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Anathema, Satellite Trip

Anathema, Satellite Trip

2014-10-10, Paradise Garage, Lisboa
Paulo Basilio
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A grande curiosidade era ouvir os Anathema com o Daniel Cardoso, agora na bateria, é sempre bom e inspirador ver o talento nacional reconhecido além-fronteiras, seja em que área for! Os Anathema são reputados pela capacidade de ligação com o seu público, mesmo depois de vários anos e visitas, com géneros musicais e formações diferentes. Aqui, nem banda, nem público se defraudaram e o coro do público presente suplantou o PA da sala muitas vezes.

A presença do Daniel na bateria veio trazer mais coesão à banda, por ser um baterista de expressão mais forte, a própria banda soa mais decidida na interpretação dos temas! A entrega da secção rítmica aos temas entre o Daniel e Jamie Cavanagh é fundamental para os temas mais recentes, visto a banda enveredar por uma construção mais progressiva dos temas, a dinâmica vinda dos dois é o pilar onde viajam: a arte de Danny Cavanagh, mestre a trabalhar a guitarra melódica e que nesta noite atravessou as fronteiras da magia – inventivo, mostrou toda a garra entre a Les Paul e a Strat, faz um trabalho incrível de bends e ligados, tirando partido do sustainer (PU magnético inserido nas guitarras), cujo som faz lembrar um violino alienígena e desta vez recorreu, na parte final do concerto, a um arco vincando ainda mais o seu timbre; as vozes de Vinnie e Lee, que transportam pela superfície planante das canções e agarram o público que canta com eles a maior parte dos temas, estiveram muito bem numa performance sentida e coesa, mesmo com os problemas técnicos que deixam sempre os vocalistas mais desprotegidos.

Uma novidade foi a presença do baterista original John Douglas, na posição de percussionista e electrónica. Tal como diz o próprio, no making off neste “Distant Satellites”, esteve por detrás da incursão de elementos de música electrónica no som de Anathema, dando uma dimensão ainda maior à banda e, claro, soltando Daniel para o piano, ainda toca bateria em temas que marcaram a carreira da banda e que foram construídos com o seu cunho. Há algo no swing de John, principalmente nos “outros tempos” de Anathema em que foi pioneiro. Mas ao vivo esse swing resvala, por vezes, em inconstância prejudicando a coesão da banda. Foi um belo concerto, no final das contas, o público ainda brindou com um “Parabéns” fenomenal, a pedido do Danny a, comemorar o aniversário da Lee (há sempre alguém, entre os Anathema que celebra o seu aniversário quando tocam ao Portugal…)! Comeback Soon, Lads.

Os Mother’s Cake, arrancaram uma performance arrebatadora desde o primeiro tema. Um power trio digno desse nome, uma fusão progressiva e agressiva do rock, “Zeppelin meets Mars Volta”, com uma Strat inspirada no Hendrix, muito bem adornada de Octaves e Pitch-Shifters! Uma montanha russa frenética, cheio de movimentos diferentes, explosões harmónicas misturadas com nuances ambientais e “Floydianas” da fase do “Echoes”! Foi uma boa surpresa logo no início da noite! Apesar do som não estar no seu melhor, foi o mais eficaz e forte da noite, aqui a jogar a vantagem de haver menos elementos na mistura.

*Fotos tiradas no concerto realizado no Hard Club no Porto [11.10.14] por Joana Cardoso.

SETLIST

  • The Lost Song, Part 1
    The Lost Song, Part 2
    Untouchable, Part 1
    Untouchable, Part 2
    Thin Air
    Ariel
    The Lost Song, Part 3
    Anathema
    The Beginning and the End
    Universal
    Closer
    Firelight
    Distant Satellites
    A Natural Disaster
    Take Shelter
    Fragile Dreams