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À deriva com os Mighty Sands

À deriva com os Mighty Sands

2015-12-06, Barreiro Rocks
Tiago da Bernarda
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Após 15 anos, o Barreiro Rocks continua a surpreender com novas actuações portuguesas.

Os Mighty Sands, conhecidos antigamente, mesmo que pouco conhecidos, como Los Black Jews, conseguiram não só surpreender como ser a grande surpresa da noite. Num palco montado entre duas árvores, no recinto de uma escola barreirense, a banda apresentava-se em linha de uma forma bastante descontraída. Tão descontraída que o vocalista sentia a necessidade de pedir desculpa quando se exaltava um pouco em palco.

Carregavam consigo canções do mais recente álbum “Big Pink Vol.1”, alguns inéditos também, mas que regra-geral criavam um ambiente ameno de post punk e surf rock com grande destaque para ”DK” e “100 Villains”, faixas fantásticas que já guardavam desde a altura dos Jews. E até ao final do concerto conseguiram manter essa postura descontraída e virtuosa. Como se fossem ídolos de juventude, sem valores preconcebidos, à deriva num mar à procura de aventura.

Admitiram que não sabiam a duração da sua actuação (“Vamos simplesmente continuar a tocar” disse a guitarrista), e que o Victor Torpedo tinha ficado de se juntar à banda em palco. Mas isso não lhes pareceu afectar. Tinham juvenilidade a correr-lhes no sangue e uma constante despreocupação reconfortante.

Acabaram o concerto da mesma forma que acabam no seu álbum, com “La Muerte”, uma canção de união em que se juntam para cantar sobre a chegada da Morte. Troca-se afecto em palco e um sentido de camaradagem bonito. E acaba-se com uma sensação agridoce quando se vê sair do palco um grupo que parece que ainda tem tanto para dar.

Foto: Vera Marmelo