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Jeff Beck

Emotion & Commotion

Warner Music, 2010-03-10

EM LOOP
  • Hammerhead
  • Over The Rainbow
  • Nessum Dorma
Nero

“Emotion & Commotion é o álbum onde o lendário guitarrista consegue ser mais consensual, ficando apenas atrás do prodigioso “Blow By Blow”.

Jeff Beck passou anos a fio a ser ostracizado por um mercado ávido de imediatismo nas canções e pouco tolerante a experimentação essencialmente instrumental. Aquele síndrome do Frank Zappa. De mil gajos que curtem Satriani (nada contra), 20 têm um álbum de Zappa ou, neste caso de Jeff Beck.

O guitarrista lança, neste trabalho, um aglomerado de grandes clássicos, como “Over The Rainbow”, “Lilac Wine” [com a voz de Imelda May], “Nessum Dorma” [sim, a ária de Puccini!] ou “I Put A Spell On You”, cantado por Joss Stone, tal como o tema em que a jovem prodígio do soul britânico assina como autora, “There’s No Other Me”. Talvez por isso, com uma orquestra de 64 peças como cama sonora em vários destes momentos, “Emotion & Commotion” valeu a entrada mais alta de sempre de Beck nos tops de vendas.

A questão é que o génio de Jeff Beck dissipa qualquer polémica ou dúvidas de integridade artística. Acreditem: este álbum talvez seja menos excêntrico na exploração sonora promovida pelo músico, mas mantém um vigor criativo irresistível – a mais-valia que fez do britânico uma lenda, um poster no quarto de qualquer guitarrista que se preze.

Ouçam os clássicos, o tratamento que o guitarrista lhes dá, e experimentem os temas inéditos como “Hammerhead” – que parece tirado de um álbum de Mahavishnu Orchestra – para perceber porque se usa nesta descrição o termo génio. Sempre surpreendente, imprevisível, versátil e, neste álbum, sempre emocionante.

A extravagância é um direito de reis, contudo quando estes falam ao coração do povo a comunhão enriquece o reino. Não leva nota máxima porque essa está reservada ao álbum que lhe deu a coroa, “Blow By Blow”. Valeu a pena o maior hiato entre álbuns de estúdio que o guitarrista teve na carreira.

A título de curiosidade, o percussionista que encontramos nos créditos do álbum é Luís Jardim. Natural, se pensarmos que o produtor executivo do álbum é Trevor Horn.