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IDLES, Ideias de Fúria & Fogo

IDLES, Ideias de Fúria & Fogo

2018-11-27, Lisboa Ao Vivo, Lisboa
António Maurício
Inês Barrau
9
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  • 10

A banda inglesa lotou o Lisboa ao Vivo e distribuiu consciência social disruptiva proveniente do século XXI.

Quais os factores que contribuíram para a ascensão dos IDLES até ao ponto de terem um concerto esgotado no Lisboa ao Vivo? A contextualização cultural é um deles. A banda punk (o género mais próximo da sua sonoridade, embora o tenham rejeitado em entrevista à Arte Sonora), defende e carrega nas costas ideais de grande importância do século XXI: direitos e necessidades dos imigrantes, liberdade na orientação sexual, união entre etnias, rejeição da hiper-masculinidade, etc. A moderna consciência social alinhada com destructivas e energéticas faixas carregada de humor deram asas a uma lufada de ar no horizonte punk.

Com o recente “Joy as an Act of Resistance”, álbum editado em Agosto de 2018, o conjunto de Inglaterra abriu o concerto em Lisboa com “Colossus”, a inquietante faixa de abertura do álbum que se desenvolve num crescendo de intensidade. Ao vivo, era possível sentir a ansiedade pelo drop. As duas guitarras, o baixo e a bateria começaram a caminhar em passos lentos, até ao momento de loucura em alta-velocidade que marcaria presença até ao segundo final. Em seguida, “Mother”, foi razão instantânea de crowd-surfing, apoiada pela voz áspera e autoritária de Joe, que comandava as tropas e cortava com emoção todo o leque instrumental. “Scum”, mantém o ritmo rápido, mas conta com guitarras mais controladas. E o lançamento de “Danny Nedelko” apresentou um bonito coro entre banda e público, resultado da catchyness presente na melodia do refrão.

O guitarrista Mark Bowen continua tão louco em palco como da última vez que o vimos (review no NOS Primavera Sound 18′). Sem t-shirt desde início e irrequieto, a dançar como se não houvesse amanhã, a tocar guitarra de quase todas as formas possíveis, em presença no meio (de microfone ou guitarra na mão) ou em cima (crowd-surfing) do público e a apoiar vocalmente com ad libs. Mas o baterista também merece destaque pelo trabalho exímio com percussões fortes e constantemente velozes, tal como aconteceu em “1049 Gotho”, onde foi possível visualizar a dificuldade de execução na cara de Jon Beavis – revelava sofrimento misturado com o prazer de conseguir desempenhar a função com excelência.

Ten points to Gryffindor!

A plateia acompanhou religiosamente a performance do início ao fim, desde os constantes mosh na linha da frente até aos cânticos sincronizados em “Great”, “White Privilege” ou “Gram Rock”, faixa que inclui o hilariante verso «Ten points to Gryffindor!» repetido seis vezes no final e um excelente trabalho de guitarras que, por si só, fazem um refrão. A interacção foi sempre dinâmica, com piadas, histórias, os agradecimentos obrigatórios ao público e uma conversa especial com um membro da plateia que se auto-intitulou como António Costa. Só nós é que percebemos esta piada, desculpem IDLES.

Na recta final, foram convidadas várias raparigas ao palco para um sessão de improvisação caótica sobre “Exeter”, e depois, em modo de despedida, outra improvisação, desta vez só com a banda e com uma sonoridade drone cheia de camadas de som. O concerto, se perdoam a redundância, passou a correr, mas as memórias e as mensagens sociais transmitidas ficam para sempre!

SETLIST

  • Colossus
    Never Fight A Man With A Perm
    Mother
    Faith in The City
    I’m Scum
    Danny Nedelko
    Divide & Conquer
    1049 Gotho
    Samaritans
    Television
    Great
    Love Song
    White Privilege
    Gram Rock
    Benzocaine
    Exeter
    Cry To Me
    Well Done
    Rottweiler