Quantcast


LINE 6 HELIX (V2.20)

LINE 6 HELIX (V2.20)

Paulo Basilio

Magia e comando total do som! Será a Helix, da Line 6, o DeLorean das pedaleiras de guitarra?

Eis que chegou a oportunidade de vos falar de uma verdadeira workstation de guitarra. Tal como o nome inspira, leva-nos ao núcleo do som e ao pulsar que nos transporta do instrumento ao DNA do timbre singular de um amplificador de guitarra e do seu comportamento, objecto que depois de “excitado” com os impulsos electromagnéticos, com origem no toque humano, nos trespassam de energia e vibrações que levam a criar e interpretar Música. Aproveitamos esta nova versão do sistema 2.20, que compõe o poderoso processador de som de guitarra do modelo topo de gama da Line 6, marca pioneira do som de amplificador de guitarra simulado digitalmente e que dispensa apresentação, para vos dar a conhecer a Helix.

SPECS

A Helix oferece um poder incrível de som como um verdadeiro preamp, flexibilidade e controlo total interno e externo do rig de guitarra. A Modulação HX usa o processamento dual-DSP para nos fazer ouvir e sentir todo o carácter e nuances que existem nos amplificadores clássicos originais, dando-lhe uma definição, compressão, modulação e “rasgo” em alguns modelos, bem como um ganho e distorção intensos em outros. Não só os amps modelados HX soam reais, como também os processadores da Helix são Master Controlers e totalmente abrangentes do sistema de guitarra, com uma panóplia de possibilidades de routing que oferece uma total flexibilidade tanto para o trabalho no estúdio como a tocar em palco. Switches de pedal sensíveis ao toque, mostradores de LED personalizáveis e um LCD colorido grande tornam a interacção com a máquina rápida e eficiente. Importa falar sobre o sistema de base, um sistema de Dual-DSPs capaz de recriar com exactidão as características sonoras e uma resposta dinâmica total dos amplificadores clássicos e modernos, colunas e na parte de efeitos também. As Colunas HX Hybrid da Helix representam uma nova abordagem no processo da captura do som e comportamento das colunas. Fornecem a mesma definição e resposta low-end das verdadeiras, através de Impulsos de Resposta (IR), de resolução de 2048 pontos, mas o sistema apenas utiliza a mesma quantidade de energia DSP como de um IR de 1024 pontos. A Helix permite a escolha de 16 microfones diferentes e 23 distâncias de captação, adicionando maior flexibilidade sónica e controlo dinâmico em tempo real. Os processadores internos da Helix também permitem a importação dos nossos próprios Impulsos IR, aumentando assim a margem de personalização do nosso som, abertura inédita na arquitectura de um processador de som de guitarra.

A sua programação é realmente prática e muito intuitiva. A capacidade de controlo, à medida que nos inteiramos de todas as possibilidades, é estonteante, quase não há limites à imaginação na designação de controlo de parâmetros em cada bloco – e até podemos designar vários parâmetros de vários efeitos e/ou amps num só pedal.

Nos amps, temos modelos que respondem tal como o amplificador real. Com os processadores Helix, cada etapa dos circuitos de um amplificador foi medida e adaptada ao original, de modo a que cada modelo reaja ao toque do guitarrista como esperado, através do detalhe do circuito dinâmico que se estende a áreas do power amp como tipo de enrolamento da fonte de alimentação, variação individual da tensão na válvula (Sag) e controlo de voltagem contínua B+. A modulação do processador HX recria com precisão o comportamento dos efeitos, até do vintage mais idiossincrático, modelando os seus componentes individuais. O processo Transtronic emula o comportamento de praticamente qualquer díodo, de transístor de germânio ou silício, recriando autenticamente a distorção fuzz, e outros pedais. Por exemplo, o Throbber é uma “lâmpada virtual” que imita o comportamento não-linear da pequena lâmpada incandescente e quatro foto-células dentro dos pedais Uni-Vibe originais de 1960, que são essenciais para o seu som e vibrato únicos. O chip Bucketier e circuito Panda são recriações virtuais dos circuitos compander (compressão / expansão) e chips Bucket (BBD) encontrados em muitos pedais vintage de delay analógico. As possibilidades de utilização e a multiplicação de funcionalidades são tantas que recomendamos mesmo que verifiquem o manual on-line (impossível de reproduzir nestas poucas palavras), no link: line6.com/support/manuals/helix/

SOM & PERFORMANCE

Um processador deste calibre pode assustar um pouco e afastar a ideia de o experimentar, por ter muita escolha de ferramentas sónicas e por fazer tanto. Mas bastou ligar a Helix e logo o seu ecrã nos revela que estamos na presença de uma máquina feita à medida para os músicos e pensada para os ajudar a focar no mais importante: a música. O ecrã, não só pelo tamanho, mas também pela arquitectura – que mais parece um mini iPad –, consegue dispor toda a informação útil para a edição e escolha de sons de um modo completamente intuitivo e de curva de compreensão bastante breve. Tudo está “à mostra” e basta o manuseamento do joystick e dos 6 botões de edição dos blocos para, em poucos segundos, ter som a sair da pedaleira. E o som realmente eleva a fasquia do que já foi feito pela marca até aqui. Seguimos a Line 6 desde o final do século passado, acompanhando a evolução da capacidade de resposta e sonora dos processadores, e se já nos rendemos à série HD, desta vez sentimos uma proximidade estonteante ao som real e realmente agradável de se tocar através da Helix. Uma amplitude de som muito maior, a que não estamos habituados neste tipo de produtos, capaz de arrepiar enquanto percorremos os controlos a conhecer os amps e tocando uns riffs. Após breve comparação com o modelo HDX, reconhecemos o timbre das emulações dos amps, muito idênticas em ambas, mas sentimos que esta é a máquina, no seu todo, que tem mais som, com maior largura de bandas de frequências de “mostragem” – imaginem ouvir uma música em mp3 a 320kbps, que não soa nada mal, e em seguida ouvir a mesma música em WAV a, pelo menos, 48KHz e é essa a sensação depois de as comparar! A resposta ao instrumento é de uma dinâmica incrível e tiramos todo o partido do headroom de 123db na entrada de Hi-Z, que deixa soar na sua plenitude todas as extremidades do espectro sónico.

PROS: Construção – “Built like a tank”. Qualidade sonora, grande amplitude de som e resposta dinâmica a roçar o vibe do equipamento analógico; grande capacidade de controlo dentro e fora da pedaleira.

O sistema da Helix está baseado numa cadeia de blocos distribuídos por quatro caminhos na matriz de routing indicado no ecrã da máquina, mas também é facilmente controlado no editor de computador, se preferirem. Em cada bloco podemos accionar o tipo de aparelho que quisermos e cada linha de processamento leva 8 blocos. Façam as contas e vejam a quantidade de efeitos, por exemplo, que podem emparelhar num só preset. Este sistema permite-nos total liberdade na criação de cadeia de sons, podemos jogar entre os efeitos, pedais e amps de todas as maneiras: em Mono, Dual Mono, Stereo, que podemos encaminhar para vários outputs independentes. No nosso caso, conseguimos ter o som a sair independente para as saídas de jack e XLR, encaminhando a saída final da cadeia de som para duas linhas diferentes, uma com um cabinet emulator no final, encaminhado para as saídas XLR exclusivamente, e a segunda linha em paralelo, directa para as saídas de jack, designando o Main Volume para controlar apenas as saídas de jack. Em concertos resulta bastante bem, pois controla-se na pedaleira, através do Main Volume, o sinal directo que vai para o amplificador de guitarra. E como os XLR vão directos para a mesa, o técnico controla tudo o resto do som na mistura para o PA.

Na parte de controlo da máquina, os Snapshots são viciantes. Trata-se de uma função importada das mesas de mistura digitais, que funciona como uma memória instantânea de como está organizado o programa em que estamos activos. Podem ser distribuídos pelos 8 switches no modo Snapshot, ou seja, podemos criar 8 ambientes diferentes memorizados em cada snapshot, com os pedais, efeitos e amps que temos dentro do preset. Por exemplo, Snapshot 1 com o som do amp no ganho 8 e no Snapshot 2 alteramos o ganho para 3 e accionamos o chorus e o delay sem sair do programa – acabaram-se os drops de áudio a mudar de programa. Podemos também trabalhar com o modo de pedais switchers, nos quais podemos designar o bypass ou vários parâmetros de um ou mais efeitos num só switch. Para terminar, a qualidade dos efeitos foi uma agradável surpresa, servem mesmo para engrandecer o som. Um factor que evoluiu na Helix foi a qualidade na resposta dos efeitos de Pitch, a emulação do Whammy quase perfeita e a pujança que os octavers acrescentam no som sem enrolar quando tocamos mais de uma nota ao mesmo tempo! E a qualidade transcendente dos reverbs, com uma sensação de espaço muito bem conseguida (aqui a tecnologia de IR a dar cartas). Uma característica que aparece nas emulações dos efeitos botique é a de controlarmos o headroom do pedal, tornando-o mais equilibrado no seu comportamento na cadeia de som ou baixando o seu valor, tornando-o mais Lo-Fi, fazendo o som da guitarra viajar no passado.

CONS: Devia ter sido considerado um Botão de Pad externo na máquina e comutador para ligar ou desligar o speaker simulator para as saídas de jack.

Em resumo, a Helix realmente veio elevar a fasquia sónica e tornar o trabalho de procura do timbre certo do nosso instrumento mais fácil, deixando-nos mais livres para simplesmente tocar. Em muitas alturas, a tocar e manusear a máquina, veio-nos à lembrança o DeLorean nas viagens de “Back to the Future” – a Helix é uma máquina avant-garde, mas que recupera toda a história do som da guitarra na escolha dos impulsos de som de amps e efeitos e nos dá ferramentas para os levar ainda mais longe, criando novas sonoridades e performances intensas com toda a fluidez e potência de um “Flux Capacitor”.