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War On Drugs, Onirismo, Firebirds & Jazzmasters

War On Drugs, Onirismo, Firebirds & Jazzmasters

Nero

Quando Adam Granduciel nos confessou o quão catártico “Lost In The Dream” foi para si e nos falou dos seus amps e guitarras.

O triunfal “Lost In The Dream” foi analisado por Adam Granduciel, em entrevista com a AS, quando a banda passou pelo NOS Alive (podem ver a entrevista integral, em vídeo, no player em baixo).

Devido aos detalhes sonoros de “Lost In The Dream”, o frontman de War On Drugs pode parecer um tipo meticuloso, mas na realidade é um nefelibata. Mais dado à exploração nas sessões de estúdio que à obsessão com esses detalhes sonoros.

Adam Granduciel diz-nos que, mesmo num álbum tão “molhado” de efeitos como “Lost In The Dream”, é a composição que influencia o equipamento e não o equipamento que influencia a canção: «Faço overdubs a tocar outras ideias e as músicas começam a revelar-se de diferentes formas. Aí começo a sentir-me muito entusiasmado. Adoro quando a música abandona aquele estado de construção e passa para a fase de produção».

A exploração, nessa fase, acaba por preencher o espaço de canções simples. É na soma de camadas à estrutura que surge a densidade do som dos War On Drugs e também aqueles apontamentos diferenciadores, como no início de “Under The Pressure”: «É um hi-hat simples, mas a passar através de delay que fiz ao alterar, manualmente, a velocidade da fita por 30 segundos, porque é tudo relativo quando voltas à velocidade normal, há imensa derivação na fita a voltar ao sítio. É fixe, podes fazer todo o tipo de coisas».

Talvez por maior maturidade, “Lost In The Dream” transporta maior cuidado nos momentos de exploração quando comparado aos anteriores e maioritariamente instrumentais “Wagonwheel Blues” e “Slave Ambient”.

Apanhado pelo vórtice de estética musical para os nascidos no final dos anos 70, início dos 80, Adam Granduciel, da mesma forma que possui o sentido de risco de coisas que antes de ser cool ser indie já eram indie, como Sonic Youth ou Dinosaur Jr., acolhe também um sentido melódico de guitar hero ou a força emocional de quem ouve Dylan ou Springsteen.

Musicalmente isso significa que War On Drugs «nunca fez parte de nenhuma “cena” específica, por isso não acho que haja um grupo de pessoas ou bandas que sintam que nós os deixámos mal. Sinto que temos explorado um pouco de tudo. Sempre gostei disso porque nunca fui um miúdo incrivelmente fã de indie. Sempre tive todo o tipo de amigos, desde pintores a jogadores de futebol. Não acho que temos que tomar uma decisão. Vamos apenas continuar a fazer a música que gostamos. Talvez nos tornemos um pouco mais mainstream, mas não acho que termos de enfrentar esse tipo de questão envolva abandonar pessoas ou trair os valores da banda».