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Ajoelhem-se perante Vaiapraia!

Ajoelhem-se perante Vaiapraia!

2015-12-06, Barreiro Rocks
Tiago da Bernarda
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Uma das actuações mais importantes foi também o último concerto da 15ª edição do Barreiro Rocks.

Coube aos Vaiapraia a enorme tarefa de encerrar o palco da mais recente edição do Barreiro Rocks. E numa altura em que olhámos em retrospectiva a relevância das Bikini Kill, não há como stressar o suficiente a importância que a banda liderada por Rodrigo Soromenho Marques (também conhecido por Ró) tem como forma de reafirmar o punk num sentido mais amplo.

Era com grande engenho que conseguia manobrar a dualidade de gritos ruidosos e monocórdicos, e graves severamente melancólicos, embora nem sempre perpetuasse o discurso mais eloquente. No entanto, estávamos presos às suas palavras.

Poder-se-ia citar grande parte das letras do seu repertório, mas há uns versos que deixam sempre marca. Como o caso de “Não me vou vestir de preto/Eu não sou tua mulher/Eu nem sou uma gaja, muito menos um miúdo qualquer ”, que consegue captar a essência do negrume pop que Ró transmitia em palco.

De fato de mergulho e olhos borrados, num estado bipolar em que tanto podia estar debruçado no seu teclado como aos pulos pelo palco, o vocalista, acompanhado de guitarra e bateria, afirmava-se, e bem, sobre (a sua) sexualidade, sobre amor e sobre o não-conformismo de ambos. E não-conformismo é a palavra-chave aqui. Porque é o termo que melhor define o que é “ser punk”. E quando se olha para trás e vê-se as fundações do punk em Portugal e como se tentavam encaixar desesperadamente no que se fazia de sucesso lá fora, só recentemente é que conseguimos ver bandas como Vaiapraia, com o potencial de cunhar a verdadeira essência de um punk original português. Um punk que conseguiu incitar no Barreiro Rocks uma vontade unânime de bis.

Foto: Vera Marmelo