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7

Andy Timmons Band

Plays Sgt. Peppers

Favored Nations, 2011-10-25

Nero

Estaremos ainda numa era de shredd guitar e álbuns a viverem exclusivamente da guitarra solo sobre camas instrumentais? Diz-se que não.

O herói das 6 cordas Andy Timmons discordará, pelo menos parcialmente. Se em entrevista à Arte Sonora admitiu que o shredd estava obsoleto, decidiu melhor e pegou num dos melhores álbuns da história do rock.

A genialidade original de “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band” faz aqui quase todo o trabalho, mesmo sem voz, a personalidade do álbum é intocável e mesmo instrumentalmente todo o disco soa a “canção”. e é aí que entra o mérito de Andy Timmons – não complicou os arranjos, não sobrecarregou as composições com excesso de compensação de guitarra à ausência de voz. Os arranjos instrumentais, como o guitarrista confessou também à AS, foram desenvolvidos a partir de memória auditiva, do impacto que o disco teve no músico e na força emocional das melodias originais.

Qual era o risco aqui? Que este disco se tornasse um tipo de elevator music, mas Timmons evita isso com destreza, refrescando os momentos de sing along com a sua técnica enquanto executante, com leaks interessantes que respeitam o trabalho original, mas que mantêm itocável a dimensão de capacidade técnica do guitarrista. O baixista Mike Daane e o baterista Rob Avsharian permitem uma zona rítimica dentro dos parâmetros de abordagem do trio ao disco, respeito pela fórmula simples que o tornou grande, respeitando também a sensação directa dos temas originais e deixando tranquilamente ser a guitarra a destacar-se.

Até mesmo sonoramente é a guitarra que surge com o som mais processado, sem nunca chegar a uma zona de excesso de artifícios.

No fundo é um disco que vai interessar aos ávidos consumidores de demonstrações circenses da execução da guitarra, ao mesmo tempo que segue o groove e feeling do trabalho original para interessar ao ouvinte comum.