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Nuno Calado, “The Story Of Anvil”

Nuno Calado, “The Story Of Anvil”

Redacção

Adepto confesso de sonoridades mais alternativas, Nuno Calado (da Antena 3) é um fã do documentário em que Sacha Gervasi desce com os Anvil ao inferno do amadorismo e retrata o indomável espírito do heavy metal que transporta a banda de regresso à glória.

Em 2014, o Nuno Calado passou a colaborar regularmente com a Arte Sonora. O radialista da Antenas 3, curador do Indiegente, propunha-se a apresentar-nos documentários musicais em cada uma das nossas edições impressas. O primeiro filme escolhido foi “Anvil! The Story Of Anvil”. O documentário foi realizado por Sacha Gervasi e conta com entrevistas a gigantes como Slash, Tom Araya, Lemmy, Scott Ian ou Lars Ulrich. Estreou em 2008, para estrondosa aclamação.

Vale a pena recordar as palavras do Nuno Calado sobre esta pérola documental, agora que a banda foi confirmada para a edição de 2020 do SWR Barroselas Metalfest. O vídeo, que acompanhava a edição impressa, segue em baixo. O artigo original foi editado na AS#34 e rezava assim…

«O primeiro documentário que vos trago é um daqueles que recomendo vivamente. Porque enquanto há emoção há televisão e, neste caso, há uma história imensa para contar. Uma história muito engraçada, que é a história dos Anvil. Uma banda canadiana que chegou a andar em digressão com os Bon Jovi e os Scorpions. Uma digressão que foi “até à China” e em que todas as bandas que tocaram nela ficaram famosas, excepto os Anvil… Os canadianos tinham um álbum, “Metal on Metal” (1982), como ponto alto de uma carreira que, daí em diante, foi sempre, sempre, a descer.

O curioso é que é um fã da banda que agarra neste projecto e passa imenso tempo com eles, mesmo na altura em que a banda está practicamente no esgoto! Só o baterista “Robbo” Reineri e o guitarrista/vocalista, “Lips” Kudlow se mantém como membros originais e a banda não tem sequer dinheiro para gravar um disco e tem que pedir o dinheiro emprestado à irmã de “Lips”. Depois, vão tentar fazer digressões. Digressões muito mal organizadas.

O novo guitarrista apaixona-se pela rapariga de Leste que, supostamente, deveria ser a manager deles nessa digressão, mas que os faz perder comboios, não receber dinheiro, trinta por uma linha… Um verdadeiro drama (no sentido literal) ver a história daquelas personagens, daqueles homens que se conheceram com 15 anos de idade e que, 30 anos depois, ainda têm brigas tremendas, mas que ao mesmo tempo nunca conseguem desistir daquilo. Ver o optimismo com que se atiram às coisas, acreditando sempre que desta vez é que vai dar certo e… Nunca dá certo!

Até que, a certa altura, decidem voltar a contactar o produtor do “Metal on Metal” (Chris Tsangarides), uma autoridade que trabalhou com Thin Lizzy e outros nomes grandes. E aí há um renovar de esperança. Esse disco corre muito bem e eles , de repente, voltam a tocar para pavilhões cheios. Nessa digressão, na actuação final, com a casa cheia, o realizador do documentário acaba por subir ao palco e tocar bateria com eles, numa espécie de homenagem que os Anvil lhe fazem, a esse fã que sempre acreditou neles e fez tudo para os acompanhar desde a fase mais degradante que possam imaginar.

Há lágrimas e há riso. “Anvil! The Story of Anvil” é um documentário em que as emoções estão sempre à flor da pele. Isto leva-nos a pensar que, muitas vezes, as bandas podem não ser tão interessantes assim musicalmente,  sem estar a dizer se será ou não o caso dos Anvil – para muitos será, pois é um metal muito datado, muito estereotipado -, mas a verdade é que a história é muito, muito boa e por isso essas emoções estão lá do inicio ao fim».