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Clap Your Hands Say Yeah: Agarrem-se ao Instrumental

Clap Your Hands Say Yeah: Agarrem-se ao Instrumental

2018-07-14, Passeio Marítimo de Algés, NOS Alive
António Maurício
Inês Barrau
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Com uma plateia lastimável, a voz de Alec Ounsworth não foi capaz de seduzir os poucos presentes. Valeu a inspiração instrumental na segunda metade da performance.

A falta de público no Palco Sagres ainda não tinha sido um problema nesta edição do NOS Alive, o alinhamento deste cenário secundário inclui vários nomes que poderiam, por si só, realizar um festival. Mas a entrada dos Clap Your Hands Say Yeah efectuou-se com uma plateia a 10%. Talvez resultado da hora de jantar em junção com a espera no palco principal por Jack White. A agravar a este cenário menos positivo, a voz de Alec Ounsworth encontrou alguns problemas.

Começando com um sintetizador a solo, aumentando aos poucos a intensidade para uma sonoridade rock às voltas com um toque punk, o trabalho vocal de Alec viu-se silenciado nos primeiros momentos pela mistura de som. O cruzamento entre rock, country, punk e até electrónica faz-se com a utilização de uma bateria, duas guitarras e sintetização, mas apesar da diversidade de influências, o acasalamento com a voz não funcionou.

Depois dos problemas iniciais resolvidos, a voz aguda de Alec continuou a captar a atenção pelos piores motivos. A harmonia vocal não foi muito feliz, com vários picos desnivelados ao longo da performance. Mas existem três microfones em palco e quando são, simultaneamente, utilizados até conseguimos encontrar uma boa coordenação vocal (talvez porque a voz principal soe atenuada pelas restantes).

O momento alto foi provocado pelo ataque mais electrónico, com uma forte liderança do sintetizador em “Satan Said Dance”. Entrada excelente, com um baixo hipnotizante que conduz a faixa ao longo dos (aproximadamente) cinco minutos. Registo mais energético, com maior foco no trabalho instrumental que encontrou um bom solo de guitarra e um desenvolvimento final entre todos bombástico.

Perto do final, as entradas melódicas seguidas de um instrumental mais nu para a entrada vocal conseguiram criar algum movimento da plateia, mas os toques vocais de Alec, demasiado agudos, simplesmente não se relacionam.

Os Clap Your Hands Say Yeah têm o potencial para executar jams instrumentais cativantes, através do trabalho de ligação entre a sintetização e os instrumentos de cordas, mas deram pouco uso a esta capacidade. A segunda metade do concerto focou-se mais neste sentido e salvou um início tão desastroso como aborrecido.

Conseguiram saltar entre baladas, rock alternativo, e uma vertente mais electrónica, no entanto, não se especializam em nenhuma.