Os Lacuna Coil voltaram a Lisboa com o mesmo vigor que os tornou referência incontornável do metal moderno.
A digressão de apresentação de “Sleepless Empire” trouxe os Lacuna Coil ao LAV – Lisboa ao Vivo, onde uma sala esgotada os recebeu em apoteose na noite de 17 de outubro.
Antes de os Lacuna Coil tomarem conta do palco, coube aos Nonpoint a tarefa de aquecer o público e fizeram-no com a energia que lhes é característica. Liderados pelo carismático Elias Soriano, os norte-americanos mostraram porque continuam a ser uma das formações mais consistentes do nu-metal. O alinhamento, curto mas certeiro, trouxe momentos de pura descarga elétrica com temas como “Chaos And Earthquakes”, “Ruthless”, “What A Day” e “Bullet With a Name”. Houve ainda tempo para ouvir uma versão de “In The Air Tonight”, de Phil Collins.
A sua atuação deixou o LAV – Lisboa ao Vivo em ebulição e preparou, com eficácia e carisma, o terreno para o regresso triunfal dos italianos.
O reencontro dos Lacuna Coil com os fãs portugueses foi tudo menos morno. Assim que as luzes se apagaram e os primeiros acordes ecoaram, a ansiedade acumulada ao longo dos anos deu lugar à euforia. Um a um, os músicos ocuparam o palco até que Cristina Scabbia e Andrea Ferro surgiram ao centro, sob aplausos estrondosos. Com “Layers of Time” e “Reckless”, os Lacuna Coil deixaram claro ao que vinham: um início fulminante que incendiou o ambiente e manteve o público em êxtase até ao fim.
O espetáculo equilibrou a força dos temas novos com a nostalgia dos clássicos. “Sleepless Empire” mostrou-se coeso e poderoso ao vivo, com momentos intensos em “Hosting the Shadow” e “In the Mean Time”, ambos recebidos como se fossem já velhos conhecidos. Entre canções, Scabbia agradeceu o calor do público, confessou o seu amor por Lisboa e, claro, pelos inevitáveis pastéis de nata. Ferro respondeu com a sua habitual presença física e comunicativa, incitando a multidão a não abrandar por um segundo. Infelizmente, o som, por vezes, chegava-nos um pouco “embrulhado”.
A setlist percorreu quase três décadas de carreira, de “Kill the Light” e “Die & Rise” à revisitação de “Heaven’s a Lie XX”, num momento de comunhão total, com a sala inteira a cantar a capella. A intensidade prosseguiu com “In Nomine Patris”, “The House of Shame” e “Blood, Tears, Dust”, faixas que reafirmaram a ligação visceral da banda ao seu público.
Visualmente, o concerto foi uma explosão controlada: luzes vermelhas e fumos densos criaram o ambiente perfeito para a teatralidade Lacuna Coil, enquanto Scabbia dominava o espaço com gestos elegantes e uma voz que continua a desafiar o tempo. Ferro complementava-a com uma energia crua, transformando cada refrão num grito coletivo.
O encore trouxe mais surpresas, “The Siege” e “I Wish You Were Dead” confirmaram que o novo álbum não vive à sombra do passado, mas ao lado dele, sem esquecer “Swamped XX”. A fechar, “Never Dawn” deixou Lisboa em êxtase e a banda a receber uma ovação de vários minutos.
Ficou a sensação de que o tempo não passou ou, se passou, apenas tornou os Lacuna Coil mais consistentes, mais seguros e mais humanos. Em 2025, o império continua desperto.
























































































