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Kindness

2011-11-30, Lux, Lisboa
Nero

Na perspectiva do público, à esquerda do palco está uma Tama Starclassic à qual se junta um Roland SPD-20. Isso faz pressupor a mistura entre o som acústico e o electrónico. Essa sensação aumenta quando vemos uma stack Ampeg por trás de um Roland G-77. Só o rig de guitarra, Strat vs. Fender Twin, aparenta uma tonalidade mais old school.

A partir do momento que ouvimos “Cyan”, o músculo com que está o som [o melhor som que já experienciei no Lux], e a exuberância de prestação da banda ficamos rendidos. Acústico ou electrónico, o som de Kindness é acima de tudo orgânico. Esteticamente é como se a pop dos Duran Duran e o funk de Morris Day & The Time se juntasse e essa explosão criasse um efeito de “atitude” no som. Essa sensação é ampliada logo no segundo tema, “Doingsong”, onde assistimos plenos de espanto a uma prestação em slap bass do baixista Matt Avery e à explosividade na bateria de Paulie PCM – o swing, força de batida e groove deste… é algo inexplicável. “Swinging Party” traz alguma suavidade à actuação e depois “Bombastic” é iniciado em acapella, com o entusiasmo na actuação Adam Bainbridge demora um pouco a situar-se na entoação harmonizada das vozes após a entrada dos instrumentos.

A actuação será pequena, sabe-se. Mas através da forma divertida e descomplexada como a banda se mostra, parece ainda mais pequena. “Gee Up” é mais um mar de influências. Entre o Motown, o funk e o 80’s beat, os Kindness aproximam-se perigosamente de Culture Club, mas o soul que percorre os temas nunca nos deixa ter a sensação de um vazio de substância. “That’s Alright” é cantado apenas pelas duas moças do coro, não foi possível fixar o nome de duas belas cantoras (reforçando o termo belas…) – quem vê caras não vê corações e quem vê pernas não ouve nomes. “That’s Alright” afinal. “House” é o tema mais familiar entre a audiência que o canta timidamente. E a terminar são desafiados os DJs que estão na programação para fazerem “Gabriel” com a banda e iniciar a ponte para o set que se seguirá ao concerto. Nenhum responde. Isso significa que o tema se torna numa enorme jam session até ao final.

Não há encore. Somos deixados com a sensação que Kindness poderia ter sido o concerto do ano, mas que a banda optou apenas por divertir-se.

[Não foi possível fazer fotos do concerto]