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Joe Bonamassa

Dust Bowl

J&R Adventures, 2011-03-22

Nero

“Slow Train” move-se logo na abertura deste “Dust Bowl” numa cadência arrasadora, um verdadeiro meltdown de guitarra. Pode argumentar-se que por recorrer a uma distorção muito mais carregada que Bonamassa não faz blues puro, contudo não se pode negar o poder que acrescenta aos seus discos. E este álbum é uma verdadeira locomotiva, pesadona e sem pressas.

Entre os dois novos talentos a emergirem de guitarra às costas e a reabilitarem o blues driven sound, se o John Mayer, nos registos em estúdio, acedeu a suavizar o seu som e fazer chegar a guitarra eléctrica a um maior número de público, Joe Bonamassa é quase como o irmão rufia, a ovelha negra. Não faz qualquer compromisso nesse sentido. E nesse campo conta com o auxílio dum nome como Kevin Shirley numa produção com um som enorme – ouça-se como referência a faixa título e como o som de guitarra envolve a bateria de Anton Fig e o baixo de Carmine Rojas, cujos perfis dão aquela classe fato e gravata ao som mais “puxado” das guitarras de Bonamassa.

Esta última sensação é exemplar num tema como “Meaning Of The Blues”, cujos solos parecem querer explicar o próprio título do tema. Ainda assim, é certo, este não é um álbum puro do género, afinal Bonamassa não hesita em experimentar além do cânone, como sucede no tratamento sonoro dado ao banjo em “Black Lung Heartache” e ao corpo quase stoner que dá ao mesmo tema. Se não vos der para fazerem suar a aparelhagem neste tema, passa-se algo de errado convosco!

O tradicionalismo surge logo a seguir em “You Better Watch Yourself”, onde o guitarrista mostra a sua devoção a um nome como Stevie Ray Vaughan. Depois o charme volta a surgir em “The Last Matador Of Bayonne”, com linhas de trompete irresistíveis de Tony Cedra [Paul Simon, Miriam Makeba]. É difícil encontrar defeitos nesta disco colossal, diria que é perfeito para um amante de guitarra, mas que poderá ser considerado fastidioso para quem não consegue conceber 63 minutos de rock clássico, carregado de solos de 6 cordas. A nota que recebe é de quem ama a guitarra eléctrica.