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NOS Alive: Uma imensidão de amor para Robert Plant

2016-07-07, Passeio Marítimo de Algés
Pedro Miranda
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O primeiro grande artista a pisar o palco do NOS Alive deu um concerto digno de seu nome.

Depois de uma primeira tarde de NOS Alive empenhada em exibir novos talentos (em particular, uma visita ao live set de Xinobi proporcionara uma excelente oportunidade de conhecer alguns dos mais activos artistas nacionais, como Ana Miró aka Sequin ou Óscar Silva aka Jibóia), a tímida passagem à noite prenunciava uma viragem de tendências para o Passeio Marítimo de Algés. Foi da nostalgia, afinal que viveu a oferta deste primeiro dia, e o primeiro a conjurá-la não poderia deixar de ser o mais idolatrado.

Anunciado pelos seus Sensational Space Shifters – que se revelaram tão eficientes trava-línguas quanto no acompanhamento rítmico-melódico – Robert Plant tomou o palco como senhor, ciente de ter a plateia na mão tocasse o que tocasse. Não obteria, é claro, maior reacção do lado de cá que quando vasculhava pelo baú de Led Zeppelin, mas o que lhe valia em familiaridade jogava contra ele na execução, principalmente quando se esticava para alcançar as notas que a voz já não permitia, ou se resolvia a mexer em riffs tão enraizados na cultura popular quanto os de “Black Dog” ou “Whole Lotta Love”. Por mais que se tentasse evitar, não havia grande volta a dar: por vezes, a vozinha que repetia «Estes não são mesmo os Led Zeppelin» falava mais alto. E nem é suposto serem…

Mas longe de se resumir à sombra do que um dia foi, Plant encontrou redenção (e com justiça) nas possibilidades que a carreira a solo lhe proporcionava: diversificava a sua sonoridade, com uns toques de world music, trazendo instrumentos de origem africana ao barulho como um riti ou nyanyeru, chamando Liam “Skin” Tyson para dar um banho de guitarra acústica à imensidão que o assistia. Dava, numa palavra, expressão à maturidade que os anos de estrada lhe granjearam. E, ao fazê-lo, justificava a ideia de se querer ver Robert Plant e o seu bodhrán em 2016 por mais que uma mão cheia de memórias, por muito boas que elas sejam.

É claro que tocou os êxitos da carreira com a sua banda, e com eles fez delirar: “Daze And Confused”, “Black Dog”, “Whole Lotta Love”, e um encerramento brilhante com “Rock And Roll”. E para alguns fãs, isso chegou. Mas nunca seria a mesma coisa sem o excelente trabalho a solo que exibiu para o justificar.

SETLIST

  • The Lemon Song
    Rainbow
    Black Dog
    Turn It Up
    Poor Howard
    No Place to Go / Dazed and Confused
    Babe, I’m Gonna Leave You
    Little Maggie
    Fixin’ to Die
    I Just Want to Make Love to You / Whole Lotta Love / Mona
  • Rock And Roll