Quantcast
Acid Acid, Brumas e Lo-fi

Acid Acid, Brumas e Lo-fi

2015-08-29, Reverence Valada
Henrique Mota Lourenço
8
  • 8
  • 8

Que feitiçaria terá feito Castro para encontrar aquele som de guitarra que ecoa em canções de vinte minutos?

Coube a Acid Acid encerrar a edição deste ano do Reverence Valada com chave de ouro. Projeto do místico radialista Tiago Castro, Acid Acid faz-nos o alinhamento de todos os chakras in loco; é uma experiência sónica e sonora sem precedentes que deixa qualquer com a pulga atrás da orelha. Que feitiçaria terá feito ele para encontrar aquele som de guitarra que ecoa em canções de vinte minutos? A resposta parece bem evidente se olharmos para o que esconde atrás de si.

Não se vê mais do que um Roland Cube e um Marshall Valvestate em palco. Em conversa com Castro percebemos que o segredo deste som invulgar (há aros de violino e caldeirões de chorus pelo meio) não passa tanto pela amplificação, mas sim pelo processamento de efeitos e posterior loopagem. Duas pedaleiras Boss com muitos anos em cima escondem patches criadas em noites de trabalho infinito em busca da textura e ambiente certo. Os teclados analógicos — Casios Tonebank e derivados — fazem o resto.

É, dirão muitos, um projeto concebido para salas mais acolhedoras com um sistema de som que facilite o Lo-fi, mas nem por isso deixa o set de Acid Acid de assentar como uma luva no slot das 5:20 da manhã; os chops na jaguar azulada são narcótico sem aditivos para encantar a multidão ensonada que resistia ao enfado de trezentas bandas de stoner rock por hora. E tão bem que funcionam aqueles truques ou em qualquer lugar. É esperar que o mito se espalhe, porque depois de Valada, só resta o mundo para conquistar.