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50º aniversário da Jaguar comemorado com guitarra de série especial

Timóteo Azevedo

A Fender está a comemorar o 50º aniversário da Jaguar com uma série especial deste modelo. A nova série especial comemora um caminho atribulado, com o modelo a chegar a estar ameaçado de extinção e o ressurgimento do interesse por parte dos guitarristas com a emergência do punk e do post-punk.

O modelo original foi lançado em 1962, tendo sido pensado por Leo Fender como a guitarra topo-de-linha da companhia. A Jaguar foi criada dentro do espírito da época, tendo o seu nome sido inspirado por outro dos grandes ícones do design da década – o carro desportivo Jaguar E-Type, apresentado em 1961 e elogiado por Enzo Ferrari como “o carro mais belo alguma fez feito”. Foi também um dos últimos instrumentos a ser desenhado por Leo Fender antes de vender a companhia à CBS em meados dos anos de 1960.

“Uma das razões pela qual eu gosto muito das Jaguars é porque são um pouco restritivas para tocar, e isso é algo bom”, declarou Johnny Marr, guitarrista para os Smiths, Modest Mouse e os Pretenders, ele próprio com um modelo Jaguar de assinatura. “Tenho de trabalhar dentro das limitações da guitarra. Portanto dá-me uma direcção mesmo forte. Não posso ser muito ‘blues rock’ com ela, porque é demasiado feminina para tocar power acordes.”

Os planos de Leo para a sua nova Jaguar acabaram por sofrer um revés com a popularização dos instrumentos da Gretsch e da Rickenbacker na década de 1960, com a ascensão de bandas como os Beatles e os Rolling Stones. O psicadelismo, blues rock e os primórdios do heavy metal na década seguinte repopularizaram a Telecaster e a Stratocaster, assim como a Les Paul da Gibson. Em 1975, a Fender retira a Jaguar das linhas de montagem.

Mas o surgimento do punk no final da década fez reemergir o interesse pelo modelo, assente na vontade de procurar instrumentos baratos e estéticas musicais divergentes do passado. As Jaguar, juntamente com as Jazzmaster, começaram a ser muito procuradas no mercado de segunda mão e nas casas de penhores.

Guitarristas como Franck Black dos Pixies, Wayne Coyne dos Flamings Lips ou Graham Coxon dos Blur fizeram com que muitos outros guitarristas pegassem numa Jaguar, mas nenhum deles o fez tanto como Kurt Cobain dos Nirvana. O músico que é referência do grunge é para a Jaguar o que Jimi Hendrix é para a Stratocaster, com Cobain a também ter o seu modelo de assinatura. Por volta de meados da década de 1980, o modelo regressaria à produção.

A 50th Anniversary Jaguar retém as mesmas curvas e aspecto retro da sua anciã, com o corpo sólido a ser esculpido de amieiro protegido por um pickguard de três camadas (verde menta, preto, verde menta). No braço em maple encontramos um perfil em “C” e uma escala em rosewood orlada, com 22 trastes de tamanho médio jumbo e o típico comprimento de 24″. O raio simples é de 9,5″ ao longo de toda a escala. O encaixe do braço no corpo foi remodelado de forma a proporcionar uma melhor intonação ao instrumento. A neck plate apresenta uma incrustação especial que marca o meio século de vida da Jaguar.

O modelo comemorativo apresenta dois single-coils especialmente criados para a ocasião, que oferecem um timbre mais encorpado e com mais potência. Os pickups apresenta as clássica “garras” metálicas entralhadas, um sistema de redução de ruído que foi uma inovação introduzida com a Jaguar. No controlo de circuito encontramos os selectores e potenciómetros habituais do modelo, com um total de seis selectores e dois potenciómetros.

As ferragens cromadas retêm o aspecto vintage do modelo original, em que a ponte de trémulo foi reposicionada para oferecer um melhor ângulo às cordas e maior sustentação. Também encontramos uma pequena cobertura metálica para as cordas, entre a ponte e o pickup de ponte, que permite apoiar a mão sem correr o risco de perder afinação por se estar a pressionar o trémulo.

Nos acessórios encontramos um estojo rígido deluxe castanho, com a guitarra a incluir uma correia, cabo e um jogo de cordas flatwound. A 50th Anniversary está disponível nos acabamentos Lake Placid Blue, Candy Apple Red e Burgundy Mist Metallic, que evoca o acabamento original para a Jaguar.

“Acho que são absolutamente belas”, acrescentou Marr. “Adoro todo o cromado. Adoro a forma; esta ideia da ‘era espacial’ do princípio dos anos de 1960 emparelhado com uma espécie de coisa ‘Fender‘ clássica.”