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Bons Sons’16: Os destaques do 1º dia

Bons Sons’16: Os destaques do 1º dia

2016-08-12, Cem Soldos, Tomar
Bernardo Carreiras
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A aldeia preferida da música portuguesa voltou a abrir as suas portas e a receber o público de braços abertos. Danças Ocultas & Orquestra Filarmonia das Beiras, Best Youth e Sensible Soccers são os destaques do primeiro dia.

Já muito foi dito sobre famoso festival da pequena aldeia de Cem Soldos, Tomar. No entanto, só mergulhando pelas pequenas ruas é que nos vamos apercebendo da importância que esta festa tem para a cultura e a tradição portuguesa. Chegados à aldeia no primeiro dia, e com tudo ainda meio montado, deslocámos-nos até à bonita igreja de São Sebastião para o primeiro concerto.

Fotos: Inês de Cachata Gonçalves

ALENTEJO CANTADO | Com a curadoria da MPAGDP, o palco igreja traz-nos verdadeiras experiências do que de melhor se faz no universo da música portuguesa tradicional. Não podíamos pedir melhor começo para a festa de aniversário dos 10 anos de Bons Sons que o conjunto Alentejo Cantado. Provenientes de várias zonas do Alentejo, estes jovens tentam resgatar o tão consagrado cante alentejano conferindo-lhe o toque especial da viola campaniça. Por entre modas do passado que evocam namoricos e outras estórias da região, as cordas desta viola ecoavam por toda a igreja a par das imponentes vozes dos cantores. A última moda contou com a presença de Tiago Pereira, fundador do projecto Música Portuguesa a Gostar dela Própria.

Depois do bonito documentário “Este Povo”, que prestou homenagem aos habitantes da aldeia de Cem Soldos e nos deliciou com as suas estórias de vida, chegava a hora de rumar ao coreto do Palco Giacometti para assistir às irmãs Reis.

PEGA MONSTRO | Aproximavam-se as cinco horas da tarde quando as Pega Monstro entraram em palco. O público ainda meio disperso não preenchia a rua e algumas pessoas assistiam ao concerto sentadas no café mais próximo. O set escolhido foi invulgar uma vez que preferiram deixar “Alfarroba”, o álbum que as catapultou para o topo do panorama nacional, completamente de lado. Por entre músicas indecifráveis e temas dos primeiros eps da banda, o concerto foi meio morno e sem aquela energia própria que as irmãs já nos habituaram. Talvez pela ausência dos potentes temas do álbum novo, talvez pelo palco escolhido para as acolher, esta não foi de todo a melhor prestação das Pega Monstro. O destaque vai para “Responso para Maridos Transviados”, um cover de B Fachada que foi lançado em 2015 num split com o cantor. [carrega na foto para veres mais fotos]

Entre o concerto dos Indignu, que trouxeram o seu novo trabalho “Ophelia”, com temas a piscar o olho ao post rock de uns Sigur Rós ou Mogwai, e Birds are Indie com a sua pop minimalista ideal para o final de tarde, chegava a noite e com ela os nomes mais esperados deste primeiro dia. Com a aldeia já cheia de vida, a abertura do Palco Lopes Graça teve a cabo do conjunto Danças Ocultas & Orquestra Filarmonia das Beiras.

DANÇAS OCULTAS & ORQUESTRA FILARMONIA DAS BEIRAS | Este espectáculo será talvez um dos melhores exemplos pelo qual o Festival Bons Sons se torna tão diferente dos demais festivais de música portuguesa que pairam pelo nosso país fora. Projectos como o Danças Ocultas têm aqui uma oportunidade de chegar a um público mais alargado e geralmente são estas surpresas que acabam por se tornar nos melhores espectáculos da edição. Ainda é cedo certamente para afirmar que o tenha sido,mas a verdade é que o projecto deu-nos algo de especial. Estas Danças Ocultas são proporcionadas pelas quatro concertinas que soam junto à majestosa Orquestra Filarmonia das Beiras, dirigida pelo maestro António Vassalo Lourenço, cujos arranjos de cordas ampliam toda a experiência. Consigo trouxeram o recente álbum “Amplitude”, que contou com as participações de Carminho, Dead Combo e Rodrigo Leão. A sua sonoridade fez-nos precisamente lembrar aquela sensação de “nova tradição” que bandas como os Dead Combo nos proporcionam. Com os arranjos de cordas a lembrar Yann Tiersen, juntamente com todo o meio rural e acolhedor, fizeram-nos sentir dentro de um filme de Jeunet (conhecido pelo Fabuloso Destino de Amélie). Se pudéssemos escolher uma banda sonora que espelhasse o ambiente mágico do Bons Sons, com todas as suas luzes, pessoas e particularidades, esta seria certamente uma boa escolha.

Após o concerto anterior, e ainda a recuperar, chegava a hora de nos deslocarmos para o Palco Eira no qual os Best Youth eram os nossos anfitriões. [carrega na foto para veres mais fotos]

BEST YOUTH | O dueto de indie pop, acompanhado pela sua banda, trouxe consigo o seu mais recente trabalho “Highway Moon”. A química que a dupla apresenta em palco e os “dance moves” que Catarina Salinas ali à sua poderosa voz não deixaram ninguém indiferente e puseram a Eira inteira a dançar. O set foi composto essencialmente por músicas do novo álbum como Red Diamond ou Maybe we can still be friends. Houve ainda tempo para um cover do original dos Inxs “Never Tear Us Apart” que deliciou os mais saudosistas do 80`s. O concerto terminou com “In the Shade”, um dos temas mais conhecidos da banda e que conta com a participação de Moullinex na versão em estúdio. [carrega na foto para veres mais fotos]

Ainda com tempo para um passo de dança na verdadeira música circense dos Kumpania Algazarra contávamos os minutos para regressar à Eira para Sensible Soccers.

SENSIBLE SOCCERS | Os nortenhos Sensible Soccers pertencem ao gurpo exclusivo de artistas portugueses que merecem ser cabeças de cartaz num festival como o Bons Sons. O novo álbum “Villa Soledade” transportou-os para um patamar que já vinham a construir desde o aclamado “8”. As atmosferas criadas pelo conjunto resultaram no Palco Eira como até então não tínhamos assistido em mais nenhum lado. Num palco que pareceu levantar voo, o aglomerado de sintetizadores, batidas processadas e loops contagiou-nos e criou um público profundamente imerso na textura do universo que os Sensible Soccers pintam. Do novo álbum destacamos “Clausura”, “Shampoo” e “Nunca Mais me Esquece”, provavelmente um dos melhores temas deste ano. As luzes do set ,aliadas à estrutura da Eira e à peculiar lua vermelha que nos iluminava a todos ,foram a fórmula perfeita para o concerto mais espacial que o Bons Sons já viu. A terminar em beleza ficámos com a cantada Zaire 1974 seguida do tema “Sob Evariste Dibo”, com a qual a banda se despediu de um público rendido.

O primeiro dia terminou em beleza. Ainda a animar a noite teve Cláudia Duarte, autora do programa “Casa Cláudia”, no Palco Aguardela.  [carrega na foto para veres mais fotos]