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Judas Priest, Um Grito de Vingança

Judas Priest, Um Grito de Vingança

2018-07-02, Altice Arena, Lisboa
Nero
Paulo Maninha
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Halford continua com todos os prazos de validade, Andy Sneap está a injectar nova vida no som dos Judas Priest e Glen Tipton subiu a palco no encore. Os pioneiros do heavy metal reconciliaram-se com Lisboa.

Pela primeira vez em Portugal, Ozzy Osbourne fez questão de dar um dos melhores concertos que já passaram pela Altice Arena. Sobre isso podem ler tudo AQUI. Mas houve muito mais a acontecer para os fãs do heavy metal que ali se reuniram, afinal não é coisa pouca poder assistir a um concerto de Judas Priest no mesmo cartaz e com um tempo de actuação quase tão extenso como o headliner.

As expectativas poderiam não ser as maiores, muito por culpa de uma infame noite de Março. Há quase 10 anos, junto dos Testament e Megadeth, os Judas Priest proporcionaram uma experiência em que correu tudo mal e que deixou cicatrizes bem marcadas na memória do povo rocker. Aliás, o resíduo dessa noite terá feito com que, em 2011, poucos tivessem regressado ao, na altura, Pavilhão Atlântico para o que se promovia como a última digressão dos Judas Priest. O certo é que, no passado dia 02 de Julho, os Judas Priest limparam essa imagem de forma categórica.

PODER DE FOGO

Os britânicos subiram a palco com “Firepower”, tema-título do álbum acabado de editar, que apenas exibiram em mais dois momentos. Havia contas a saldar e os Priest enobreceram a setlist com a ferocidade de clássicos como “Grinder”, “The Ripper”, “Bloodstone”, “Turbo Lover”, “You’ve Got Another Thing Comin’” ou “Painkiller”. Temas que brilham de outra forma, pois não terão sido pensados para os efeitos da idade na voz Rob Halford, como sucede com os mais recentes. O que, todavia, parece ser uma falsa questão, pois ainda que com alguns condicionalismos e apesar dos seus 66 anos de idade, Halford continua a emprestar a estridência agressiva necessária à velocidade e crueza que se exige ao som de Priest. Não faltam exemplos de vocalistas bem mais jovens e bem menos capazes de corresponder ao vivo aos registos de estúdio.

Scott Travis acabou por ser o elo mais fraco, numa actuação em que passou mais uma vez a ideia de ser um baterista algo inconsistente – principalmente no duplo bombo e insistindo nos malabarismos com as baquetas que nem sempre lhe saem de forma exímia e se reflectem no groove da sua batida, perturbando-o. Nas guitarras de Andy Sneap e Richie Faulkner faltará a energia visceral que se confrontava nas harmonias e duelos de solos de Glen Tipton e do retirado K. K. Downing, mas devemos tomar em consideração que Andy Sneap só nesta tour entrou para a banda (Tipton continua em estúdio) e o entrosamento não surge do dia para a noite. E, na verdade, Sneap provou porque motivo é um autêntico globetrotter no que respeita ao heavy metal: mais afamado como produtor, a sua técnica de guitarra soou dinâmica, carregada de vivacidade e procurando respeitar a linguagem histórica da banda.

METAL GODS

O final do concerto trouxe a surpresa de ver Tipton em palco. O músico, diagnosticado com Doença de Parkinson, esteve presente no encore, tocando dois dos maiores clássicos da banda e do heavy metal, “Metal Gods” e “Breaking The Law”. Terminando aí o concerto. Pela nossa parte, podiam ter continuado em “British Steel”, com “Living After Midnight”, e quiçá mandar abaixo um malhão como “The Sentinel” ou “Screaming For Vengeance”.

Fica para a próxima, afinal desta vez os Judas Priest despediram-se deixando a sensação de que ninguém se importaria de ouvir mais um par de temas.

SETLIST

  • Firepower
    Grinder
    Sinner
    The Ripper
    Lightning Strike
    Bloodstone
    Turbo Lover
    Rising From Ruins
    Freewheel Burning
    You’ve Got Another Thing Comin’
    Hell Bent for Leather
    Painkiller
    Metal Gods
    Breaking the Law