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Massive Attack em piloto automático

Massive Attack em piloto automático

2014-07-17, Herdade do Cabeço da Flauta, Meco
Nero
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O “activismo” político dos Massive Attack seria algo considerável se, nas mensagens que pontuam os projectores, nele houvesse referências às Falklands. Felizmente, na reportagem a concertos não cabe discussão diplomática.

Há uma verdade que não dá para esconder nos Massive Attack.  É que existe  um decréscimo de criatividade, comprovado até pela escassez discográfica (2 discos em 10 anos), e com o mesmo formato de concerto que Portugal viu nas últimas três passagens da banda no seu território. Mas há fórmulas que sobrevivem à repetição. Isso, até nos próprios discos em si, os Massive Attack sempre conseguiram provar. Os contrastes de graves com as explosões de guitarras (“Safe From Harm”) ou as intervenções monocromáticas de Del Naja e Daddy G com os vários vocalistas convidados. Durante o concerto, contudo, nota-se que há fórmulas que resistem mais, quando se ouve “Teardrop”, depois de uma vida a ouvir “Mezzanine”, que parece extremamente distante, é que se percebe que há canções inesquecíveis.

Martina Topley-Bird transmite mais calor e humanidade ao tema, em contraste com a perfeição glaciar e angelical de Liz Phraser. E por falar em angelical, “Angel” completa o núcleo do concerto. Quando o tema explode no refrão, percebemos o quão alto está o som. Ninguém nos tira da ideia que, ao surgir em “Girl I Love You”, Horace Andy é o rei do cool. E que, entretanto, se tornou o coração carismático da banda. A voz de Deborah Miller é o resultado de algum ritual voodoo que visou congregar os timbres vocais das divas da soul.  Angelo Bruschini para, não variar também, promoveu o desfile de “alta costura”. Gretsch Custom Shop, Strat Custom Shop ’69, Tele ’52, também Fender Custom Shop, PRS Private Stock… um patife!

Tricky irá regressar para trabalhar no novo álbum, está mais que na hora.

Foto: Pedro Mendonça