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HellFest: Dia 03

2012-06-17, Clisson, Nantes, França
Redacção
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O dia começou cedo quando pouco depois das 12h começava a soar a escola feminina do British Heavy Metal, as Girlschool. C’mon Let’s Go e Hit and Run foram alguns dos temas apresentados, mostrando toda a sua garra. Sorridentes e cheias de energia, foi um concerto bastante interessante onde tocaram também Race With The Devil.

No “Valley” iniciavam os acordes de uma banda que jogava em casa, os franceses Alcest. Com uma sonoridade a fazer lembrar por vezes o Black Metal mais atmosférico, não sendo no entanto tão extremo como a maior parte das bandas que tocaram no palco “Temple”, foi uma boa escolha de recinto para poderem espalhar a sua ambiência etérea. Iniciámos a viagem com Autre Temps e Les Iris, no que se revelou um concerto  harmonioso e intimista. O vocalista, sempre tímido, agradeceu a presença do público, tocando de seguida Percées de Lumière, clara favorita do público e Les Voyages de L’âme, voltando ao seu último registo de originais.

No Mainstage 01 os D:A:D davam início ao seu espetáculo com A New Age Moving In cheios de energia e agilidade. Jihad revisita um dos seus álbuns mais conhecidos “No Fuel Left for the Pilgrims” de 1989.

Desde logo transpareceram algumas dificuldades técnicas com a guitarra do vocalista Jesper, sendo que em várias músicas desapareceu completamente da mistura. Pela troca de guitarras e movimentação em volta do amplificador, pareceu ser um problema com o transmissor wireless.

Avançamos para o ano 2000 com Evil Twin e Everything Glows. O baixista Stig esteve igual a si próprio, extravagante e sempre em movimento, ora em cima da bombo da bateria ora das colunas laterais do placo. Usou dois baixos transparentes de 2 cordas, alternando as cores das mesmas em algumas músicas, trocando o rosa choque pelo amarelo fluorescente. Cantou ainda grande parte de Riding With Sue, partilhando no início da música o gosto da banda pela música country e western.

O vocalista esteve bastante comunicativo com a audiência, quase sempre em francês. Je t’aime ou voulez-vous chantez / coucher avec moi foram algumas das brincadeiras constantes, principalmente na música do último álbum I Want What She’s Got. Bad Craziness e Sleeping My Day Away terminaram o set, nesta última voltando a desaparecer a guitarra, o problema não ficou completamente resolvido. Foi um concerto morno, faltando igualmente algumas músicas mais marcantes da carreira da banda.

 

No palco “Altar” entravam em cena os Blood Red Throne com uma descarga intensa de Death Metal. Arterial Lust, Eternal Decay e The Light, The Hate alguns dos temas apresentados. O vocalista esteve bastante comunicativo com o público, onde até brincou com o facto de serem noruegueses e não tocarem Black Metal.

No Mainstage 02 os Devil Driver iniciavam as hostilidades com End of the Line e Horn of Betrayal. Apresentando o seu groove metal, Dez Fafara (Coal Chamber) e os seus companheiros deram um concerto intenso, bastante apreciado pelo público, criando um dos maiores circle pits e wall of death do festival. Sempre a debitar muita potência, terminaram com Clouds Over California e Meet the Wretched.

 

De novo no Mainstage 01, inicia-se mais um momento progressivo do festival com os Blue Öyster Cult.

Pelas colunas ouvia-se o tema genérico da série Game of Thrones, fazendo antecipar um concerto épico e virtuoso. Contando ainda com 2 membros originais, presentes desde o 1º ábum da banda lançado em 1972, a dupla de guitarristas Buck Dharma e Eric Bloom entra em palco dando o mote com The Red & The Black, seguido do seu hit Burnin’ For You de 1981. Contavam ainda com um terceiro guitarrista nestas primeiras músicas Richie Castellano, que esteve também nas teclas mais tarde.

Regressam de novo aos anos setenta com a excelente instrumental Buck’s Boogie, onde todos têm a oportunidade de mostrar a sua mestria e visitam de seguida o 1º álbum “Blue Öyster Cult” com Cities on Flame With Rock and Roll e Then Came The Last Days Of May. Transpareceu bastante a empatia entre a banda e o público, notando-se a presença forte de uma geração um pouco mais velha.

Eric Bloom anuncia de seguida que parece se aproximar algo gigante. Pergunta o que será, respondendo a plateia Godzilla, começando assim com uma das suas músicas mais conhecidas. Mas o marco da carreira da banda vem de seguida com o dedilhado característico na guitarra e o cowbell na bateria a marcar o ritmo, (Don’t Fear) The Reaper incendeia a plateia. Destaque especial para as vocalizações de todos os elementos (à excepção do baterista) nesta música, formando um coro perfeito ao ambiente da música.

Depois do que parece ter sido uma actuação breve, a banda abandonou o palco mas foi informada pela organização que ainda tinham algum tempo disponível. Decidiram fechar com See You In Black de 1998, num registo mais pesado com duplos bombos e um ritmo à la Motorhead.

Concerto que surpreendeu bastante pela positiva, a banda soube mostrar a sua personalidade, e cativar todo o público presente.

No palco “Altar” deram início à sua descarga grindcore os muito aguardados Brutal Truth, irrepreensíveis na execução e energia debitada. Godplayer, Collatelar Dammage e Ill-Neglect foram alguns dos temas que arrasaram a tenda durante cerca de 40 minutos de actuação.

Contando na sua formação com o americano Dan Lilker no baixo (Nuclear Assault, S.O.D., ex-Anthrax), o mesmo reservava ainda uma surpresa para todos os presentes. No mesmo palco, um pouco mais tarde, iria se juntar à formação dos Lock Up, em substituição de Shane Embury, que não pôde comparecer.

No que se pode chamar uma verdadeira constelação de estrelas pisaram o mesmo palco o sueco Tomas Lindberg (At The Gates, ex-The Crown), o inglês Nicholas Barker (ex-Cradle of Filth, ex-Dimmu Borgir) e o chileno Anton Reisenegger (Criminal, Pentagram [Chile]). Debitando um grindcore furioso, com músicas curtas e enérgicas, aproveitaram para divulgar e apresentar o seu último álbum de originais lançado em 2011, escolhendo entre outras Brethren of the Pentagram, Necropolis Transparent e Vomiting Evil.

Visitaram com igual medida os seus dois primeiros álbuns, sendo Triple Six Suck Angels, Submission, After Life In Purgatory e Slaughterous Ways, Castrate The Wreckage, Violent Reprisal algumas das escolhidas.

No final da actuação destaca-se a homenagem ao falecido guitarrista Jesse Pintado (Terrorizer, Napalm Death, Brujeria), que fez parte da formação da banda nos dois primeiros álbuns. Duas covers explosivas de Terrorizer Storm of Stress e a mítica Fear of Napalm, terminando em grande um concerto memorável.

 

Chegava a altura dos Shock Rockers de L.A., os Mötley Crüe. Wild Side deu o mote para um grande espetáculo de Glam Rock/Metal americano. Foi um desenrolar de clássicos tais como Shout at the Devil e Looks That Kill. Com uma assitência rendida, visitaram ainda o seu último álbum de originais com Saints of Los Angeles.

Vince Neil esteve bem na voz, mesmo já não estando no seu auge mostrou que ainda está em forma. A banda teve a presença em quase todas as músicas de duas modelos, que em trajes reduzidos dançavam sensualmente e também cantavam os coros juntamente com Vince.

Nikki Sixx trocou cerca de 6 vezes de instrumento ao longo da actuação, todos de várias cores e feitios, incluindo mesmo um baixo com osso de animal e outro preto com o que parecia ser desenhado a giz “Hellfest France”. Especial destaque para Mick Mars, que apesar da doença que possui e de se notar a idade, até na maneira vagarosa com que se desloca em palco, consegue dar um concerto irrepreensível manejando a guitarra como ninguém.

Um dos momentos especiais do concerto foi quando deu entrada em palco um piano de cauda espelhado e Tommy Lee se sentou para iniciar Home Sweet Home, voltando depois à bateria para terminar a música.

Dr. Feelgood e Girls, Girls, Girls levaram os fãs à loucura, sempre a cantar e a saltar. Nesta última, muitas raparigas aproveitaram para subir às cavalitas e as mais corajosas mostraram os seus dotes à banda. Kickstart My Heart terminou com grande energia os 75 minutos de concerto que passaram a voar.

Não foi possível à Arte Sonora tirar fotografias, sendo que esta foi única banda em todo o festival que não permitiu que fossem tiradas fotos profissionais. Mesmo na assistência perto das grades, os seguranças em alerta não permitiam quando uma máquina mais pro apontava a sua lente para o palco.

Antes do muito aguardado Prince of Darkness, eis que entra em cena um grande nome do Rock n’ Roll, Slash, acompanhado por Myles Kennedy e The Conspirators.

One Last Thrill deu o mote para o espectáculo de uma hora que deu a conhecer vários temas do seu novo álbum, bem como não podia deixar de ser alguns clássicos de Guns N’ Roses.

Slash continua a demonstrar a sua mestria e talento na guitarra, instrumento que parece uma extensão do seu corpo. Para o ajudar a tirar o seu som característico tocou com uma stack de amplificadores Marshall AFD100, o seu novo modelo de assinatura, em que as colunas personalizadas possuem a sua silhueta de cartola num símbolo metalizado [o guitarrista contou tudo sobre estes modelos à AS na edição #16]

Nightrain e Mr. Brownstone a mostrar uma faceta menos conhecida de Guns, embora muito apreciada pelo público. Tocou também Ghost, uma das melhores músicas do seu registo anterior e Slither, que representou no set a sua outra banda Velvet Revolver.

Pela quantidade de público presente via-se que o espectáculo era bastante aguardado pelos fãs que concerteza não saíram defraudados com a prestação do colectivo. Myles Kennedy demonstra ser uma boa aposta pois a sua voz completa na perfeição as belas melodias de Slash.

Houve ainda tempo para Sweet Child O’ Mine e Paradise City tocados e cantados na perfeição. Um final apoteótico para um excelente concerto do mais puro Rock n’ Roll.  

 

Um dos pontos mais fortes do cartaz tinha sido anunciado como a reunião dos gigantes e pioneiros Black Sabbath, o que não se concretizou devido à súbita doença do guitarrista Tony Iommi, diagnosticado no início deste ano com um linfoma. No entanto, o management da banda decidiu manter as datas marcadas sendo  substituídos por Ozzy & Friends.

O concerto teve início com a passagem de um curto vídeo mostrando a vida de Ozzy e as várias fases da sua carreira, desde o 1º álbum de Black Sabbath de 1970 até ao mais recente single Let me Hear You Scream lançado no ano passado, um pequeno teaser do que estaria para vir.

Iniciando com as fabulosas Bark at the Moon e Mr. Crowley, Ozzy transbordava energia, sempre a incentivar a assistência a bater palmas e a cantar. A chuva neste concerto foi implacável desde o início, entrando até ao fundo do palco sem dar tréguas atingindo tudo e todos, amplificadores de guitarra, baterista e teclista com todo o seu equipamento.

Para ajudar à festa e sem meias medidas Ozzy despeja um balde de água por cima da cabeça, completando assim o serviço de ficar encharcado da cabeça aos pés, e aproveita também para mandar umas mangueiradas de espuma nas primeiras filas. De seguida dirigiu-se à plateia dizendo “excuse me but I’m a sick man”, o que podia levar a outras interpretações mas era mesmo para referir que estava constipado e que a sua voz não estava nas melhores condições, algo que não se notou muito quando voltou a cantar.

Uma pequena pausa com um solo de bateria, decerto para os restantes elementos poderem também trocar de roupa e secar um pouco, eis que regressam com os convidados Slash e Geezer Butler no baixo (Black Sabbath) para um momento de puro Doom com Iron Man, War Pigs e a fabulosa N.I.B., tendo Geezer mostrado toda a sua fibra no solo inicial da música.

De seguida outro momento alto quando entra em cena Zakk Wylde para dar início ao riff monumental de Crazy Train, levando a audiência ao rubro. O set foi encurtado em cerca de 30 minutos devido às condições climatéricas, sem antes celebrar o clássico Paranoid, que juntou em palco todos os convidados da noite. Um total de 4 guitarristas em palco foi uma visão magnífica, sendo que Adam Wakeman (normalmente presente nas teclas) e Gus G. também ajudaram à festa.

Uma grande oportunidade para ver um dos ícones da história do Metal, que apesar da chuva intensa se tornou um concerto especial com tantos músicos notáveis juntos a celebrar a música dos Black Sabbath.

Passando ainda pela tenda “Valley” fechavam a noite neste palco os Sunn O))), com a sua sonoridade Drone onde imperam as frequências estranhas, acordes pesados e arrastados. Muito fumo e baixa luz ajudaram a criar a ambiência característica destes americanos, levando a assistência a uma viagem alucinante e hipnótica de cerca de uma hora.

Por Pedro Raimundo

 

No último e terceiro dia de festival,  All Shall Perish sobem ao palco Main Stage 02 pelas 12:50h. Com o novo álbum “This Is Where It End” na bagagem esta banda de contornos death/gring ofereceu-nos um set poderoso com temas como Rebirth, Embrance The Curse, The Past Will Haunt Us Both entre outros temas de álbuns mais antigos.

De seguida Black Label Society pelas 15:05h no Main Stage subia ao palco para tocarem somente 45 minutos. Ainda que com uma postura pouco energética, de warbonnet índio na cabeça – seria efectivamente cedo para grandes descargas de energia do mais famoso “Guitar Hero” da actualidade- a banda tocou temas como Crazy Horse, Funeral Bell, Bleed For Me, Overlord, Parade of the Dead, Fire It Up, Godspeed Hell Bound, Suicide Messiah, Concrete Jungle e Stillborn.

De seguida, pelas 16:45,  e no mesmo palco, Hatebreed, numa combinação de riffs urbanos, vocalizações cavernosas e momentos old-school debitaram decibéis hardcore numa hora de temas chorudos como Never Let It Die, Before Dishonor, Betrayed by Life, As Diehard as They Come, Voice of Contention, To the Threshold, Empty Promises, Perseverance, Defeatist, Behorlder of Justice, Last Breath, Proven, Live for This, I will Be Heard e a Destroy Everything em jeito de despedida. Muito Bom!!

Trivium, pelas 19:40 no Main Stage 02, directamente da Califórnia por pouco mais de uma hora, dedilharam temas com sabor a trash/metal core como  In Waves, Pull Harder on the Strings of Your Martyr, Rain, Black, The Deceived, Dusk Dismantled, Drowned and Torn Asunder, a Gunshot to the Head of Trepidation, Down from the Sky e Throes of Perdition.

Arcturus (também com entrevista na edição em banca da AS), pelas 22:45 num The Temple a rebentar pelas costuras, presenteou-nos com um concerto espetacular, numa hora criativamente desafiadora, imprevisível, visualmente deslumbrante e vocalmente estonteante. Num debitar de temas de contornos negros, esta banda norueguesa brilhou com faixas como Evacuation Code Deciphered, Ad Absurdum, Nightmare Heaven, Deception Genesis, Alone, The Chaos Path, Master of Disguise, Shipwrecked Frontier Pioneer e a Raudt Og Svart. Terrífico! Não pode perder-se a oportunidade de os ver na edição deste ano do Vagos Open Air!

Por Sandra Gonçalves

SETLIST

  • NIKKI SIXX
  • Wild Side
  • Live Wire
  • Too Fast for Love
  • Saints of Los Angeles
  • Shout at the Devil
  • Don’t Go Away Mad (Just Go Away)
  • Same Ol’ Situation (S.O.S.)
  • Looks That Kill
  • Piece of Your Action
  • Smokin’ in the Boys Room
  • Dr. Feelgood
  • Girls, Girls, Girls
  • Home Sweet Home
  • Kickstart My Heart
  •  
  • SLASH
  • Setlist
  • One Last Thrill
  • Nightrain
  • Ghost
  • Standing in the Sun
  • Back From Cali
  • Mr. Brownstone
  • Halo
  • Anastasia
  • Sweet Child O’ Mine
  • You’re a Lie
  • Slither
  • Paradise City
  •  
  • OZZY & Friends
  • Bark at the Moon
  • Mr. Crowley
  • Suicide Solution
  • Shot in the Dark
  • Iron Man
  • War Pigs
  • N.I.B.
  • Crazy Train
  • Encore:
  • Paranoid