De 8 a 11 de outubro, o MIL – Festival e Convenção ocupou o Beato Innovation District e a recém-inaugurada Casa Capitão, em Lisboa, com mais de 56 concertos e 50 atividades dedicadas a repensar o papel da cultura na sociedade contemporânea.
Lisboa voltou a ser palco da descoberta musical com o MIL – Lisbon International Music Network, reunindo artistas emergentes e projetos de música alternativa de vários géneros. Durante quatro dias, o público pôde conhecer novas propostas nacionais e internacionais que exploram o rap, eletrónica, pop experimental, folk e fusões inovadoras.
Entre showcases, debates e momentos de encontro entre profissionais e curiosos, o festival afirmou-se novamente como um espaço de partilha, experimentação e diversidade sonora. O MIL desdobra-se em Convenção Internacional e Festival de Música, promovendo a descoberta, promoção e internacionalização da música popular atual, ao mesmo tempo que oferece formação e oportunidades de networking para quem vive e trabalha na cultura.
Mais uma edição do MIL, mais um ano de vontade em mostrar o pulso da nova música portuguesa e internacional com pontes criadas entre Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola, Espanha, Bélgica, França e muitos outros países.
O Beato, com a sua energia urbana e espaços versáteis, ofereceu o palco ideal num ambiente descontraído, mas repleto de urgência criativa, que refletiu na perfeição o espírito do MIL: um ponto de encontro entre inovação, cultura e novas formas de fazer e sentir música.
A lente da Arte Sonora passou no MIL pelo olhar da fotógrafa Rita Costa.
No dia 9, o MIL revelou a vitalidade e a diversidade que definem o panorama alternativo atual, com atuações que cruzaram o hardcore, o psicadelismo, o noise-pop, a eletrónica distorcida e o rap de forte carga poética. Os Clericbeast, vindos do Montijo, abriram a noite no Sótão com uma descarga de energia e emoção crua. O grupo explorou o peso do hardcore e metalcore com uma abordagem pessoal e cinematográfica, marcada por atmosferas densas e temas de superação.
Seguiram-se os Travo, de Braga e Porto, que incendiaram o palco Anexo – Unicorn Stage com a sua fusão de psicadelismo e garage rock. Com “Astromorph God”, o quarteto consolidou a reputação de uma das bandas portuguesas mais entusiasmantes a circular pela Europa, com atuações intensas e um som visceral que não deixa ninguém indiferente.
No Rés do Chão, os VEENHO deram continuidade à noite com o seu noise-pop emotivo e abrasivo. O grupo, que regressou em força com o álbum “Lofizera”, trouxe à superfície a tensão entre o caos e a melodia, reafirmando-se como uma das propostas mais autênticas do indie nacional.
Ainda no mesmo espaço, o duo polaco VGTBL.PL transformou o ambiente com uma performance surreal e divertida, onde som e imagem se fundiram em hinos glitchy e pós-internet. O hiperpop caótico e teatral aliado a uma estética visual irreverente.
Mais tarde, no Anexo, os suecos The Family Men trouxeram uma avalanche sonora marcada por distorções, loops e improvisação eletrónica.
A encerrar a noite, o rapper brasileiro Zudizilla subiu ao palco do Sótão com a força das suas rimas poéticas e conscientes. Misturando hip-hop, soul, jazz e referências da música popular brasileira, ofereceu um concerto intenso e carregado de mensagem, reafirmando o seu lugar como uma das vozes mais relevantes da cena alternativa lusófona.
O terceiro dia do MIL Festival voltou a provar que o evento é um espaço onde estilos distintos coexistem com naturalidade. Do rock cru ao electropunk, da pop conceptual à urgência estudantil do indie português.
Começámos a noite na Praça com os 800 Gondomar, que trouxeram o seu rock distorcido e caótico, marcado pela atitude suburbana e irreverente que os caracteriza. Vindos de Rio Tinto, os músicos mostraram porque são hoje um dos nomes mais consistentes da cena alternativa nacional, num concerto explosivo que fez jus ao estatuto conquistado com “São Gunão” e à energia das suas digressões internacionais.
Logo depois, no Sótão, a espanhola Azuleja apresentou o seu universo pop provocador e hiperconsciente. A jovem artista desmonta o conceito de “cringe” e transforma-o em afirmação criativa, unindo vulnerabilidade e ironia num espetáculo que equilibra crítica social e autoconfiança, com uma presença magnética e canções que oscilam entre o humor e a introspeção.
No Anexo – Unicorn Stage, os Marquise, vindos do Porto, mostraram que o rock jovem português está em plena forma. A banda exibiu a maturidade de um projeto que nasceu das ruas e cresceu com naturalidade, combinando frescura e intensidade num concerto que foi tanto catártico como afirmativo.
Quase em simultâneo, o Rés do Chão transformou-se num reduto de energia eletrónica com os YARD, trio irlandês que funde pós-punk e eletrónica industrial numa descarga sonora e visual.
















































