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2020: Os Destaques do Ano Louco da Fender

2020: Os Destaques do Ano Louco da Fender

Nero

2020 será um dos anos mais estranhos de sempre nos livros de história e o da Fender não foi diferente. Houve muito drama, decisões controversas e muitas novidades como a American Professional II, Acoustasonic Stratocaster, Parallel Universe II, os amps Mustang GTX ou os Tone Master Blonde.

Diz-se de todos os anos, mas 2020 jamais será esquecido. Mesmo! Todos terão as suas histórias sobre o infame coronavírus, que não poupou nada nem ninguém. Mas, nesta altura de balanços convém falar também das coisas positivas que o ano nos trouxe e, no que respeita à música, poucos tiveram um ano tão louco e volátil como a Fender.

Ainda no início do ano, numa altura em que tudo corria dentro da normalidade e as notícias vinham, como de costume, do Centro de Convenções de Anaheim, durante a Winter NAMM, a marca californiana via-se forçada a assumir algumas práticas tenebrosas. Num acordo com o governo britânico, o departamento europeu da Fender admitiu a sua culpa na desvirtuação de preços em lojas online e viu atenuada a sua penalização. A marca teve que pagar uma multa de 4.5 milhões de libras.

Poucos dias depois, aparentemente sem qualquer relação, a marca mudou de proprietário. A Servco, um dos investidores que resgatou a Fender das garras da CBS, nos anos 80, adquiriu acções da TPG Growth com quem partilhava a liderança e tornou-se na principal accionista da FMIC.

NAMM

Todavia, as novidades eram (e permaneceram ao longo do ano) muitas e entusiasmantes. Desde logo, ainda na Winter NAMM (que em 2021 será realizada em moldes muito diferentes), viu-se a chegada previsível, mas não menos impactante, das Acoustasonic Stratocaster. Uma vez que se trata de uma expansão da gama Acoustasonic, as características são mantidas na sua maior parte, caso do som Stringed Instrument Resonance System, tecnologia Fender, em conjunto com o design da Fender e da Fishman, Acoustic Engine. A maior diferença para a Tele é que neste modelo existe três vozes para seleccionar com o switch. Mas surgiram algumas inovações que podem verificar no artigo original.

No certame de Los Angeles foi ainda anunciado o espetacular regresso de uns modelos beras dos anos 80 e dentro do aparatoso universo hair metal, as históricas guitarras Lead e Heavy Metal. Foi também aí apresentada a já tradicional colecção de modelos de edição limitada da Fender Custom Shop, com o regresso da gama Parallel Universe. Ainda da Custom Shop surgiu a excentricidade Fender & Saleen Automotive Stratocaster 1 e os modelos de celebração do 70º aniversário da Broadcaster.

ASSINATURAS

Ainda na NAMM chegaram alguns canhões de assinatura. A Rocky Strat, de George Harrison, por emblemática que seja, foi mais uma homenagem ao legado do Silent Beatle que um instrumento pensado para a maioria dos guitarristas. Mas em Janeiro chegaram também duas assinaturas mais utilitárias.

Foi ainda no Verão de 2019 que surgiu a pista de uma nova guitarra de assinatura de Jim Root dos Slipknot. A Jim Root Jazzmaster V4 aí está oficialmente apresentada. A Fender tornou a colaborar em proximidade com o guitarrista do Iowa, para criar um modelo Jazzmaster com um som brutal, feito para riffs de peso demolidor. A guitarra surge equipada com os seus pickups activos open-coil, os EMG Daemonum. Mais info no artigo original.

E aquela que é uma estreia para a Fender é a Tom Morello “Soul Power” Stratocaster. A guitarra é baseada no modelo Designer Series Strat modificado que Morello usou na época dos Audioslave. O corpo é em alder, com biding. O braço é em maple com perfil Deep “C”, escala em rosewood de raio composto 9.5”-14” e 22 trastes médio-jumbo. Os PUs são um humbucker Seymour Duncan Hot Rails (ponte) e dois Fender Noiseless. A ponte recuada é Floyd Rose, com sistema locking tremolo. Mais detalhes aqui.

Já no segundo semestre de 2020, chegaram as assinaturas de Kenny Wayne Shepherd (mais uma), de H.E.R. (a primeira assinatura de uma mulher afro-americana), de Brad Paisley e de Tash Sultana. No entanto, o grande canhão neste conceito de instrumentos foi o modelo de assinatura de Brent Mason, equipado com os mods originais da estrela country. Esses mods incluem um trio de pickups custom da Seymour Duncan, controlos especializados e o upgrade definitivo na Tele: um sistema Glaser Bender para canalizar um som autêntico de steel guitar. A guitarra existe na versão Custom Shop (com acabamento relic e limitada a 60 réplicas) e em linha de produção normal (na imagem de abertura), com um valor em torno dos dois mil e quinhentos paus.

NOVAS GAMAS

Depois, no espaço da Summer NAMM (que já não teve lugar) chegaram novos modelos à gama Player Series. A gama recebeu cinco novos modelos, incluindo actualizações aos modelos Mustang e Duo-Sonic, que já tivemos oportunidade de testar em vídeo, e um novo Mustang PJ Bass. Os novos modelos já estão disponíveis através do website oficial Fender.com e nas lojas locais, em várias opções de acabamentos como Firemist Gold, Desert Sand, Aged Natural ou Burgundy Mist Metallic. podem descobrir mais detalhes no nosso artigo que apresentou as novidades.

Na Summer NAMM 2019, em Nashville, a marca californiana estreou uma nova gama digital, a Tone Master Series (não confundir com os modelos de amps dos anos 90), através versões digitais de dois clássicos blackface da marca, o Deluxe Reverb e o Twin Reverb. Já este ano, a Fender aumentou a sua oferta nesta gama, criando versões blonde dos modelos na gama. Os novos amps (chegam ao mercado em Setembro) incluem também colunas diferentes em relação aos originais, desta vez equipados com altifalantes Celestion G12 NEO Creamback, para dar um gostinho mais rock ‘n’ roll.

Depois, a Fender apresentou os novos Mustang GTX. Em press release, a marca chama-lhes «uma arrojada actualização ao nosso poderoso amp Mustang; agora com um imparável som e estilo, pronto para palco». Com modelagem de amps clássicos e modernos da Fender, como os Blues Jr. e Vibro King, além de uma hoste de novos efeitos como Pitch Shift e “Ram” Fuzz, a GTX Series dá-te uma autêntica coleção de amps de estúdio. E ainda a capacidade para fazer download a milhares de presets adicionais ou controlo wireless através da nova app Fender Tone 3.0.

Já íamos em Outubro quando chegou a gama American Professional II, que vem fazer uma actualização à gama American Professional que, no final de 2016 (com apresentação na Winter NAMM 2017), substituiu os modelos American Standard. Esta nova série de instrumentos surge acompanhada do vídeo de campanha “The One. For All” (no fundo do artigo) e conta com os formatos Strat, Tele, Jazzmaster, nas guitarras, e Precision e Jazz, nos baixos. Há várias novas características, destacando-se, desde logo, as opções de switching. Os instrumentos possuem sistemas push-pull nos novos pickups V-Mod II, aumentando bastante a sua versatilidade sónica. Para descobrir aqui.

A Fender estreou também os Ukeleles Fullerton Series. Com corpos em formatos clássicos da Fender, sistema pré-amp integrado, com afinador no circuito e ponte “no-tie” bridge. Os novos ukeleles da Fender possuem um design aproximado a formatos de corpos clássicos da marca, nomeadamente o das guitarras Stratocaster e Telecaster e Jazzmaster. Também os headstocks e pickguards correspondem a esses designs. As madeiras usadas são o spruce (tampos), braços em maple e escalas em walnut.

ALTOS & BAIXOS

O mundou ficou em choque e com muitas opiniões divididas quando viu as imagens da execução de George Floyd. A marca, como muitas outras, entrou em blackout em respeito pela memória do cidadão norte-americano, aliando-se ao movimento #BlackLivesMatter, através de uma campanha com a voz de Adrian Younge. A marca californiana deixou mesmo um comunicado na voz do seu CEO, Andy Mooney, a explicar a necessidade de reflexão social. Apesar disso, a marca teve que lidar com declarações controversas de um dos seus mais reputados luthiers, John Cruz. O Master Builder da Fender Custom Shop acabou mesmo despedido. Excluindo algumas publicações muito esporádicas, as redes sociais da Fender mantiveram-se em silêncio, incluindo a página oficial do Facebook Fender Portugal.

Além da perda de Cruz, a Fender anunciou que vai deixar de usar madeira ash na construção das suas guitarras. O Vice Presidente Justin Norvell explicou os motivos e apresentou algumas alternativas. A par desta decisão história uma estreia, a gama American Performer foi tubo de ensaio para a Fender estrear acabamentos sandblasted, através de uma edição limitada e exclusiva de guitarras em, precisamente, ash.

Neste ano louco, ficar em casa durante meses fez com que muita gente comprasse instrumentos musicais. E isso, defende o CEO Andy Mooney, foi uma excelente notícia para a Fender numa altura em que a marca já estava a fechar fábricas e a fazer cortes salariais. Um ano em que a marca celebrou também 0 60º aniversário do lendário Jazz Bass.

Apresentado em 1960, o Jazz Bass é um clássico inegável. Bastará recordar alguns dos muitos artistas que têm tocado com o instrumento ao longo dos anos e estará tudo dito sobre o lugar singular deste modelo de baixo na história da música – desde Jaco Pastorius e Larry Graham, a John Paul Jones e Noel Redding, passando por Geddy Lee ou Flea. Em honra a esses sessenta anos, a Fender criou o modelo 60th Anniversary Jazz Bass.

O novo modelo possui corpo em alder no clássico design offset JB. O braço de acção rápida é em maple, com o perfil “U” dos anos 60 e escala em rosewood com 20 trastes vintage tall e marcadores em perolóide. Para uma aproximação aos sons da sua era original, há um par de pickups Pure Vintage ‘62 Single-Coil Jazz Bass, especialmente desenvolvidos para esta ocasião, que são controlados, tal como nos primeiros modelos, através de potenciómetros concêntricos de Volume e Tone. Mais specs no artigo original.

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