas. Mas o talento também serve para o caos. Músicas como “Ziggomatic 17” ou “Come To Daddy” são rápidas e duras, precisamente o contrário das anteriores. Não esquecer ainda a “Windowlicker“, que por ser possivelmente a música mais popular e “acessível” do artista, não deixa de fugir ao experimental, ao inesperado e ao bem produzido. Uma versatilidade impressionante.

É impossível nunca teres ouvido a “D.A.N.C.E” dos Justice. O duo francês constituído por Gaspard e Xavier já anda pela música há mais de dez anos e especializa-se em criar electrónica com esse mesmo objectivo, dançar. As batidas pujantes de “Safe And Sound“, “New Lands” ou “DVNO” juntam-se às vocais profundas que rompem sobre os instrumentais e vão fazer com que no mínimo abanes a cabeça (no mínimo!).

Flying Lotus é um nome que está cada vez mais relevante no mundo da produção electrónica experimental. O produtor oriundo da Califórnia lançou o seu último álbum, “You’re Dead!” em 2014, uma mistura de electrónica, jazz e hip-hop mas que é coeso num todo. Faixas como “Never Catch Me (feat. Kendrick Lamar)” ou “Massage Situation” mostram o seu lado melódico e relaxado, enquanto que “Zodiac Shit” reflecte o seu lado experimental e “Do The Astral Plane” é aquele tipo de electrónica que te faz mexer os pés.

Continuando o nosso roteiro até bandas que têm o rock como base, vamos começar por sublinhar Swans. A banda liderada por Michael Gira é uma referência no rock experimental pela sua originalidade e criatividade, não sendo comparável a muitas outras. Os Swans são conhecidos pelas suas faixas extensas e progressivas que se vão desenvolvendo gradualmente, tal como é o caso de “The Seer” ou “Cloud of Unknowing“, que têm respectivamente 32:14 e 25:13 minutos de duração. Mas existe espaço para músicas mais curtas como “When Will I Return?” ou “Blind“, que nunca perdem qualidade nem se separam do estilo melancólico característico.

Cymbals Eat Guitars, que se especializam num rock mais indie, com influências do noise e do shoegaze. Com estes senhores podes esperar um concerto com letras fortes e performances vocais afinadas através de músicas como “Places Names” ou “Have a Heart“. Se preferires ritmos mais rápidos tens a “Warning” com uma guitarra que hipnotiza sempre que aparece depois de refrão ou a “Beam” retirada do novo álbum.

Os Japandroids à semelhança dos Justice também são um duo, mas este duo faz as honras com rock de garagem puro. Apenas com uma guitarra e uma bateria, o Brian e o David parecem uns quatro ou cinco. Com o mais recente projeto lançado este ano, os Japandroids vão trazer energia e emoção através de um rock potente como já nos têm habituado em músicas como “The House That Heaven Built“, que é considerada o hino oficial da banda, ou “Near To The Wild Heart Of Life” do novo álbum. “Crazy/Forever” ou “No Allegiance to the Queen” já fazem parte de um reportório mais antigo mas seriam muito bem-vindas ao vivo.

Com apenas um EP editado, os Cigarettes After Sex não têm de todo muitas músicas. Mas as que têm são boas, muito boas. Técnicos num Dream Pop lento e sereno que te vai deixar com os olhos vidrados no palco, esta é uma banda que consegue criar um ambiente contemplativo, sentimental e até nostálgico. “Nothing’s Gonna Hurt You Baby” ou “Affection” têm que entrar na setlist, obrigatoriamente, e “Each Time You Fall In Love” que pertence ao iminente álbum, (que sai um dia depois do concerto) idem idem, aspas aspas.

Combinando instrumentais electrónicos com a sua voz precisa, Sampha é um talento que precisa de ser visto e ouvido ao vivo. Antes de lançar o primeiro álbum Process em 2017, o músico britânico já tinha colaborado com Frank Ocean, Drake, Kanye West, entre outros, em diferentes ocasiões. “(No One Knows Me) Like the Piano” é uma excelente exibição da sua voz, que encaixa com exactidão na balada levada a cabo pelo piano. Por sua vez, “Blood on Me” ou “Reverse Faults” traduzem a sua naturalidade em fluir nas produções electrónicas.

Bon Iver, que são normalmente reconhecidos como uma banda folk, modificaram bastante o seu som caracterizante com o último álbum: 22, A Million. A música continua no género folk, mas está mais electrónica e muito mais experimental do que o habitual. “666 ʇ” ou “10 d E A T h b R E a s T ⚄ ⚄” são exemplos perfeitos desta nova veia experimental do grupo, enquanto que “33 “GOD“” ou “29 #Strafford APTS” já se relacionam um pouco mais com o “padrão” a que nos habituaram. E claro, também esperamos uma performance de “Skinny Love“.

O Hip-Hop do Reino Unido está cada vez maior e mais relevante, e um dos líderes do movimento é sem dúvida Skepta. O rapper proveniente de Tottenham especializa-se em Grime, um sub-género também de origem inglesa que se reproduz em instrumentalizações rápidas e agressivas, tal como as rimas de Skepta. “Shutdown” ou “It Ain’t Safe” retiradas do último álbum são exemplos perfeitos da intensidade e energia que vais poder sentir ao vivo, mas também esperamos por faixas menos recentes e igualmente fortes como “Ace Hood Flow“.

EL-P e Killer Mike já se conheciam antes de fazerem uma tour juntos, em 2012, mas foi nesse momento que perceberam através da sua dinâmica que tinham que formar o supergrupo Run The Jewels. Desde aí nunca mais se separaram e já fizeram quatro álbuns, todos disponibilizados de forma gratuita. Este duo tem um hip-hop sem papas na língua que ataca tudo e todos, sendo claramente anti-sistema/anti-política e criticando frequentemente a sociedade dos Estados Unidos e do mundo em “Talk to Me“, “Don’t Get Captured” ou “Lie, Cheat, Steal“. Por outro lado, também gostam de exibir beats e punchlines que te deixam de boca aberta e sobrancelhas levantadas em faixas como “Panther Like a Panther (Miracle Mix edit) [feat. Trina]” ou “Get It“.

Por último, mas definitivamente não menos importante, Death Grips. Praticam hip-hop, mas o género não os define, nem de perto. O trabalho de MC Ride, Zach Hill e Andy Morin é experimental, industrial, caótico, turbulento, estrondoso, é muita coisa. No entanto, no meio da confusão têm o talento para criar música incomparável. Ama verdadeira anarquia em formato musical. “Bubbles Buried in This Jungle” ou “No Love” vão deixar-te com a cabeça à roda, mas ainda assim tens músicas mais “calmas” (como quem diz) como “Get Got” ou “I’ve Seen Footage“.

O NOS Primavera Sound regressa ao Parque da Cidade, no Porto, de 8 a 10 de Junho. Os passes gerais já se encontram esgotados, mas ainda podes comprar um bilhete diário pelo custo de 55€.

Para mais informações consulta nosprimaverasound.com.

Foto: © Hugo Lima