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Kvelertak, A Simplicidade do Poder Totémico

Kvelertak, A Simplicidade do Poder Totémico

2018-02-01, Altice Arena, Lisboa
Nero
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A rockalhada que se esperava, na estreia da banda em Portugal.

Kvelertak (Kuh-vell-er-tack) é uma banda da Noruega que toca música rock. É desta forma simples que a banda se apresenta no seu website oficial. E o rock dos noruegueses é também simples, como é epítome do bom rock. O que não é simples é tentar compreender como esta banda ainda nunca tinha visitado o nosso país. Terá que ver com a relação cachet/público, se tomarmos em consideração os boatos de que chegaram a ser sondados para edições anteriores do VOA e do Reverence e que, no concerto de Metallica a maioria do público começou por ser borrifar completamente para a banda.

A maioria das bandas talvez acusasse tal desprezo, os noruegueses lutaram contra isso e progressivamente, com a simplicidade do seu rock, foram provocando uma reacção de entusiasmo crescente junto de quem ali foi se deslocou para ver os headliners. Há que dizer, no entanto, que os Kvelertak trabalharam mais para os ignotos dos seus três álbuns, do que para a minoria que estaria ali propositadamente para os ver, enfim, no nosso país. Isto porque a setlist foi especialmente dedicada aos seus temas mais quadrados e mesmo estes foram executados numa toada mais lenta, mais directa e menos agressiva.

O black n’ roll dos noruegueses, mesmo com a agressividade moderada, foi capaz de conquistar progressivamente a plateia

Ou seja, as nuances black metal e punk foram removidas do seu som, por vezes referenciado por black n’ roll, e muitos dos pormenores instrumentais das canções foram arredondados, até se considerarmos que os noruegueses subiram a palco com Vidar Landa, Bjarte Lunde Rolland e Maciek Ofstad – a sua infame tríade de guitarras eléctricas.  Essa opção teve reflexo na própria setlist, para a qual o seu álbum mais complexo, “Nattesferd” (2016), apenas contribuiu com os temas “1985” e “Berserk”.

Com um grande concerto, os Kvelertak “aqueceram”, efectivamente, a Altice Arena. Recorrendo até a truques simples, como a subida a palco do vocalista Erlend Hjelvik com a máscara totémica da coruja ou a agitação da enorme bandeira, já na despedida com o tema homónimo do álbum de estreia, “Kvelertak”, que significa algo como estrangulamento. Nem de propósito, a forma como o som esteve sempre estrangulado e, principalmente, com o volume tão reduzido, foi o ponto negativo do concerto. Um disparate ainda haver esta prática para diferenciar warm-up de headliners…

SETLIST

  • Åpenbaring
    Bruane Brenn
    Mjød
    1985
    Berserkr
    Evig Vandrar
    Ulvetid
    Blodtørst
    Månelyst
    Kvelertak