sevdaliza vs jorja smith c ines barrau

MEO Kalorama 2025: O Reggaeton Desenxabido de Sevdaliza VS A Serenidade Soulful de Jorja Smith

Review

Sevdaliza
6/10
Jorja Smith
8/10
Som
7/10
Ambiente
7/10
Overall
7.0/10

Na sua edição de 2025, o MEO Kalorama recebeu várias propostas de artistas femininas dos mais diversos polos sonoros. Aqui, analisamos os concertos de Sevdaliza, que nos trouxe uma pop eurovisiva encharcada de reggaeton, e de Jorja Smith, a diva do R&B que assinalou uma performance competente, mas não tão memorável como nas duas outras passagens por Portugal.

Sevdaliza

Nascida em Teerão, no Irão, Sevdaliza foi ainda muito nova para os Países Baixos. Foi lá que durante a sua adolescência começou a ter contacto com várias sonoridades do mundo ocidental e que hoje em dia se refletem na sua música. Do pop ao hip-hop, passando pela eletrónica, reggaeton e também alguma música do médio oriente, Sevdaliza mistura um pouco tudo. O problema é que o resultado final não é propriamente deslumbrante ou, sequer, original. Muito do repertório que escutámos no primeiro dia do Kalorama remete-nos para um pop eurovisivo sem consistência, onde a dança sensual se sobrepõe muitas vezes à componente vocal e à qualidade das composições.

Os dotes vocais de Sevdaliza até podem estar presentes, mas não sobressaíram em temas como “Heroína”, “Ride or Die, Pt. 2”, “No Me Cansare”, “Maria Magdalena” ou “STRIPPER”. O processamento de efeitos na voz também não ajudou, e tornou tudo algo enfadonho para quem foi à procura de um concerto mais a puxar parar o pop anglo-saxónico e não tanto para o latino. Por outro lado, a natureza do concerto e do espetáculo visual também pedia outro horário. Talvez uma troca com os L’ Impératrice não teria sido mal pensada, visto que os franceses, com mais público afeto, viriam tocar já para lá da meia noite.

Ainda assim, Sevdaliza arrastou uma moldura considerável para o Palco San Miguel, com muitos dos presentes a entoarem as letras, nomeadamente de “Alibi”, um feat. com Pablo Vittar, ” Nothing Last Forever”, que conta com a participação de Grimes e “Samsara”, uma colaboração com Anyma.

Jorja Smith 

Já no terceira dia, foi a vez de darmos novamente as boas vindas à diva do R&B Jorja Smith. Sempre serena e elegante, Jorja regressou a Portugal com “Falling or Flying” (2023) na bagagem, trabalho que ainda não tinha sido apresentado por cá.

Com uma presença em palco hipnotizante, Smith aqueceu uma noite fria com a sua voz doce. Longe de apresentar uma performance tão carismática como as que assistimos no NOS Alive, visto que nesses concertos ainda tinha algo a provar, Smith, mostrou-se mais recatada nos seus trinados e na entrega das suas letras. Para o público, aquilo que passou foi um som algo atabalhoado, não só fruto do vendaval que se fez sentir na Bela Vista, mas também do excesso de graves que abafava quase por completa a sua voz.

Das novidades ouviu-se “Try Me”, “falling or flying” e “Little Things”, com todas elas a mostrarem uma riqueza de arranjos que ao vivo se traduzem numa moldura sonora avantajada. Por sua vez, o anfiteatro natural da Bela Vista provou ser o espaço ideal para desfrutar tranquilamente de um concerto da artista britânica, assim como já tinha acontecido no ano passado com a sua conterrânea do soul, RAYE. Aliás, tivesse a atuação decorrido ainda com o sol a brilhar e sem vento e teria sido mesmo um concerto perfeito.

Da vulnerabilidade de “Addicted” ao trip hop de “On My Mind”, passando pela introdução a capella de “Teenage Fantasy” e pelo clubbing de “The Way I Love You”, Jorja deu-nos uma pitada de todas as suas qualidades enquanto compositora e intérprete e aconchegou-nos a alma de uma forma tão subtil, mas tão verdadeira.

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