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Yo La Tengo, Um Por Todos e Todos Por Um

Yo La Tengo, Um Por Todos e Todos Por Um

2018-07-13, Passeio Marítimo de Algés, NOS Alive
António Maurício
Inês Barrau
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Trabalho em equipa e versatilidade num concerto que exigia pujança do início ao fim.

A entrada dos Yo La Tengo foi feita com uma melodia de guitarra, em loop hipnotizante, por James McNew, que estendeu a passadeira para a bateria de Georgia Hubly e o sintetizador de Ira Kaplan. Todavia, ao longo do concerto, os elementos da banda foram trocando de posições e deveres.

James também segurou um baixo, Ira encontrou-se com uma guitarra e Georgia largou as baquetas e deu uso aos dedos no sintetizador em “Ashes”. Todo o set dos Yo La Tengo foi marcado por estas rotações de instrumentos, tal como de ritmos. Tão depressa ouvimos músicas serenas com toques dream pop onde Georgia assumia o microfone, como faixas mais dançáveis, sustentadas por notas alegres (exponenciais – grave para agudo) no sintetizador, distribuídas por Ira.

O público respondeu com maior entusiasmo às dançáveis, da mesma maneira que aclamou a secção mais psicadélica em “Pass The Hatchet I Think I’m Goodkind”. Por coincidência no planeamento da setlist ou por decisão instintiva, os últimos momentos continuaram a seguir este caminho instrumental mais “festivaleiro”, aumentado progressivamente o agrado dos presentes.

Dinâmica talvez seja a palavra-chave deste concerto. Dinâmica e trabalho de equipa, através da continua rotação de instrumentos pelos três elementos. Ao contrário da “normalidade” de um concerto, não existiu elemento fixo nas vozes – apesar de Ira assumir a maior percentagem (e essencialmente, por essa mesma razão, aparentar ser a figura principal), todos os elementos passaram sistematicamente pelo microfone. Cada mudança empregava um estilo diferente, mas o público exigiu mais pujança e potência.

Apesar da extensa discografia dos Yo La Tengo é sempre arriscado (e difícil) apresentar versatilidade.